Não há mais o que dizer do quadro nacional. O poço parece não ter fundo. Quando pensamos estar chegando lá, verifica-se que o buraco é mais embaixo. Na Comissão do Impeachment, as gladiadoras Gleisi e Vanessa, já um pouco queimadas por denúncias que coincidentemente envolvem seus maridos, talvez sintam-se sem uma base mais sólida, como outrora, para criticar os partidos que acolheram o impedimento de sua amiga, a presidente-afastada Dilma Roussef. No dos outros é refresco. Passam agora pela agonia que muitos parlamentares estão vivendo.
O Brasil está mesmo tumultuado. Durante mais de 12 horas, tentei acompanhar a tal Comissão. Perguntas repetitivas, acusações do mesmo jeito e um advogado de defesa que, apesar de possuir grande cultura jurídica curricular, como dizem, parece não conseguir colocá-la em prática. Apanha o tempo todo, ou produz tédio por falta de argumentações convincentes. E até um seu assessor teria sido flagrado “pescando”, de sono. O resto é sofisma.
Na outra ponta, o Supremo acende suas fogueiras de vaidades e decide por unanimidade o que, sabe-se lá o que, passa pela cabeça dos seus membros. Essa decisão sobre o Capitão Bolsonaro tem sido muito questionada. Afinal, parlamentares chamam de golpe o tempo todo o que acontece no país, e a única coisa que se tem notícia para encerrar essas acusações foi um solicitação de esclarecimento determinada pelo STF à Presidente-afastada sobre suas acusações do que é “golpe”, que não surtiu lá o efeito que se esperava. Ao chamar de golpe, desrespeitam o próprio Supremo e a Constituição. É a democracia, dizem alguns. Outros dizem que não há democracia. E até dizem que a invasão da casa de uma parlamentar foi indevida, como se o marido tivesse foro privilegiado.
Realmente, está uma doideira. As vezes algumas piadas espontâneas surgem. O senador Lindbergh, apenas um destrambelhado, não passa segurança no que fala, pensa que ainda é líder estudantil. Fátima Bezerra, bate na mesma tecla. Não há crimes. Bem, ainda que não se configure crime, crime mesmo, só o conjunto da obra, por si só, justifica as ações do parlamento, embora se esteja julgando “apenas”, como dizem alguns, quatro decretos “legais”, e defendem uma contabilidade fantasiosa e diferente do que prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Enquanto isso, a economia continua quase do mesmo jeito, apenas com alguma sinalização de mercado, muito mais em função do que o mundo diz. A crise na Europa com o Reino Unido saindo a UE, vai propiciar mais confusão. O jornalista Joelmir Beting tinha razão quando dizia:“Em economia, é fácil explicar o passado. Mais fácil ainda é predizer o futuro. Difícil é entender o presente.” E é exatamente o que estamos passando.
Ainda se não bastassem os problemas da Eletrobrás, Eletronuclear, além dos Fundos, que parecem já não ter tantos fundos assim, pelos direcionamento de suas aplicações para instituições hoje com futuro comprometido, aparece mais uma aproveitadora de recursos do Estado, a Oi. Que coisa! e sempre tem alguém do Lula envolvido. A sociedade precisa ter logo uma resposta da Lava-Jato, sobre o ex-presidente. E também sobre parlamentares de proa, acusados de recepcionarem generosos ‘pixulecos’. Investigações demoram mesmo, mas a ansiedade é geral para uma solução mais acelerada. E nem se fala nas maiores empreiteiras do país, detentoras de alta tecnologia, e valorosos contratos, integradas ao contexto internacional, hoje ameaçadas de desconstrução dos seus objetivos, algumas, com reconhecida tradição no mercado. E tudo, por morderem a isca do Governo, com seus larápios; ou vice-versa.
E agora, com a saída do Reino Unido da União Europeia, o mundo poderá ficar mais conturbado. Na verdade, as pressões internas para evitar o ingresso da Grã-Bretanha na UE sempre foram muito intensas. E quase não seria o nono membro. Entrou, protegeu sua moeda e economia, e agora está saindo, apoiado por uma pequeníssima maioria que votou pela saída. A diferença foi pouquíssima, mas poderá contagiar outros países membros da comunidade. A própria Marine Le Pen, em entrevista realizada na terça-feira, teria garantido que se for eleita Presidente da França, nas eleições do próximo ano, em seis meses convocará os franceses para referendar a ligação da França com a União Europeia. Le Pen, uma conservadora e líder dos eurocéticos franceses da Frente Nacional, ganhou um grande impulso com o referendo do Reino Unido, e agora, muito mais.
Colocando-se essa turma num liquidificador, e excluindo temperos amargos como EI, Rebeldes Sírios, Coréia do Norte com seu belicoso Presidente, e juntando-se novos países europeus interessados em abandonar a comunidade, penso que o mundo ficará muito mais conturbado, com economias protecionistas, etc. Onde vamos parar? Para onde vai o mundo? Para onde vais Brasil? E nem falei no Trump.***