A grande ressaca

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Recentemente grandes ressacas têm ocorrido nas praias cariocas. Em alguns lugares com mais intensidade, chegando a causar prejuízos gravíssimos por envolver seres humanos que perderam suas vidas quando praticavam o prazer de uma corrida ou caminhada, nem diria pedaladas, a palavra da moda.

O certo é que uma ciclovia, construída no Rio de Janeiro, a capital das Olimpíadas 2016, não teve a análise técnica de engenheiros que tinham a obrigação de projetar possíveis problemas. Cuidado com a ressaca? Ninguém falou isso no ouvido do(s) engenheiro(s). E eles não tiveram o “insight” sobre as possíveis consequências de um avanço perigoso do mar atlântico.

As ressacas são provocadas por tempestades no mar, dizem especialistas. Esse movimento das águas não respeitam a natureza pois são a própria. Invadem ambientes, e depois retornam às suas origens.

E no final do dia, admirados, comentamos: mas que ressaca ontem! Você viu?

Mas a outra ressaca, a que nos envolve diretamente com nós mesmos, é a do dia seguinte, depois de uma alegre noite, de inspirações, narrativas, amores, acompanhados de bons vinhos, drinks, cervejinhas, Jack Daniels (em doses cowboy), etc. Todos presentes para secar as garrafas, solidariedade dos bons amigos, e amigas, claro. Até a saideira, que sempre se repete várias vezes em alguns grupos.

No dia seguinte, a célebre promessa: “nunca mais eu bebo”. “Não aguento essa ressaca, e nem a azeitona (coitadinha, a que leva a culpa), que me faz jogar pra fora tudo o que consumi ontem à noite, principalmente com os importados, num momento em que o Real está mais desvalorizado do que os políticos de hoje.” E isso, no começo da sobriedade, também dói.

Porém, como diz uma querida amiga: “a ressaca tem triplo sentido. Do cansaço, do descaso todo e da depressão (no sentido econômico). ” Verdade.

Diariamente, as mesmas coisas que vemos na mídia, nos tribunais superiores, no parlamento e no executivo. Fogueiras das vaidades. Cada um querendo mostrar mais conhecimentos do que outros. Prolixidade, agressões veladas ou ostensivas, e em alguns lugares, em momentos, parecem salas escolares. Não as escolas de nível superior, as do ensino fundamental mesmo. Como se não discutissem o futuro da nação. A redundância e sofismas dominam algumas manifestações. Repetem as mesmas coisas, seguindo a regra de que “água mole em pedra dura tanto bate, até que fura. ”

A audiência é grande, mas passadas horas, as bocas vão se abrindo pelo cansaço dos que falam e dos que veem.

Nos próximos dias teremos muitas e as sempre repetidas manifestações. Questões de ordem, contraditas, acusações, defesas, murmurinhos, caras de mau, destemperos, desesperos, serenidade, e, quem sabe, muitas mentiras. Ou, sabemos, serão dias de tensão que já não mais aguentamos.

O resultado será no dia seguinte às votações da primeira fase pela Comissão do Impeachment (estrangeirismo besta. Impedimento dói do mesmo jeito e é brasileiro). E ressaca também.

Teremos então a primeira grande ressaca, mas não culparemos a azeitona e nem os engenheiros da ciclovia. É a ressaca da presença constante nos acontecimentos que marcarão o futuro da nação. ***

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