Que o tempo passa para todo mundo, isso ninguém nega. Que os procedimentos dermatológicos evoluíram, ajudando médicos a reverter os sinais cutâneos do tempo e agraciando seus pacientes com um aspecto jovial, isso também ninguém desmente. Contudo, pele é pele, colágeno é colágeno, fibras elásticas são fibras elásticas em todo o corpo, inclusive… na região genital! Então, o que fazer quando os sinais no tempo atingem essa parte do corpo?
Pois bem, vamos aos fatos científicos. Como já abordei há alguns meses, o envelhecimento cutâneo é o resultado final da combinação entre dois fatores: os intrínsecos (como a tendência genética de cada um e os hormônios, por exemplo) e os extrínsecos (por exemplo, a exposição solar, tabagismo, estresse físico e emocional e alimentação).
Envelhecimento
Falando em envelhecimento genital, o componente hormonal intrínseco é parte predominante no processo, haja vista que o decréscimo a níveis quase irrisórios do estrógeno, progesterona e testosterona não só impactam na libido feminina, mas, também, na saúde da pele e mucosa genitais. Daí, os sinais do envelhecimento já conhecidos na pele de outras partes do corpo, como a flacidez e o enrugamento, surgem e incomodam algumas mulheres, ás vezes, podendo desencadear limitações emocionais à vida sexual.
No climatério (período imediatamente pré menopausa) e na menopausa, os ginecologistas indicam a reposição hormonal para a abordagem da libido sexual, bem como dos sinais e sintomas deletérios do envelhecimento feminino, com importante atenção à osteoporose para diminuir o risco das fraturas ósseas. Mas, e o impacto inestético na região genital, dado pelo processo de envelhecimento? Bom, nesse caso, a reposição hormonal pode até ajudar, mas, dificilmente consegue impedir totalmente o envelhecimento da área, bem como reverter os sinais do tempo já estabelecidos. Aí, entram os dermatologistas.
Recentemente, a dermatologia estética tem extrapolado os benefícios de seus procedimentos, já consagrados à pele facial, para a região genital. Congressos nacionais e internacionais de dermatologia já têm explorado esse assunto comumente e sem tabus. Com isso, os médicos já vêm indicando às suas pacientes tratamentos estéticos para essa região do corpo, por muito tempo negligenciada.
Procedimentos existentes
Nesse cenário, lasers têm sido desenvolvidos para serem aplicados dentro da mucosa genital, atingindo planos mais profundos da parede vaginal, produzindo colágeno e melhorando o tônus do órgão. Outros, como é o caso do laser fracionado de erbium ou CO2, já utilizados na face, podem ser aplicados à pele externa nos grandes lábios, melhorando a aparência e textura da pele.
Ainda falando em grandes lábios, quando eles perdem o volume em decorrência do efeito temporal do envelhecimento, alguns médicos injetam ácido — sim, aquele mesmo injetado nos lábios e no “bigode chinês”— a fiz de restaurar o seu volume perdido. No caso de manchas escuras nas virilhas, por exemplo, produtos cosméticos despigmentantes pouco abrasivos, de uso domiciliar e noturno, prescritos sob orientação do dermatologista, associados a terapias luminosas, como a luz pulsada, bem como os peelings, podem ser artifícios interessantes nas mãos de dermatologistas experientes.
E os homens?
Bom, mas o assunto interessa só ao público feminino? Não! Recente, nos EUA, um cirurgião plástico relatou que indica a aplicação da toxina botulínica na pele do escroto de seus pacientes, relaxando o músculo ali existente. Assim, a pele escrotal ficaria mais lisa, “com aparência mais jovem” e o escroto de aspecto mais alongado. Contudo, a crítica que se faz a essa aplicação é a de que o escroto enrugado é necessário para deixar os testículos em temperatura ideal para a espermatogênese; essa técnica, portanto, poderia aumentar as chances de esterilidade masculina… Bom, particularmente, para mim, essa técnica está ainda longe de ser consagrada, pois faltam estudos clínicos de longo tempo de observação para garantir que é segura.
Enfim, para quem acha que o tempo não foi tolerante para a região genital, pode haver uma luz no fim do túnel. Mas, devemos ter em mente que algumas técnicas mencionadas podem ser recentes, sem indicação absoluta por parte dos fabricantes dos produtos usados ou não registradas como tal nas agências regulatórias brasileiras. Cabe, então, uma boa relação médico-paciente a fim de se estabelecerem os riscos e benefícios de cada uma delas, bem como avaliar se se aplicam para o caso específico de um dado paciente, para, assim, instituir-se um plano terapêutico. Fica a dica.
Fonte: Dermatologista Adilson Costa