A menina Emanuela Bassi, ou Manu, de 10 anos, que ajudou o Corpo de Bombeiros a salvar três surdos depois de um acidente em Tatuí (SP), aprendeu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) aos 3 anos de idade na igreja que a família frequenta, conta a mãe dela, Carina Bassi. “A Manu começou a frequentar as aulas de Libras comigo. Pouco tempo depois o Lúcio [marido de Carina] fez parte de nossas vidas”, conta.
O padrasto, Lúcio Vicente Menk, foi uma das vítimas que tiveram ajuda de Manu para serem resgatadas. Além dele, outros dois passageiros, também surdos, estavam no carro que bateu em uma motocicleta na Rodovia Senador Laurindo Dias Minhoto (SP-141) em Tatuí. A família mora em Capela do Alto (SP).
Carina conta que desmaiou depois da batida e restou à Manu fazer a tradução entre as vítimas e os socorristas. “Eu cheguei lá e viram que eu conseguia me comunicar eles pediram para pedir os dados deles, depois repassar. Pediam para perguntar a idade, se eles estavam sentindo alguma dor em qual local. Tinha que repassar para eles”, conta Manu.
Todos os ocupantes do carro e o motociclista é quem ficou mais gravemente ferido. Mesmo assim, dois meses depois do acidente Lúcio Menk ressalta que o pior desse tipo de situação é não conseguir comunicar-se. “Foi difícil para ele porque as pessoas que não sabem sinais não entendem. Ele tenta, mas não consegue”, traduziu Manu à equipe da TV TEM.
‘intérprete’
Apesar da Libras ser algo normal no dia-a-dia da Manu, ela já consegue compreender a importância da palavra inclusão: “Se algum surdo passar apuro não tem como falar. Então era bom que as pessoas aprendam um pouquinho para poderem ajudar”, reflete.
O sargento Elias de Moraes, do Corpo de Bombeiros em Tatuí, foi o responsável pela equipe que atendeu a ocorrência e concorda com a garota. “Um simples gesto pode salvar uma vida. Eu creio que a linguagem de sinais, para mim com esses 24 anos de corporação, ficou comprovado que isso foi fundamental para gente ter o melhor atendimento para as pessoas naquele momento”, ressalta.