Médicos de hospital público de Rondônia apresentarão pesquisas em congresso internacional de obstetrícia e ginecologia em Portugal

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Quatro médicos vão representar Rondônia no 21º Congresso Português de Obstetrícia e Ginecologia que será realizado entre quinta-feira (1°) e o domingo (4), em Coimbra (Portugal). Todos os trabalhos apresentados no evento serão publicados na revista científica internacional Acta Médica. O feito é comemorado pela equipe rondoniense, que enxerga nesta oportunidade a chance de mostrar para o mundo que no estado é feito um trabalho sério e eficiente na saúde pública.

Participarão do congresso a supervisora do Programa de Residência Médica em Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Base (HB) Ary Pinheiro, médica ginecologista obstetra Maria da Conceição Ribeiro e os médicos residentes, Danyelle Mariaca (2º ano), Kryzia Carvalho e  Zulivan Yaluzan, ambos do 3º ano.

Segundo a supervisora, o Programa de Residência Médica em Obstetrícia e Ginecologia existe há 10 anos no HB e vem se mostrando como uma iniciativa que trouxe avanços na melhoria das práticas de trabalho e no fortalecimento da formação de profissionais melhores qualificados. ‘‘E quem tem mais ganhado com isso é a população’’, disse Maria da Conceição Ribeiro. Atualmente o programa conta com 18 médicos residentes.

São trabalhos desenvolvidos em Rondônia que agora vão ganhar destaque internacional. ‘‘Esses trabalhos tratam de patologias que acontecem muitas vezes nesta região tropical, e servirão de base para outras pesquisas de médicos brasileiros e até internacionais’’, explicou a supervisora, ressaltando que ter o trabalho aceito no congresso é para poucos.

Esta é a segunda vez que o Programa de Residência Médica em Obstetrícia e Ginecologia tem trabalhos divulgados internacionalmente, mas esta será a primeira vez no Congresso de Obstetrícia e Ginecologia de Coimbra.

‘‘É muito gratificante para mim esta participação no congresso porque, como eu atuo na área da educação, sou professora há alguns anos e me dediquei aos títulos de mestrado e doutorado e agora estou no meu pós-doutorado em Roma, então essa experiência é muito importante para minha formação como pesquisadora e para o currículo lattes’’.

Conceição explicou que além da importância pessoal está a também mostrar que em Rondônia há pesquisadores que produzem trabalhos científicos que são reconhecidos fora do Brasil’’, apontou.

Para a médica residente Kryzia Carvalho, a notícia de que seu trabalho foi aprovado no congresso foi recebida com entusiasmo. ‘‘É uma sensação ótima e muito gratificante ter o trabalho reconhecido. Em nível curricular é muito bom e também uma oportunidade de levar o nome da nossa residência médica e do Estado de Rondônia para fora do Brasil”, argumentou.

‘‘Para mim também é muito gratificante levar os resultados da nossa residência para fora do País. É um avanço muito grande por ser uma residência que muitos pensam que não tem tanto reconhecimento, por ser daqui, mas já temos ótimos profissionais que passaram por esta residência e alcançaram reconhecimento dentro do País e internacionalmente’’, citou a médica residente Danyelle Mariaca.

‘‘Eu fico muito feliz porque é um reconhecimento tanto para nós como profissionais, mas também em poder levar o nome da nossa residência para fora do Brasil, e saber que o que nós fazemos aqui diariamente tem reconhecimento em nível internacional’’, observou o médico residente Zulivan Yaluzan.

CORIOANGIOMA PLACENTÁRIO

Maria da Conceição Ribeiro teve o trabalho com tema ‘‘Corioangioma placentário – relato de caso’’ aprovado pelo congresso. ‘‘Trata-se de um tumor na placenta. É um relato de uma paciente que apresentou esta patologia, que é rara e grave, e muitas vezes o desfecho da gestação não é muito favorável’’, contou.

De acordo com a supervisora, a patologia não tem tratamento, mas é de fundamental importância o acompanhamento da paciente durante a gestação para saber qual o momento que é preciso ser interrompida a gestação. ‘‘Com o crescimento da placenta, esse tumor vai crescendo também e dificultando as trocas gasosas entre a mãe e o feto. Muitas vezes corre o risco de ocorrer morte fetal intraútero, por isso a importância de saber manusear a paciente e qual o momento de interromper a gestação’’, revelou.

SÍFILIS GESTACIONAL

O elevado número de sífilis gestacional em um hospital do Norte brasileiro é o tema do trabalho desenvolvido por Kryzia Carvalho. ‘‘Foi feito um levantamento com referências biográficas e de dados estatísticos inclusive, de fontes do hospital, que aponta aumento de casos de sífilis nos últimos anos’’, destacou.

‘‘A proposta do meu trabalho é mostrar como a gente pode combater este aumento porque a sífilis gestacional causa malformação para o feto que pode comprometer a vida desta criança. O tratamento é muito simples: Iniciar uma orientação adequada já no pré-natal e conscientizar as gestantes das consequências que há se não se tratar, porque as gestantes muitas vezes acabam abandonando o tratamento’’, argumentou Kryzia Carvalho.

MALFORMAÇÃO ARTERIOVENOSA UTERINA

Danyelle Mariaca direcionou os estudos para o tema ‘‘Malformação arteriovenosa uterina’’, por ser uma patologia rara, que pode ser adquirida de forma congênita.

‘‘No meu estudo de caso se tratava de uma paciente jovem, e o que chama a atenção é o desfecho, porque depende da sintomalogia da paciente. No caso da minha paciente, teve que fazer histerectomia total [remover todo o útero e colo do útero]. Ela era uma paciente que estava em busca do diagnóstico há algum tempo, e durante a nossa residência conseguimos chegar a este diagnóstico, e desta maneira resolver esse caso’’, destacou.

GESTAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO ANÔMALA

Gestação de implantação anômala na Amazônia Ocidental foi o tema escolhido pelo médico residente Zulivan Yaluzan. ‘‘Trata-se de um relato de caso de uma paciente que desenvolveu uma gestação ectópica, fora de onde habitualmente se produz uma gestação, que é na cavidade uterina’’, disse.

No caso dessa paciente, segundo ele, a gestação evoluiu até 22 semanas. O que é um fato bastante raro, pois geralmente quando são ectópicas chegam à resolução nas primeiras semanas de gestação. “Isso despertou bastante a atenção, e me levou a fazer pesquisas bibliográficas, e comprovei que se trata realmente de um caso muito raro’’.

SAÚDE PÚBLICA

A aprovação pelo congresso da participação de pesquisas desenvolvidas por médicos que atuam no Hospital de Base Ary Pinheiro, referência em atendimento de alta complexidade, é reflexo dos avanços na saúde pública de Rondônia. ‘‘A residência médica representa um grande avanço para a medicina no estado. Ter um setor dedicado a estudo e pesquisa traz um avanço enorme’’, apontou Zulivan Yaluzan.

‘‘A gente tem que tirar esta impressão de que Rondônia não tem estrutura, e sim, que aqui temos condições de formar bons profissionais e prestar um bom atendimento aos pacientes. No Hospital de Base fazemos cirurgias de alta complexidade e atendemos a uma demanda muito grande. Acredito que com nossa participação no congresso e com a publicação dos artigos em revista internacional haverá a colaboração para desmistificação da região mostrando que nós estamos preparados, tanto em pesquisa como corpo clínico também’’, acredita a médica residente Kryzia Carvalho.

‘‘As residências em obstetrícia e ginecologia e cirurgia geral foram as primeiras implantadas no HB há 10 anos, e o que podemos observar é que antes os trabalhos estavam voltados para a assistência, mas vem crescendo a quantidade de pesquisas e aumentando o incentivo aos médicos que já atuavam em Rondônia no sentido de se atualizarem e participarem de eventos científicos, como congressos’’, avaliou Maria da Conceição.

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