Idosos pedem doação de árvore e enfeites para Natal mais bonito na Casa do Ancião, em Porto Velho

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Não é preciso muito para tornar o dia de alguém mais feliz e, se esse dia é o Natal, então, é mais que especial, principalmente para os 33 idosos da Casa do Ancião São Vicente de Paulo, em Porto Velho. Eles querem um Natal mais bonito e, para isso, pedem enfeites e luzes para a casa. José Pedro Bredariol, 68 anos, por exemplo, quer ganhar uma árvore de Natal.

‘‘Quero uma árvore bem grande para ficar bem aqui [no Centro de Confraternização dos idosos], vai ficar bem bonito’’, disse José Pedro com um sorriso no rosto. Ele é mais conhecido como Zé Pedro. Está na Casa do Ancião há cerca de cinco anos. Caminhoneiro por 22 anos, Zé Pedro conheceu boa parte do Brasil e conta o motivo de ter escolhido morar na capital de Rondônia. ‘‘Porto Velho é bonita, olha o rio Madeira, então se você conhecer a nossa realidade também vai gostar’’, garante.

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Zé Pedro ao lado do amigo Samuel Miguel da Silva

Zé Pedro é descendente de italianos e nasceu em São Paulo. Quanto a seus natais? ‘‘Sempre só, eu e Deus’’, conta, explicando o significado que a data tem para ele: ‘‘é um dia muito bonito porque foi quando nasceu Jesus Cristo. Pra mim a melhor coisa que tem é o Natal’’, afirma.  Há cinco anos, os natais de Zé Pedro não são mais solitários, mas na companhia dos amigos da Casa do Ancião.

‘‘Não posso reclamar de nada aqui. Ás vezes as pessoas podem pensar que estou preso aqui, mas aqui eu tenho com quem conversar, tem amigo que passo duas, três horas conversando e o tempo passa’’, conta Zé Pedro que disse gostar de falar de futebol. ‘‘Mas se perder ou ganhar pra mim tanto faz, não muda nada’’, afirma.

Entre os amigos, ele tem um carinho especial por Samuel Miguel da Silva, 76 anos. O novo amigo chegou a Casa do Ancião há cerca de seis meses. Ativo, ele está sempre prestando apoio no que precisar no novo lar. Samuel é goiano, já teve várias profissões, entre elas foi caminhoneiro, trabalhou na lavoura e garimpo.

Chegou a Rondônia recentemente, há apenas três anos, para ajudar na construção em um sítio, mas devido ter adoecido encontrou apoio na Casa do Ancião. Como pedido de Natal ele quer ganhar uma bíblia e um violão. Conta que sempre gostou muito de violão, ‘‘Mas só sei afinar no facão’’, brinca, já a bíblia: ‘‘É pra ler para mim e para meus amigos. Me dou bem com todos. Nós brincamos, fazemos nossa bagunça’’, explica.

MÚSICA

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Edilson quer uma Natal de paz com caixas de som tocando músicas natalinas

O cearense Edilson Brasil da Silva, 66 anos, é muito bom em matemática. A escola dele foi à profissão de camelô.  Quando o desemprego o alcançou, não pensou muito e saiu de cidade em cidade oferecendo os produtos. Vendia de tudo um pouco, de meia a relógio e foi assim que chegou a Rondônia em julho de 1986.

Mas do dia para Noite, Edilson viu sua vida mudar. ‘‘Quando acordei já estava desse jeito, só enxergo o vulto das pessoas durante o dia, à noite não enxergo nada’’, conta. A deficiência visual é consequência de uma catarata em estado avançado. Doença que já vinha gradativamente prejudicando a visão, mas até então Edilson ainda conseguia realizar suas atividades sem precisar de ajuda. A perda da visão foi um golpe duro para quem já havia perdido parte de um dos braços quando trabalhava em moinho de cana-de açúcar.

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Severino espera ganhar no Natal um CD com músicas de Cauby Peixoto

E tem mais gente querendo alegrar o Natal com música. Severino de Carvalho, 85 anos, gosta muito das músicas de Cauby Peixoto e tem uma especial – Conceição – que ao cantá-la percebemos facilmente um sorriso em seu rosto. Nasceu em São Paulo e há 46 anos está em Rondônia. Chegou ao Estado devido ao trabalho em uma companhia de petróleo. ‘‘Era para eu ser muito rico, tive muitas oportunidades’’, conta.

Aqui chegou solteiro, casou com uma maranhense do qual se separou há alguns anos, teve quatro filhos, dois falecidos. ‘‘Natal pra mim é estar em família, com as crianças correndo pela casa. A gente falava para as crianças que se não fosse bem nos estudos não ia ter Natal’, relembra. Agora ele só quer recordar os bons momentos da vida através das músicas de Cauby Peixoto.

Já teve pedido de árvore de Natal, música e o que Vicente Viera da Silva, 73 anos, quer são enfeites natalinos. ‘‘Peço enfeites de Natal para ficar mais bonito’’, disse. Ele está na Casa do Ancião há mais de dois anos. Nascido no Maranhão, Vicente trabalhou por muitos anos em fazendas. ‘‘Plantava e roçava’’, disse.

Mas aos 19 anos decidiu vim para Rondônia trabalhar no garimpo, mas não deu muito certo, é logo ele voltou a trabalhar com agricultura. Ele relembra a época que em morava com os pais. ‘‘Nós plantávamos e colhíamos muita coisa boa, o melão de lá era cheiroso, tinha de tudo um pouco’’.

VISITAS

O diretor conta que é grande a demanda de idosos para serem inseridos na Casa, mas que a capacidade é para apenas 34, por isso existe um trabalho para que as famílias sejam sensibilizadas a amparar seus idosos e oferecer uma vida familiar com dignidade. ‘‘Há um trabalho feito pela psicologia e assistência social para que eles entendam a importância da reinserção a família, mas são poucos nessa situação. A maioria não tem família. Nós temos o caso de um idoso que está há 15 anos na instituição’’, afirma.

Mas o processo para a volta ao lar passa por vários critérios para garantir que o idoso irá se readaptar a vida em família e em que condições isso será feito. Atualmente, dois idosos então no aguardo de serem liberados para voltar a morar com a família. E para amenizar a saudade que muitos sentem dos familiares, a direção da Casa do Ancião investe na aproximação da comunidade através de visitas voluntárias.

‘‘Nós realizamos palestra com o tema – Envelhecer não nos torna invisíveis – porque queremos que as pessoas que passem aqui pela frente percebam que aqui existem as pessoas ativas, que querem se divertir, querem passear, conversar, e isso tem tido bons resultados, muitas acadêmicos já os visitaram. A maioria dos visitantes está representante alguma instituição e tem feito contribuições’’, afirma. As visitas são acompanhadas por profissionais da Casa e podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h.

Fonte: Secom

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