A instalação do Estado de Rondônia ocorrida no dia 4 de janeiro de 1982 foi marcada por uma grande festividade em frente ao Palácio Getúlio Vargas, sede do governo na época. O civismo ganhava muita força naquele período tanto que para os que participaram do evento o momento considerado mais emocionante da festa foi quando pelo pela primeira vez foi hasteada oficialmente a bandeira do Estado de Rondônia. O ato foi feito pelo ministro do Interior Mário Andreazza que representava o então presidente João Figueiredo
‘‘Naquele momento que foi hasteada a bandeira foi uma emoção geral. Inclusive o próprio coronel Teixeira [Responsável por transformar o Território em Estado] começou a tirar cisco dos olhos. Eu via no semblante das pessoas uma emoção profunda porque o Estado estava recém-criado, foi muita luta para se conseguir isso. A gente sabe do esforço do coronel Teixeira para se criar esse Estado’’, afirma Rosinaldo Luiz Abreu Machado, que foi o fotógrafo oficial do evento.
Também marcou o momento histórico a apresentação o coral ‘‘Pequenos Uirapurus’’ formado por estudantes de colégios da Capital que emocionaram o público ao cantarem o hino de Rondônia. A professora Maria de Nazaré Figueiredo também lembra bem daquele dia, três filhos dela participaram do coral.
‘‘Nessa época os meus três filhos mais velhos: Ubiratan, Simone e Miguel Júnior, eles participaram do coral Os Pequenos Irapurus e cantaram o hino Céus de Rondônia’’, conta. Nazaré lembra que para apresentação a forma popular de cantar o hino foi alterada para preservar a partitura original.
CORREÇÃO
‘‘O genro do professor Gésson Magalhães que era maestro disse que a gente cantava o hino diferente da partitura e fez a correção. No começo ficamos muito chateados, ninguém queria mudar e foi aí que grupo do coral gravou em uma fita cassete o hino, o maestro aprovou e ele foi oficializado’’, explica a professora.
E quem organizou as crianças para a apresentação foi a esposa do professor Gésson Magalhães, 82 anos, Ivete Gomes de Magalhães, 80 anos. Ele que ajudou a esposa em todo o processo de ensaio do coral conta que naquele dia, além do hino, as crianças cantaram uma canção de autoria do genro dele, Willians Soares Costa Júnior que ainda permanece viva em sua memória.
‘‘Eu queria te fazer uma canção que fosse linda como é lindo o meu Brasil. Eu queria conseguir saber cantar uma cantinga de ninar. Eu queria ver-te um dia repousar sobre os efeitos da canção que eu fiz pra ti. Eu queria meu Brasil que foste lindo como a flor’’, canta ele recordando a apresentação do coral.
CARNAVAL
A festa de instalação também foi marcada por desfile de escolas de samba. O sambista Silvio Santos, 70 anos, lembra que Teixeira chamou a carnavalesca e professora Marise Castiel com a proposta de que se fizesse um grande carnaval. “Era o primeiro carnaval de Rondônia -Estado. Naquela época tinha duas escolas de samba: Pobres do Caiari e Diplomatas do Samba e ficou combinado por um pedido do [governador] Teixeirão que não haveria disputa entre as escolas. Uma contaria a história do Território e a outra o início do novo Estado”, conta.
Silvio ficou responsável pelo enredo da Pobres do Caiari. “Adeus meu Território, adeus. Foste um grande baluarte que o novo Estado concebeu”, canta ele um trecho do samba de despedida do Território. “Eu morava perto do Palácio Getúlio Vargas e lembro que havia muita gente na solenidade de instalação. Som para todo lado e todo mundo cantando. Foi uma grande festa”, recorda.
O sambista revela que essa escolha por comemorar com o carnaval recebeu diretamente influência de Teixeira que foi quem criou a primeira escola de samba de Manaus. E foi assim ao som de samba que a festa de instalação foi encerrada. Uma grande alegria tomou conta da população que via nascer o Estado de Rondônia, hoje com quase 1.800 milhão de habitantes, distribuídos nos 52 municípios, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Rondônia é destaque nacional pela força do agronegócio e pelo equilíbrio financeiro e a expectativa de avanços baseado no desenvolvimento econômico, social e sustentável.
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