O presidente da República, Michel Temer (PMDB), divulgou, neste sábado (17), nota de defesa em relação às acusações feitas por Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, em entrevista à revista “Época”. De acordo com a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência, Temer vai tomar “todas as medidas cabíveis contra esse senhor”, com ações civil e criminal na Justiça.
“Suas mentiras serão comprovadas e será buscada a devida reparação financeira pelos danos que causou, não somente à instituição Presidência da República, mas ao Brasil”, informou o Planalto, em nota. “O governo não será impedido de apurar e responsabilizar o senhor Joesley Batista por todos os crimes que praticou, antes e após a delação.”
Na entrevista, publicada na sextafeira (16), Joesley afirma que Temer é “o chefe da maior e mais perigosa organização criminosa” do país. Além disso, confirma ter pago pelo silêncio na prisão de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, este último apontado como o principal operador de propina do expresidente da Câmara. Ainda segundo o empresário, o ex-Ministro Geddel Vieira Lima era o “mensageiro” do presidente que o procurava para garantir que este silêncio seria mantido.
Joesley também contou à “Época” os detalhes da relação com Michel Temer, que, segundo ele, “nunca foi uma relação de amizade” e sim “institucional”. Ele diz que o presidente o via “como um empresário que poderia financiar as campanhas dele e fazer esquemas que renderiam propina”.
Leia a nota da Presidência na íntegra:
Em 2005, o Grupo JBS obteve seu primeiro financiamento no BNDES. Dois anos depois, alcançou um faturamento de R$ 4 bilhões. Em 2016, o faturamento das empresas da família Batista chegou a R$ 183 bilhões. Relação construída com governos do passado, muito antes que o presidente Michel Temer chegasse ao Palácio do Planalto. Toda essa história de “sucesso” é preservada nos depoimentos e nas entrevistas do senhor Joesley Batista. Os reais parceiros de sua trajetória de pilhagens, os verdadeiros contatos de seu submundo, as conversas realmente comprometedoras
com os sicários que o acompanhavam, os grandes tentáculos da organização criminosa que ele ajudou a forjar ficam em segundo plano, estrategicamente protegidos.
Ao bater às portas do Palácio do Jaburu depois de 10 meses do governo Michel Temer, o senhor Joesley Batista disse que não se encontrava havia mais de 10 meses com o presidente. Reclamou do Ministério da Fazenda, do CADE, da Receita Federal, da Comissão de Valores Mobiliários, do
Banco Central e do BNDES. Tinha, segundo seu próprio relato, as portas fechadas na administração federal para seus intentos. Qualquer pessoa pode ouvir a gravação da conversa na internet para comproválo.
Em relação ao BNDES, é preciso lembrar que o banco impediu, em outubro de 2016, a transferência de domicílio fiscal do grupo para a Irlanda, um excelente negócio para ele, mas péssimo para o contribuinte brasileiro. Por causa dessa decisão, a família Batista teve substanciais perdas acionárias na bolsa de valores e continuava ao alcance das autoridades brasileiras. Havia milhões de razões para terem ódio do presidente e de seu governo.
Este fim de semana, em entrevista à revista Época, esse senhor desfia mentiras em série.