Gestores públicos dos estados de Rondônia e Acre se reuniram no CENSIPAM, Centro Regional de Porto Velho, numa oficina de trabalho para discutir estação chuvosa de 2017. Na reunião que contou com cerca de 36 instituições representadas, foram apresentados os modelos de previsão e acompanhamento hidrometeorológico do Sipam, CPRM, Agência Nacional de Águas, Cemaden, Cenad, Sedam e UNIR.
Anualmente o Sipam se reúne com parceiros e organismos de Defesa Civil para discutir e nivelar o conhecimento em torno da problemática das cheias dos rios da Amazônia Ocidental. As contribuições dos técnicos foram apresentadas em busca de consenso para uma previsão mais acertada em relação ao trimestre – fevereiro, março e abril, quando são esperados, normalmente, os mais elevados índices pluviométricos da região.
Os rios Madeira e Acre que apresentaram em 2014 e 2015, respectivamente, os maiores eventos de cheia registrados nas séries históricas, sempre recebem atenção especial, mas as previsões apontam para esse ano a necessidade de maior atenção também nas bacias do Rio Juruá (no Acre) e do Rio Machado (em Rondônia). Segundo o meteorologista Luiz Alves, do SIPAM, “as chuvas podem ocorrer acima da média em todo o estado do Acre e Oeste rondoniense. Estando já com os solos encharcados, as bacias que são “pequenas”, podem elevar-se mais rapidamente, colocando em alerta o trabalho da defesa civil nas localidades dessas regiões.” Uma nova reunião deve ocorrer, especificamente para o acompanhamento dessas duas bacias hidrográficas ao final do mês de fevereiro.
Para realização do evento, o Sipam contou com a parceria da Associação dos Municípios de Rondônia (AROM). Ainda estiveram presentes, por videoconferência, representantes do Censipam de Brasília e de Manaus, representantes da sala de situação do Acre e da ANA, que fizeram apresentação da atuação da Agência no suporte a eventos extremos e ofereceram apoio ao Acre para acompanhamento dos eventos na bacia do Juruá. A representante da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA-AC), Vera Reis, fez solicitação durante a reunião de que a ANA volte a fornecer dados referentes ao Oeste do Acre, que vive momento de cheia histórica em Cruzeiro do Sul. O pedido é uma forma de complementar as informações que o Estado possui nos dados disponibilizados pela própria Agência Nacional de Águas para outras regiões do Acre por meio da sala de situação em funcionamento em Rio Branco. Assim como as previsões meteorológicas e os modelos da CPRM e Sipam, que são, conforme Vera Reis, “de extrema importância” para municiar de informações os órgãos de defesa civil. Do trabalho feito pelo Centro Regional de Porto Velho nas duas reuniões para tratar da Cheia 2017 (13 de dezembro e 31 de janeiro) e no acompanhamento do nível do Rio Acre, ela resume: “é importante e fundamental”, justificando ser por isso que estão sempre em parceria com o Sipam.
Segundo a Coordenadora Operacional do CR-PV, Ana Cristina Strava, municípios localizados ao longo dos rios Madeira e Acre foram particularmente afetados nas três últimas cheias o que traz para as reuniões a urgência de compartilhar conhecimento e conhecer os últimos estudos e esforços desenvolvidos para antecipação das cheias dos rios amazônicos para mitigar os efeitos de desastres naturais. Strava apresentou o modelo que está sendo testado para o prognóstico de longo prazo, baseado na temperatura dos oceanos (áreas que podem sofrer influencia de El Niño ou La Niña, por exemplo) e outras variáveis que consigam apontar cenários e tendências para grandes rios. Os primeiros testes foram realizados para as bacias dos rios Madeira, Machado, e Purus. “Para Porto Velho, nossa previsão é que a máxima deste ano fique bem próxima da média para o período de cheia, dentro da normalidade. Com o nível do Rio ainda abaixo do esperado para este período, ainda temos bastante “calha” para recepcionar as próximas chuvas, podemos aguardar que o nível não ultrapasse a cota de 16m”, avalia Ana Strava. O Diretor de Departamento de Defesa Civil do município de Porto Velho, Marcelo Santos, há dois anos participa dos encontros promovidos pelo Sipam. Para ele, “estreitar laços, para a Defesa Civil, é de suma importância, porque enriquece o Plano de Contingência com dados de prognóstico dos três próximos meses e nos prepara para eventualidades, além de oferecer um norte para resposta mais adequada. É mais conhecimento para nos preparar para qualquer eventualidade”.
O evento
A Reunião de Trabalho “Cheia/2017” iniciou com as boas-vindas do Gerente do CR-PV, Carlos Alberto Canosa, e do Presidente da AROM, Jurandir de Oliveira. Na sequência, foi feita a apresentação do Boletim Climático da Amazônia para os meses de fevereiro, março e abril de 2017, com o Meteorologista do SIPAM, Luiz Alves dos Santos Neto. Conforme os dados, o volume de chuva nos 29 primeiros dias do ano no Oeste do Acre foi o dobro do esperado para o período. O prognóstico climático aponta para neutralidade na área de monitoramento de Niño o que deve manter o período de chuvas dentro da normalidade. Porém no Acre e o Oeste de Rondônia as chuvas devem ocorrer ligeiramente acima da média até metade do trimestre. O segundo palestrante foi o Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da CPRM/REPO, Franco Buffon, que tratou da situação atual dos rios na Amazônia Ocidental, com foco nas áreas de interesse das defesas civis, com um panorama dos rios que o Serviço Geológico do Brasil monitora na região em comparação com as séries históricas: Estação Porto Velho, Abunã, Fortaleza de Abunã, Mamoré em Guajará-Mirim, Guaporé no Forte Príncipe da Beira, os rios Jamari, Machado e Jaru. Para o Acre, foram destacadas as condições de Rio Branco, Juruá, Assis Brasil e Brasiléia. O CPRM ofereceu ainda o modelo de previsão para a bacia do Rio Acre e os projetos nos quais a empresa disponibiliza informações aos parceiros por meio do seu site www.cprm.gov.br.
Ainda na parte da manhã do evento, na segunda feira (31), falaram os professores da UNIR, Tatiane Checchia e Janielson Silva, sobre Estudos Hidrológicos na Bacia do Mutum-Paraná, e o representante do CEMADEN, Marcio Augusto Ernesto de Moraes, sobre o Modelo hidrológico para o Rio Madeira, desenvolvido dentro do Projeto de Desenvolvimento de sistema de previsão de enxurradas, inundações e movimentos de massa em encostas para prevenção de desastres naturais, no órgão. No período da tarde foi a vez do Meteorologista da SEDAM-RO, Fabio Adriano Saraiva, mostrar o Monitoramento Hidrológico 2016/2017 – Atividade da Sala de Situação e do representante do Setor de Preparação e Resposta a Desastres no Território Nacional/ CENAD, Rafael Machado, mostrar o funcionamento do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) e as atividades das organizações de Defesa Civil, com finalidade de preparar os representantes para eventos de risco no que diz respeito ao planejamento de atuação e ao preenchimento online das planilhas que compõem o Sistema. Sendo complementada a programação com a videoconferência da Agência Nacional de Águas e o momento de debates e encaminhamentos.
Parceiros
Estiveram representados os seguintes parceiros: Serviço Geológico do Brasil – CPRM, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), a Agência Nacional de Águas (ANA), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM), Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) as Defesas Civis dos estados do Acre e Rondônia, entre outros. Para o Gerente Regional, Carlos Canosa, o objetivo da reunião em Porto Velho foi atingido ao promover o encontro entre os diversos setores das esferas de governo e os órgãos responsáveis pelas ações de defesa civil, gestão, monitoramento de recursos hídricos, representantes das UHE’s e as instituições de pesquisa e fiscalização dos Estados do Acre e Rondônia, com vistas à troca de experiências e elaboração de estratégias para o período de cheia, em 2017.
Fonte: SIPAM