Sexta-feira, 18 de março de 2016. Uma resposta ao 13 de Março, dia da maior manifestação política do País.
O ato organizado por movimentos sociais, CUT e militantes do PT proclamava ser em defesa da democracia e contrário ao “golpe” contra o governo Dilma Rousseff.
Os números não foram grandiosos como os do último domingo.
Em todo o País, as polícias militares estaduais calcularam 275 mil pessoas em pelo menos 55 cidades.
Nos protestos contra Dilma, foram 3,5 milhões de manifestantes em mais de 200 cidades.
(Para os organizadores, 1,3 milhão aderiram aos atos para preservar o mandato de Dilma. Quase 1/5 do que a organização do 13 de Março apurou: 6,4 milhões.)
Ainda assim, os atos foram robustos, reunindo milhares de simpatizantes do PT, do governo ou defensores da democracia.
Mostram o vigor da militância petista e dos que se declaram afiliados à esquerda que discorda do impeachment como rito democrático.
As ruas falaram novamente; a voz saiu encorpada, com menos amplitude que no domingo passado, mas seguramente com a convicção de que ainda há esperança para o Brasil com Dilma.
Artistas, intelectuais, universitários, professores, sindicalistas, sem-teto: as diversas categorias se uniram por acreditar que o governo legitimamente eleito em 2014 não perdeu sua legitimidade, a despeito da tese de crime de responsabilidade fiscal que é imputado à presidente Dilma, na execução das pedaladas fiscais, e dos respingos da Operação Lava Jato, que investiga o escândalo de corrupção na Petrobras, no Palácio do Planalto.
Nas ruas de sexta, gostem ou não as de domingo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda é bastante aclamado. E, sob os gritos de “não vai ter golpe”, ele promete adotar novamente a receita “Lulinha paz e amor”, que o elegeu em 2002.
Com esse apoio, ele poderia dar uma guinada no governo Dilma como ministro-chefe da Casa Civil.
Entretanto, o enfrentamento real para viabilizar a bala de prata do PT será na Justiça.
Pouco mais de 24 horas após a posse, Lula já foi “destituído” do cargo três vezes — por duas decisões liminares da Justiça Federal, derrubadas por tribunais regionais, e agora por uma decisão no STF (Supremo Tribunal Federal).
E melou, mais uma vez, o objetivo de Lula de ser o homem forte do segundo mandato de Dilma, o único capaz de preservá-lo.
O governo, é claro, vai recorrer da decisão.
E agora só uma decisão da Corte poderá fazer Lula ministro.
Indisposto com a Justiça, após a divulgação de áudios que indicam tentativa de influenciar decisão da ministra Rosa Weber em investigação sobre ele e que mostram a opinião dele sobre o STF, o ex-presidente terá pela frente a semana mais difícil de sua trajetória política.
Lula dependerá do próprio Supremo, alvo de suas críticas, para que ele e Dilma sobrevivam.
Conseguirão?
Fonte: Diego Iraheta – HuffPost