A gravidez marca a transição da mulher para o futuro papel de mãe. Como toda mudança, é um período cercado por incertezas e transformações, tanto no corpo quanto na vida da gestante. Tudo fica ainda mais intenso e, em alguns momentos, até incompreensível, por causa das emoções que a geração de uma nova vida desperta em toda a família. De qualquer maneira, é muito importante que, ao decidir engravidar, a mulher tome algumas providências, com o objetivo de garantir a segurança emocional e uma gestação tranquila, não só para ela, mas para seu bebê.
De acordo com Carmen Nascimento, técnica do Programa de Saúde da Mulher da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), o casal que pretende ter uma gravidez planejada, deve, em primeiro lugar, procurar um médico. Essa medida deve ser adotada pelo menos três meses antes de começar as tentativas para engravidar, onde um especialista vai realizar avaliações clínicas e solicitar exames laboratoriais.
Com isso, o médico vai verificar o estado geral, principalmente em relação à saúde da mulher, visto que algumas alterações no organismo feminino podem aumentar as possibilidades de malformações, abortos e partos prematuros. Por isso, é importante antecipar a visita a este profissional, recomenda Carmen Nascimento.
“No caso da mulher, os exames necessários são os de sangue completo, de urina, de fezes e sorológicos para toxoplasmoxe, sífilis, hepatite B, fator RH, glicemia e urocultura. Também é necessário realizar a ultrassom para comparar as medidas do bebê, com a finalidade de calcular a idade gestacional, ou seja, o tempo de gravidez”, explicou a técnica do Programa de Saúde da Mulher da Sesau.
Já os homens, devem realizar só os exames de sífilis e HIV; e, no caso de a mulher ter problemas para engravidar, é necessário que ele faça um espermograma para avaliar a eficiência e quantidade dos espermatozoides. “É importante sempre lembrar que os cuidados gerais envolvem o casal e não necessariamente apenas a mulher”, destaca.
Ácido Fólico – Uma das recomendações da especialista para as mulheres que pretendem engravidar é que elas tomem o ácido fólico pelo menos três meses antes da concepção. O suplemento deve ser utilizado também durante o primeiro trimestre da gravidez.
“O ácido fólico, uma vitamina do complexo B, é fundamental para que a coluna do bebê se desenvolva corretamente, o que acontece nas quatro semanas de gestação. O uso desse suplemento evita defeitos do tubo neural, como falha no desenvolvimento do cérebro e medula espinhal”, recomenda.
Há uma lista grande de alimentos ricos em ácido fólico, como vegetais de folhas verde-escuras, frutas, grãos (feijões), gema do ovo, fígado, tomate, entre outros. E, desde 2002, as farinhas de trigo e de milho também são obrigatoriamente fortificadas com o ácido fólico por determinação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Todavia, a quantidade de vitamina fornecida por essas fontes é insuficiente e, para complicar, o processo de cozimento dos alimentos ainda diminui o teor dos nutrientes.
Vale ressaltar que a mulher também deve tomar sulfato ferroso antes mesmo de engravidar, pois o ferro é necessário para a manutenção da boa saúde e energia. Ele também ajuda na realização de diversas funções, entre elas a produção de hemoglobina e conservação de um sistema imunológico saudável.
“O ferro é de extrema importância para o desenvolvimento do feto, principalmente após o terceiro trimestre, quando muitas grávidas fazem uso da suplementação para evitar a anemia. Durante a gravidez, a necessidade desse mineral no organismo é maior, devido à formação do sangue da placenta e do feto, além de ajudar a compensar a perda de sangue durante o parto”, explica.
É o caso de Magda Dias Melo, 28 anos, que segundo relata, tudo foi surpresa em sua vida durante a primeira gravidez. Agora, aos noves meses, durante a espera pelo segundo filho, ela está mais familiarizada com os cuidados que teve de enfrentar. Esse processo ajudou a futura mamãe a lidar melhor com esse período. “Por isso, a gestação está sendo mais tranquila”, disse, com tom satisfeito.
De acordo com Magda, desde que soube da gravidez, começou imediatamente o pré-natal, onde foram realizados todos os exames prescritos pela ginecologista, desde o hemograma até o ultrassom. Ela também teve o cuidado em tomar o ácido fólico durante os quatro primeiros meses e, principalmente, o sulfato ferroso que, para ela, é essencial até hoje.
“Foi fundamental esses cuidados durante todo esse período, pois assim eu pude evitar certos hábitos que poderiam ser prejudiciais ao desenvolvimento do meu bebê, onde todo o meu corpo foi preparado para recebê-lo da melhor forma possível”, ressalta. “A gravidez é um momento sublime na vida de qualquer mulher e, de maneira nenhuma, podemos esquecer que ela deve ser encarada de uma forma tranquila para que alguns sintomas sejam amenizados”.
E a carne vermelha, pode? – Neste período, o ideal é não abusar das carnes vermelhas, dando preferência aos peixes e as aves. Os peixes do mar, especialmente aqueles vindos de águas profundas, como a sardinha, devem fazer parte do cardápio pelo menos duas a três vezes por semana. Isso porque, ela é rica em ácidos graxos ômega 3, que comprovadamente ajuda no desenvolvimento do cérebro e retina dos olhos do feto.
“Para deixá-los mais saudáveis, antes da preparação, retire a gordura aparente das carnes e a pele das aves. Consuma esses alimentos cozidos ou grelhados em vez de fritos”, sugere Carmen Nascimento, que também é nutricionista. Além de evitar as gorduras, açúcares e os alimentos industrializados, outro cuidado importante é beber bastante água e evitar o contato com pessoas infectocontagiosas para não se contaminar.
Ir ao dentista! – A formação e a mineralização dos dentes do bebê começam ainda dentro do útero. Isso quer dizer, que alguns problemas orais do bebê podem ter origem na gravidez. Carência nutricional, febres altas, poluentes, doenças e uso do cigarro e do álcool durante a gestação são alguns dos fatores que podem alterar a formação do dente do bebê, segundo explica a técnica da Sesau.
De acordo com Carmen Nascimento, quando a mulher está pensando em engravidar, também é conveniente procurar o dentista antes da gestação. Desta forma, durante os nove meses, ela fará visitas de rotina para a limpeza, o que ajudará a evitar a gengivite e outros problemas.
“Se houver algum problema bucal durante a gestação ela deverá realizar o tratamento. A gestante não deve ficar com dentes cariados, sentindo dor ou com alguma infecção, pois isso pode comprometer a saúde do bebê”, salienta.
Duas combinações nada boas – O álcool, segundo a técnica do Programa de Saúde da Mulher da Sesau, é uma substância com livre passagem pela placenta e, portanto, com grande facilidade de passar para o feto. O fígado do bebê, que está em formação, metaboliza o álcool duas vezes mais lentamente que o fígado da sua mãe. Isto é, o álcool permanece mais tempo no organismo do bebê do que da própria mãe.
Se você fuma, segundo Carmen Nascimento, então, deve parar com o hábito ainda antes de engravidar. Isso porque, o cigarro dificulta a ovulação e implantação do óvulo, diminuindo as chances de uma gravidez saudável e tranquila.
“O consumo de álcool e do cigarro devem ser suspenso durante o período gestacional, pois durante a gestação podem causar má formação placentária e, assim, aumentar as chances de o bebê nascer antes do tempo e com baixo peso”, esclarece.
O cabelo na gravidez – Como todo cuidado é pouco, Carmen Nascimento pede que as mulheres que evitem a realização de tintura agressiva. Também devem ser evitados os alisamentos ou qualquer outro uso de produto químico nos cabelos, principalmente nos três primeiros meses.
Por ser uma questão de opiniões diversas e contraditórias, o ideal é que a futura mamãe consulte o seu médico de confiança e peça para que ele dê informações sobre o uso de produtos adequados durante a gravidez, segundo a técnica do Programa de Saúde da Mulher da Sesau. “A mulher tem que lembrar sempre que, tão importante quanto ficar bonita, é necessário cuidar para que o bebê nasça com a maior saúde do mundo”, orientou.
Fonte: TribunaHoje