“FOLHA FAZ ‘MEA CULPA’ SOBRE ÁUDIO E ATRIBUI À PGR ‘INTERPRETAÇÃO’ PARA INCRIMINAR TEMER
O jornal Folha de S. Paulo publicou importante correção, na noite desta quarta-feira (31), admitindo que errou ao noticiar como fato apenas uma interpretação da Procuradoria Geral da República, segundo a qual o presidente Michel Temer fora gravado pelo empresário Joesley Batista dando aval à “compra do silêncio” do ex-deputado Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara.
“A tese de aval para a compra de silêncio é uma interpretação da Procuradoria Geral da República, usada para pedir a abertura de inquérito contra Temer”, afirma a Folha, revelando, afinal, quem esteve por trás da informação que dava como certo o que o áudio não confirma, ou seja, o aval do presidente à “compra do silêncio” do ex-deputado. O jornal não aponta diretamente a PGR como fonte da informação primária, que tentou incriminar o presidente.“
UMA CORREÇÃO OPORTUNA.
A liberação da gravação, antes de ser periciada, compromete um trabalho honrado que vem sendo realizado por uma equipe de investigadores compostos pelo MPF e Polícia Federal, com homologação de Juízes, Desembargadores e Ministros de Tribunais Superiores.
Em postagens, inclusive por aqui, essa pressa em quebrar o sigilo na forma como ocorreu, foi muito questionada, tanto quanto a participação de ex-membro da equipe de investigadores na defesa da JBS. Ora, entende-se, como foi justificado, que a quarentena cumprida ampara o trabalho do eficiente advogado.O que não se compreende é que um agente do Estado que integrava uma equipe de investigação, portanto, sabendo de todos os detalhes, quiçá, até do conteúdo usual nesses interrogatórios especiais, cujo trabalho vem sendo realizado há muito tempo com outros investigados, de repente, ou programado, aparece do outro lado, num escritório de defesa dos delatores objetos dessa gravação.
Mas é a lei, afirmam juristas, o ex-procurador estava apoiado. Tudo bem, mas essa atitude não parece ser imoral? Imagine-se uma revoada de agentes passando para o outro lado, apoiado na quarentena da lei.Todo um trabalho de mais de três anos estaria prejudicado e onerado o Brasil e seu povo.
A Folha de São Paulo, ainda com membros simpatizantes da esquerda em seu Conselho Editorial, ao reconhecer seu erro (todos podemos errar em algum tempo), confirma sua independência e caráter no jornalismo brasileiro.
Dever-se-ia oferecer ao profissional, o direito ao exercício de defesa contra a União, Estado ou Município, em todas as situações, exceto num escritório que defenda quem, em tese, ele mesmo acusou. Afinal, cinquenta, isso mesmo, cinquenta edições de uma gravação só não gera dúvidas quando o rabo não é de quem duvida. Reconheça-se.