A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) comprará 120 dúzias [1.440 unidades] de ovos brancos grandes, de casca rígida e de galinhas Legorge não férteis, para testes de tuberculose feitos no Laboratório Central de Saúde Pública de Rondônia (Lacen).
Esse volume abastecerá o Lacen durante um ano, para aplicação dos métodos Lowenstain Jensen [sensibilidade] e Ogawa Kudoh [cultura], informou a assessora técnica Ciciléia Correia da Silva.
“Trata-se de uma licitação diferente, por isso precisou ser detalhada e isso o fizemos durante um ano de trabalho na elaboração do termo de referência”, comentou a assessora.
O pregão eletrônico nº 588/2015 foi realizado nesta quinta-feira (28). Participaram do certame três empresas, tendo como ganhador um produtor do estado do Rio de Janeiro.
As entregas deverão ser programadas de cinco dúzias quinzenalmente. A Superintendência Estadual de Compras e Licitações (Supel) pesquisou o mercado, estimando o custo de R$ 28,8 mil. Candidatos à venda deveriam ter inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Conforme previsto pela Supel, o valor da compra baixou, fechando em R$ 228 a dúzia, totalizando um custo de R$ 27,3 mil.
De origem italiana, a galinha Legorne tem como principal utilidade a produção de ovos; ela bota de 180 a 250 ovos de cor branca por ano.
“Apenas um teste de sensibilidade exige 20 tubos, que revelam a situação de um indivíduo; em seguida é feita a leitura e o resultado sairá depois de 42 dias, enquanto o negativo só será conhecido em dois meses”, explicou a bióloga Cleoni Alves Mendes de Lima.
O Lacen, que funciona no bairro Costa e Silva, em Porto Velho, é a única unidade de referência em Rondônia para diagnosticar e para o teste de sensibilidade de micobactérias a drogas e no controle de qualidade dos exames.
RÍGIDO CUIDADO
O ovo tem que ser fresco, colhido, selecionado, higienizado, e posto no máximo em cinco dias por galinhas submetidas semestralmente aos testes de pesquisa de Salmonela gallinarum, Salmonella Typhimurium e de mycobacterium avium.
O produto à altura do uso científico ainda é escasso em Porto Velho. Há algum tempo, uma granja do Rio de Janeiro enviou amostras de ovos ao Lacen. Até então, por conta própria, funcionários do laboratório têm conseguido raríssimas unidades.
Com eles ocorre a primeira escolha para a cultura de micobactérias – gênero de actinobactérias bacilares, aeróbicas obrigatórias, imóveis e altamente patogênicas, que causam diversas doenças em amostras de escarro. As amostras são semeadas na cabine de segurança biológica do Lacen.
Esses métodos também podem ser utilizados para outras amostras clínicas, pois consegue isolar a maioria das espécies de microbatérias, mencionou o termo de referência do edital.
MAIS DE 1,5 MIL EXAMES
“O Lacen já identificou mais de 150 micobactérias em Rondônia, alguns dos quais matam mais que a tuberculose”, informou a bióloga Cleoni Alves.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu prazo até 2050 para eliminar a doença causada pela Mycobacterium tuberculosis [bactéria causadora da tuberculose].
Em 2014, o laboratório fez mais de 1,5 mil exames de tuberculose, identificados graças aos métodos citados no termo de referência do edital de licitação. Ovos desse tipo são o primeiro meio de escolha para a cultura de micobactérias em amostras de escarro e também pode ser utilizado para outras amostras clínicas, pois conseguem isolar a maioria das espécies.
A Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) já coleta material clínico para exames de tuberculose nos presídios de Porto Velho.
Em 2013, o Lacen identificou 12 casos de tuberculose na população carcerária de 3,6 mil detentos, e 63 entre 3,7 mil detentos examinados em 2014. Esse resultado representou cinco vezes mais entre um ano e outro.
Essas ocorrências correspondem, respectivamente, a 326,8 casos por 100 mil habitantes e 1.679,5 mil/100 mil.
Fonte: Secom/Montezuma Cruz
Fotos: Maicon Lemes