O Instituto Médico Legal do município de Ariquemes não está funcionando. As informações são da própria equipe médica que atende no local. Todos os exames de cadáveres passam agora a ser realizados em Porto Velho. Os exames de vítimas e presos estão sendo realizados no hospital regional. “As más condições de trabalho, falta de estrutura e de equipe contribuiu para que a situação chegasse a este ponto” afirma médico legista, que prefere não se identificar.
O IML, que deveria possuir em sua escala uma equipe de pelo menos doze servidores entre técnicos em necropsia e peritos médicos-legistas, isso sem mencionar condutores do rabecão e serviço administrativo, passa por diversos problemas estruturais e não é de agora. Mas segundo informações, o problema tem se agravado. Além de não haver salas adequadas e suficientes para os atendimentos, os servidores ainda têm de lidar com a falta de limpeza e de água para consumo, que estava sendo comprada pelo próprios funcionários.
Outro problema é com relação às salas de atendimento. A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) recomenda através de suas normas técnicas que o IML tenha pelo menos duas salas de espera, uma para espera das vítimas e outra para a espera dos agressores, o que não acontece. A única sala existente além de ser pequena é dividida, o que faz com que na maioria das vezes a vítima encontre o seu próprio agressor dentro do Instituto.
Mas os problemas estruturais não param por aí. Além de sérios problemas na rede elétrica, o IML de Ariquemes não possui uma sala própria para necropsia. As autópsias são realizadas em uma varanda que além de não possuir iluminação, o que impede que exames cadavéricos sejam realizados a noite, não possui serviço de limpeza específica. Quem realizava a limpeza no local eram os próprios técnicos. Por não haver cobertura, os funcionários também eram obrigados a interromper os exames em caso de chuva.
A sala de atendimento onde era realizado exame das vítimas também passa por problemas. A única maca no local, utilizada para exames ginecológicos, encontra-se quebrada. Não há banheiro exclusivo para funcionários, muitos dos materiais de consumo e de coleta são insuficientes e em grande parte, ainda com o prazo de validade vencida.
Contrariando as normas, também não há nenhum tipo de contrato com empresa terceirizada para a realização da limpeza do local. Esta tem sido realizada ultimamente por uma reeducanda cedida pela Sepog que cumpre pena em regime semi-aberto.
A coleta de lixo biológico é realizada por empresa especializada somente a cada dez a quinze dias. “O local não oferece estrutura nenhuma para os profissionais. Isso tem interferido diretamente na própria saúde dos médicos. Dos quatro peritos que estavam na escala, um entrou de férias e outros dois já estavam afastados por problemas de saúde. O último médico legista que estava atuando sozinho, também não suportou a carga de trabalho e más condições e pediu afastamento” destacou o presidente do Cremero, Dr. Cleiton Bach.
A partir de agora, em caso de morte seja por homicídio, suicídio ou acidente, os corpos seguirão para a capital, o que além de causar uma sobrecarga nos atendimentos locais, vai demandar mais tempo para a liberação dos mesmos, causando transtorno à população da região.
Fonte: Assessoria