Diz a lenda que a expressão “Santo do Pau Oco” vem da Europa desde a idade média. Naquele tempo costumava-se construir imagens ocas, para ficarem mais leves e suaves. O tempo e a criatividade humana geraram outros objetivos e significados.
Dizem que o termo, no Brasil, teria surgido em Minas Gerais, onde mineiros para escaparem do “quinto” (um imposto de 20 por cento) que era cobrado pela Coroa Portuguesa sobre a riqueza mineral explorada em território brasileiro, inspirou a criação de imagens de santos em madeira oca. Assim, com as imagens preenchidas de ouro em pó, ficaria mais fácil passarem despercebidas pelos postos de fiscalização.
Com essa criatividade, as Casas de Fundição, então responsáveis pelas arrecadações de todos os tributos sobre a mineração do país em nome da Coroa, eram enganadas. Esses “Santos” também teriam sido usados pelos contrabandistas que mandavam pedras preciosas, ouro e todos os tesouros possíveis para Portugal ou para províncias brasileiras. Fortunas teriam sido feitas a partir desse truque, como dizem historiadores de termos populares.
A expressão também serve para denominar pessoas fraudadoras ou mentirosas. Todas aquelas histórias do passado estão sendo substituídas nos tempos atuais pelas, por exemplo, offshore que permitem a transferência do “ouro” secretamente para contas abertas nos paraísos fiscais onde têm sede” (assim denominado pela isenção de impostos sobre fortunas, alguns em menor escala, outros zerados, além do sigilo bancário controlado). São mais de 60 paraísos fiscais no mundo. Do Principado de Andorra, um pequeno país europeu situado na cordilheira pirenaica (Pireneus), entre a Espanha e o sudoeste da França, zona franca real, onde se compra uma boa máquina fotográfica a preços de banana, se comparado aos preços da zona franca brasileira, ao Quatar.
As offshore também são usadas para tudo, como lavagem de dinheiro obtido a partir de atos ilícitos, como da corrupção, crime organizado, terrorismo e tráfico de drogas, e até para aquisição de imóveis em outros países para suavizar impostos.
Muitos líderes podem ser considerados hoje como verdadeiros “Santos de Pau-Oco”, pelas mentiras que pregam e também pelos atos ilícitos que como Presidente da República ou ex-presidente, teriam cometido, ou se omitido, e, no caso brasileiro, especificamente, conforme delações publicadas diariamente e outras em andamento que os envolvem.
Então Lula, como líder, seria um Santo do Pau-Oco?
Ainda na sexta-feira afirmava que era um homem que, como ninguém, cumpre a lei neste país. Aliás ele sempre prega alguma coisa assim: “ninguém é melhor do que eu”. Mas as coisas estão surgindo a partir de pessoas de sua convivência pessoal, no passado, cidadãos de sua mais estrita confiança e hoje mentirosos, na visão dele, também “santos de pau-oco”?
A confissão no Brasil, nesses tempos de escândalos, têm sido feita através do Juiz Sérgio Moro (talvez um abençoado enviado ao Brasil), que vem tentando aplicar algumas penitências para delatores, com êxito: Penas reduzidas e, conforme a confissão, prisão domiciliar, com tornozeleiras. O problema é que o capeta escondeu as “tornozeleiras eletrônicas”. E alguns foram para o bem-bom, numa boa, nas melhores praias do Brasil. Mas isso já foi resolvido.
Apesar do discurso do ex-presidente e agora réu Lula da Silva em reclamação à ONU, quando afirmou da parcialidade da imprensa brasileira, na divulgação seletiva, ele mostrou, digamos, certa ignorância, ou malandragem, porque não fez qualquer referência ao “Panamá Papers”.
O “Panamá Papers” é o nome da investigação jornalística internacional que através do vazamento de documentos confidenciais, expôs um esquema mundial de ocultação de dinheiro e patrimônio em offshore (paraísos fiscais) realizado pela empresa de advocacia Mossack Fonseca, do Panamá.’ Os “Panamá Papers” vazaram mais de 11 milhões de documentos confidenciais que revelam nomes de indivíduos e empresas que recorreram à empresa Mossack Fonseca para lavagem de dinheiro e fuga a impostos e sanções.
Existem pelo menos cinquenta e poucos brasileiros envolvidos, entre os quais estariam o Deputado Eduardo Cunha, o ex-deputado federal João Lyra e o ex-Ministro de Minas e Energia Edson Lobão. Mas é bom que se destaque melhor que nem todos os usos de empresas offshore são ilegais.
Grandes jornais do mundo, pelos seus jornalistas que representam a imprensa comprometida com o jornalismo investigativo, tendo no Brasil, inclusive, também uma Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos (ABRAJI), contribuem internacionalmente para o combate a corrupção. No caso do “Panamá Papers”, inúmeras autoridades ou familiares de líderes mundiais também foram citados. No Brasil, o Estadão e a Rede TV, têm sido destaques e até participam dessas organizações internacionais, que também vem agregando outros importantes jornais e revistas brasileiros.
Mas o ex-presidente esqueceu (?) de citar os jornais do mundo, que compartilham com os jornais brasileiros.
Lula será mesmo um “Santo do Pau-Oco?