Atualmente, o Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo, com mais de 20 mil cirurgias por ano. Desde o início do século, já foram realizados mais de 335 mil transplantes.
Da mesma maneira, o número de carências também cresceu. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, as maiores listas de espera para a realização de transplantes são para rim, fígado e pâncreas/rim, respectivamente.
As filas de cada órgão
Cada órgão tem uma fila de espera específica, baseadas na Lei nº 9.434/1997, no Decreto nº 2.268/1997 e na Portaria GM/MS nº 2.600/2009. As relações de pacientes são administradas pela Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde, por meio de sistema informatizado.
A principal característica das listas é que elas não funcionam por ordem de chegada, em que o primeiro a se inscrever receberá o órgão antes do segundo e assim consecutivamente. Em vez disso, os critérios obedecem a condições médicas. São três fatores determinantes: compatibilidade dos grupos sanguíneos, tempo de espera e gravidade da doença.
Por exemplo, se pela ordem de chegada o primeiro colocado na fila é uma pessoa com tipo sanguíneo A e um órgão de um doador tipo B fica disponível, a primeira colocada não vai receber o transplante.
Da mesma maneira, a gravidade do estado de saúde do paciente é mais determinante que o tempo de espera. Assim, pacientes com maior risco de morte têm a preferência.
No caso dos transplantes de fígado, por exemplo, esse risco é mensurado por um índice matemático chamado Model for End-stage Liver Disease, ou Meld (em português, Modelo para a Doença Hepática em Estágio Terminal, em uma tradução aproximada). O cálculo é feito com base nos exames laboratoriais do doente. Quanto maior for o resultado desse cálculo, mais à frente da lista o paciente é posicionado.
Já no caso dos rins, os médicos retiram os órgãos do doador, coletam exames e fazem uma análise genética completa. Com o resultado em mãos, eles fazem um comparativo com todas as pessoas que esperam um rim e classificam esses pacientes por compatibilidade.
Os mais compatíveis ganham mais pontos. O tempo de espera também conta, mas há outros vários fatores. Condições médicas como diabetes, por exemplo, garantem maior pontuação, entre outros. Quem somar mais pontos recebe o órgão. Cada vez que um rim fica disponível, um ranking diferente é gerado.
Prioridade regional
O paciente à espera de um transplante precisa estar inscrito no Cadastro Técnico Único. Apesar de o sistema de transplantes e a fila serem nacionais, as distribuições são regionalizadas.
Isso significa que o órgão do doador é viabilizado para um receptor do mesmo Estado da federação. Isso acontece, primeiramente, por questões de logística de transporte. Além disso, considera-se o tempo de isquemia, isto é, o prazo de duração que o órgão resiste sem irrigação fora do corpo.
Se um coração está disponível em Minas Gerais, o sistema busca, primeiramente, um receptor no mesmo Estado. Se não for esse o caso e os critérios de prioridade não responderem à localização do doador, o órgão será disponibilizado para paciente mais próximo do Estado e que atenda aos critérios médicos exigidos.
O Sistema Nacional de Transplantes tem um prontuário eletrônico que o paciente (ou o responsável) pode acessar pela internet, com o número e senha que recebe ao fazer inscrição no Cadastro Técnico Único.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Saúde, Câmara dos Deputados e Associação Brasileira de Transplante de Órgãos