A Rádio Falante da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Orlando Freire, em Porto Velho virou tema de monografia da aluna do curso de Comunicação, Carla Cristina Pereira das Neves, que realizou pesquisa na emissora e construiu seu projeto de conclusão do curso. Após concluir o Ensino Médio, em 2010, na Escola Estadual Major Guapindaia, Carla dedicou-se à área da comunicação. Em seu artigo, ela provou, através de pesquisa de campo, que a educomunicação é um campo da educação que traz bons resultados ao processo de ensino.
Carla acompanhou um grupo de alunos que participava da rádio escola, quando registrou a evolução das notas. Ao comparar com grupos que não participaram da emissora, os estudantes que participaram da Rádio Falante obtiveram notas superiores. “Isso se deu porque os alunos que participam do projeto desenvolvem as habilidades comunicativas fundamentais para apresentação de trabalhos escolares”, ressaltou Carla Cristina, ao demonstrar que para produzir o conteúdo da rádio é necessário trabalhar a pesquisa, a argumentação, o discurso, a postura e que esses aspectos são importantes no processo ensino aprendizagem.
A emissora tem despertado interesses além dos educacionais. Alguns alunos que tiveram a oportunidade de participar do projeto decidiram transformar a experiência escolar em profissão. É o caso de Anny Nascimento, hoje acadêmica de jornalismo numa faculdade particular da capital. Outros alunos também se enveredaram para a comunicação como área de trabalho. Para Alcemir Ribeiro, coordenador do projeto, o trabalho também visa despertar o interesse do aluno pelo jornalismo. “Desenvolver habilidades da comunicação e, também, provocar o interesse deles por outras áreas profissionais”, destacou Alcemir, ao falar da importância da participação do estudante no projeto da rádio escola que, segundo ele, a cada ano mais de 20 alunos, voluntariamente, participam.
Em Rondônia, dezenas de escolas estaduais desenvolvem o projeto de rádio escola, como a Escola Estadual Rio Branco que em recente visita à Orlando Freire oportunizou aos alunos uma troca de experiências. Cada escola tem a autonomia de montar e definir o conteúdo a ser trabalhado. Os idealizadores e coordenadores da Rádio Falante e TV Paredão, Alcemir Ribeiro e Reinaldo Ramos, professores da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), já capacitaram mais de 260 educadores em cursos que visam utilizar ferramentas tecnológicas nas escolas, entre elas a rádio-escola. “Viajamos por várias cidades e escolas de Rondônia levando informações e experiências que estão permitindo que outros gestores e professores também construam suas emissoras”, afirmou Ribeiro, ao defender que esse projeto seja implantado em todas as escolas do estado.
Inaugurada em 10 de abril de 2010, a rádio escola da Orlando Freire agora projeta saltar os muros do colégio e alçar voos distantes. A partir de 2016, a Rádio Falante – como é intitulada – deverá ser uma emissora via internet. O projeto já está pronto e aguardando apenas recursos para sua implantação, conforme Reinaldo Ramos, um dos diretores da Rádio Falante que tem como prioridade a informação e a participação dos alunos através de entrevistas, debates e informativos da escola. “Toca-se música, mas em circunstâncias específicas, a pedido de algum professor ou um quiz”, ressaltou Reinaldo ao lembrar que músicas são tocadas dentro de um contexto.
O desejo de levar a Rádio Falante ao mundo via internet é, segundo Ramos, um projeto que vai possibilitar as famílias dos alunos da escola e toda a comunidade próxima saber das atividades, projetos e realizações da escola e dos alunos. Nesses cinco anos de funcionamento, a Rádio Falante já recebeu seis prêmios. Destaque para o 1º lugar na categoria Iniciativa Pública e Privada do Instituto da Cidadania Brasil em parceria com o Sebrae, CNI e Sesi. Na Assembleia Legislativa de Rondônia, a rádio recebeu dois votos de louvor, em 2012 e 2014. Programas e publicações de alcance nacional já destacaram o trabalho da Rádio Falante. “Porém, o início foi muito difícil. Dias antes da inauguração, parte dos equipamentos foi furtada”, lembram os diretores.
Sensibilizado, um empresário doou novos aparelhos e a emissora começou a funcionar. Atualmente, os trabalhos em estúdio são acompanhados por um televisor. A curiosidade dos alunos em ver as entrevistas, não se contentando em apenas ouvir, resultou na criação da TV Paredão. Instalada no pátio da escola, os alunos que quiserem acompanhar o que está sendo realizado no estúdio, podem ver e ouvir pela tela da TV.
Fonte: Fabio Arantes/Nara Vargas
Fotos: Quintela/Arquivo