Pernilongos também estão contaminados com zika, diz Fiocruz

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FILE - In this Jan. 27, 2016, file photo, an Aedes aegypti mosquito is photographed through a microscope at the Fiocruz institute in Recife, Pernambuco state, Brazil. A New Jersey doctor said a woman from Honduras with the Zika virus gave birth to a baby on May 31, 2016, that appears to be affected by the disease, which is spread primarily through mosquito bites and can also be transmitted through sex. (AP Photo/Felipe Dana, File)

O mosquito Aedes aegypti não é o único contaminado pelo zika vírus. Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz aponta que o pernilongo, também conhecido como muriçoca ou, tecnicamente, como Culex quinquefasciatus, também está contaminada com o vírus responsável pela epidemia de microcefalia no Brasil.

Esta é a primeira vez que um estudo identifica possível relação entre a transmissão do vírus e o mosquito. A Fiocruz ressalta que a população de muriçoca é 20 vezes maior que a do Aedes e que o mecanismo de controle populacional entre as duas espécies é diferente.

Segundo a fundação, foram analisados três grupos de 80 mosquitos. Em duas das amostras, eles não estavam alimentados, “demonstrando que o vírus estava disseminado no organismo do inseto e não em uma alimentação recente num hospedeiro infectado”.

A carga viral encontrada nas duas espécies estudadas (Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus) foi similar.

Ainda não está clara a participação da muriçoca na epidemia. Novos estudos serão feitos.

“Até os resultados de novas evidências, a política de controle da epidemia de Zika continuará pautada pelas mesmas diretrizes, tendo seu foco central no controle do Aedes aegypti”, ressalta a Fiocruz.

Segundo dados divulgados na quarta-feira (20) pelo Ministério da Saúde, até 16 de julho, foram confirmados 1.709 casos de microcefalia. Permanecem sob investigação outros 3.182 casos suspeitos.

O estudo

“Foram realizadas duas infecções de mosquitos, cada infecção com duas concentrações de vírus diferente (104 e 106) da linhagem ZIKU BRPE243/2015.

‘A menor simula a condição de viremia de um paciente real. Em seguida, os mosquitos foram coletados em diferentes momentos: no tempo zero (logo após a infecção), três dias, sete dias, 11 e 15 dias após a infecção pelo vírus’, esclarece Constância Ayres, coordenadora do estudo.

Um grupo controle, com mosquitos alimentados com sangue sem o vírus, também foi mantido. Cada mosquito foi dissecado para a extração do intestino e da glândula salivar, tecidos que representam barreiras ao desenvolvimento do vírus.

O procedimento se dá de maneira que, se a espécie não é vetor, em determinado momento o desenvolvimento do vírus é bloqueado pelo mosquito.

No entanto, se ela é vetor, a replicação do vírus acontece, dissemina no corpo do inseto e acaba infectando a glândula salivar, a partir da qual poderá ser transmitido para outros hospedeiros durante a alimentação sanguínea, pela liberação de saliva contendo vírus.

Segundo Constância, a partir do terceiro dia após a alimentação artificial, já foi possível detectar a presença do vírus nas glândulas salivares das duas espécies de mosquito investigadas. Após sete dias, foi observado o pico de infecção nas glândulas salivares o que foi confirmado através de microscopia eletrônica”, explica nota da Fiocruz.

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