O papa Francisco convocou os bispos do México, neste sábado, a enfrentarem o tráfico de drogas e sua decorrente violência com “coragem profética”, em um discurso na catedral metropolitana.
“A proporção do fenômeno (do narcotráfico), a complexidade de suas causas, a imensidão de sua extensão, que devora como uma metástase, a gravidade da violência que desagrega e suas manifestações distorcidas, não nos permitem, nós, Pastores da Igreja, escondermo-nos atrás de condenações anódinas, mas exigem uma coragem profética”, declarou Francisco, em uma mensagem aos bispos mexicanos.
O papa Francisco se encontrou, neste sábado, com o presidente mexicano Enrique Peña Nieto no Palácio Nacional, na primeira visita de um pontífice ao local – para abordar sua preocupação com a violência, corrupção e pobreza que assolam o país.
O papa foi recebido por milhares de fiéis no Zócalo, uma praça construída sobre as ruínas de templos pré-hispânicos e onde estão a catedral e o Palácio Nacional. Peña Nieto esperava Francisco na porta do Palácio, junto a membros de seu gabinete e do episcopado.
“Espero que o papa nos traga consciência sobre esses problemas” de corrupção, pobreza e discriminação, disse à AFP Adán González, um empreiteiro industrial aposentado de 68 anos, que chegou à Praça da Constituição ainda de madrugada para ser um dos primeiros na fila ante a catedral.
Ao sair com seu papamóvel da Nunciatura Apostólica, o pontífice se aproximou para cumprimentar os fiéis, entre eles anciãos e um grupo de homens e mulheres em cadeiras de rodas.
“Sua visita nos enche de esperança, reforça nosso espírito. É um país com muita dor devido a este problema tão grande que temos com a violência”, disse Ema Torres, uma dona de casa de 70 anos que esperava pelo papa desde o amanhecer, em frente à Nunciatura.
O encontro deste sábado constitui a primeira vez que um presidente mexicano recebe, no Palácio, um chefe da Igreja Católica, um gesto simbólico em um país devoto, mas com uma larga tradição laica e que, apenas em 1992, restabeleceu relações diplomáticas com o Vaticano.
A presença de Francisco vem para fechar um ciclo. “Durante muito tempo, no século XIX e boa parte do XX, vivemos momentos, em nossa relação com o Vaticano, caracterizados pela tensão e, inclusive, pelo conflito” em meio às leis anticlericais do governo nascido de uma Revolução”, reconheceu o embaixador do México no Vaticano, Mariano Palacios Alcocer.
De fato, a visita do papa ao país mexicano foi muito esperada pelo governo de Peña Nieto, alvo de fortes críticas pela situação de direitos humanos no país e casos como o desaparecimento e possível massacre dos 43 estudantes de Ayotzinapa.
Fonte: Folha de São Paulo