Depois dos habitantes da Ásia e do Pacífico, milhares de europeus observam na noite desta segunda-feira (hora local) o aparecimento da Superlua, um espetáculo mundial inédito em quase 70 anos, em que nosso satélite é visto maior e mais brilhante do que nunca.
A Superlua é resultado de dois fenômenos astronômicos concomitantes: a fase de Lua cheia e o momento em que o astro, cuja órbita é elíptica, está o mais perto possível da Terra.
“Uma Superlua pode ser até 14% maior e 30% mais luminosa que uma Lua cheia no seu apogeu” (posição na sua órbita na que se encontra mais afastada da Terra), segundo a Nasa.
A Lua atingiu seu perigeu, o ponto de órbita mais próximo ao centro do nosso planeta, às 11h22 GMT (9h22 de Brasília) e ficou cheia às 13h52 GMT (11h52 de Brasília).
Ao longo do dia, à medida que for anoitecendo, os habitantes de todas as regiões do mundo poderão observar este fenômeno.
Mas o espetáculo depende, em grande medida, das condições meteorológicas, já que se precisa de um céu limpo para poder observar o fenômeno em toda a sua plenitude.
No Brasil, o clima pode prejudicar a observação, visto que a previsão é de chuva e céu nublado em boa parte do país.
Centenas de gregos e de turistas apreciaram a Superlua em volta da Acrópole de Atenas. As poucas nuvens que cobriam o céu foram se dissipando, e o satélite apareceu entre as colunas do monumento antes de iluminar toda a colina, segundo um fotógrafo da AFP no local.
Cerca de 2.000 km mais ao norte, na Cracóvia, o psicoterapeuta Roman Kwiatkowski observava o céu no seu terraço. “A Lua parece mais dourada do que de costume, não tem sua fria cor prateada de sempre”, disse à AFP.
Quase no mesmo meridiano, mas na África, dezenas de pessoas se reuniram na praia de Coco Beach de Dar es Salam, capital econômica da Tanzânia, para admirar o espetáculo.
Varsóvia, Londres e Berlim tiveram menos sorte. Na capital inglesa, as nuvens sequer permitiam identificar o topo do Shard, o arranha-céu mais alto da Europa, com 309 metros.
Em Lisboa, muitos habitantes se reuniram às margens do rio Tejo para assistir ao lento surgimento da Lua sobre a ponte Vasco da Gama, em um céu sem nuvens.
“Não podia perder isto. É a primeira vez que fotografo uma Superlua. É fantástico”, disse um fotógrafo amador à um canal de televisão português.
Horas antes, gritos de alegria e aplausos tomaram conta da pequena Praia de Bondi, uma das mais famosas de Sydney, onde milhares de pessoas se reuniram, quando a Lua surgiu no céu brevemente entre duas espessas nuvens cinzas.
“É muito legal”, disse à AFP Aidan Millar-Powell, em referência ao ambiente festivo e comunitário na Praia de Bondi. “As pessoas não costumam se reunir assim em Sydney para ver um fenômeno natural (…) Ninguém quer morrer sem poder dizer: ‘vi a Superlua’”.
Mais luminosidade
Em Hong Kong, turistas, trabalhadores de escritório e casais lotavam o litoral enquanto a Superlua surgia por trás dos arranha-céus do centro financeiro da cidade.
“Nunca vi uma Lua tão grande”, disse à AFP Lee Pak-kan. “A Lua é bastante alaranjada, é algo especial”, acrescentou este habitante de Hong Kong.
No Japão, o espetáculo foi visível em algumas partes do arquipélago, mas não em Tóquio, onde o céu estava nublado.
As praias de Bali, a ilha mais turística da Indonésia, também se encheram de gente, e centenas de surfistas esperavam “superondas” no momento da Superlua, devido à influência do astro nas marés.
Na Índia, o fenômeno também era visível em quase todo o país, embora em Nova Délhi, a capital mais poluída do mundo, os habitantes tenham tido dificuldades para observar a Superlua através de uma espessa camada de fumaça que cobre o céu há semanas.
Nesta segunda-feira, a Lua estava a ‘apenas’ 356.509 km da Terra – a distância média é de 384.400 km.
“É necessário remontar a 26 de janeiro de 1948 para ter uma Superlua cuja distância em relação à Terra seja menor” do que essa”, afirma Pascal Descamps, do Observatório de Paris.
E teremos que esperar até 25 de novembro de 2034 para que a Lua se aproxime mais de nós, acrescenta.
Além disso, “como o sistema Terra/Lua se aproximará da época do ano em que está mais perto do Sol (em 4 de janeiro de 2017), a Lua vai receber mais luz solar do que o habitual, o que também aumentará seu brilho aparente”, de acordo com a Associação Astronômica Irlandesa (IAA).
O fenômeno é visível a olho nu em todos os lugares (se as condições meteorológicas permitirem, é claro), mas com binóculos ou um telescópio a superfície lunar poderá ser escrutada como nunca.
Em alguns países, como a Tailândia, as autoridades colocaram telescópios à disposição do público em várias cidades.
Em Taiwan, o Museu Astronômico de Taipei instalou vários telescópios no centro da cidade. Muitos amadores entusiastas da observação espacial marcaram de se encontrar na cúpula da Torre 101, um dos arranha-céus mais altos do mundo.