Vênus é o segundo planeta mais próximo do Sol em nosso sistema solar e um dos mais difíceis de se estudar. O ar é uma mistura de ácido sulfúrico, nitrogênio e dióxido de carbono, a superfície tem uma tempertura média de 454 graus celsius e a pressão atmosférica é 92 vezes maior que a da Terra – forte o bastante para esmagar um submarino.
O último objeto feito pelo homem a tocar o solo de Vênus para extrair informações foi uma sonda, lançada pela União Soviética em 1982, que chegou a transmitir apenas duas horas de informação para a Terra antes de ser destruída pelo clima inóspito do planeta. Cientistas da Agência Espacial dos EUA, a Nasa, porém, querem tentar de novo.
O Programa de Conceitos Avançados e Inovadores da agência, um pequeno departamento encarregado de planejar o futuro da exploração espacial, revelou nesta semana à Wired o desenho de um robô feito para sobreviver às condições extremas de Vênus.
Trata-se do AREE, sigla para “Automation Rover For Extreme Environments”, ou “Sonda Autônoma para Ambientes Extremos”, em tradução livre. Trata-se de um veículo robótico imaginado pelos cientistas da Nasa que seria, em tese, capaz de suportar o ambiente feroz de Vênus por dias, semanas ou até meses.
O segredo é a tecnologia rudimentar que equipa o robô. Em vez de encher a máquina com sensores e processadores de última geração, os criadores do AREE imaginam um rover com computadores mecânicos, equipamentos bem mais antigos, resistentes e duráveis. Ao contrário das sondas que são encaminhadas a Marte, por exemplo.
Os trilhos em formato de tanque de guerra permitem que o robô se movimente de maneira segura, sem precisar de um sistema de câmeras para evitar buracos. Para enviar os dados coletados, o AREE utilizaria um refletor óptico que transmite informações na forma de código morse, piscando luzes para satélites que acompanham Vênus a uma distância segura. Já a bateria da máquina seria abastecida por turbinas eólicas.
Dessa forma, os cientistas da Nasa esperam que o robô seja capaz de enviar até 1.000 bits de informação por dia. É bem menos do que a Curiosity, sonda que explora a superfície de Marte e consegue enviar até 1 milhão de bits por dia. Por outro lado, o AREE promete durar mais e coletar informações sobre mais elementos de Vênus, ainda que essas informações não sejam tão detalhadas.
Por enquanto, porém, o robô só existe na forma de conceito. A equipe por trás do projeto acaba de conseguir financiamento para construir um protótipo, que deve ficar pronto em até três anos. Não há planos para uma missão a Vênus num futuro próximo. Portanto, ainda existe a chance de que o robô jamais toque a superfície do planeta vizinho.
Fonte: OlharDigital