Hugh Hefner, fundador da Playboy, morreu ontem (27), aos 91 anos, em sua mansão em Los Angeles. A morte, de causas naturais, foi informada pela Playboy Enterprises, conglomerado criado a partir da revista de “entretenimento para os homens” fundada pelo empresário americano em 1953.
A proposta da publicação, que trouxe Marilyn Monroe em sua primeira capa, era revolucionária para a época: ensaios com mulheres nuas, entrevistas reveladoras e a defesa de um estilo de vida sofisticado e hedonista. A aposta deu certo e a revista se tornou a principal publicação do mundo voltada para o público masculino, dando origem a um império do entretenimento sob a marca Playboy que no auge incluiu cassinos, casas noturnas e canais de televisão. E o seu fundador virou uma espécie de garoto-propaganda do ideal pregado em suas páginas.
“Sou o homem mais sortudo do mundo”, admitiu Hefner a VEJA em 2006, quando, aos 80 anos, dividia sua mansão com três jovens e loiras namoradas. Naquele momento, o empresário já havia consolidado ao longo dos anos a imagem de bon vivant, sempre de roupão de seda, cercado de coelhinhas e comandando festas disputadíssimas em seu palácio em Beverly Hills.
Revolução
Hefner e sua revista estiveram na vanguarda da revolução sexual dos anos 1960 e 1970 – e o coelho símbolo da marca se tornou por si só um ícone pop. Nas primeiras décadas da publicação, os conservadores que se escandalizavam com a nudez nas bancas de revista eram uma dor de cabeça constante para o editor, mas as feministas também estavam entre as críticas do estilo vendido pela Playboy. Às acusações de que os ensaios “objetificavam” as mulheres, Hefner respondia com ironia. “Se nenhuma mulher fosse encarada como objeto, não existiria uma próxima geração. E muitas mulheres aprenderam a usar a Playboycomo um meio de aumentar o seu poder sexual”, disse a Veja.
Curiosamente, uma das decisões mais controversas da revista foi justamente a de deixar de exibir mulheres nuas. A medida, tomada em 2015, buscava reposicionar a Playboy diante da banalização da nudez e do sexo provocada pela internet – e da queda vertiginosa nas vendas. Na ocasião, a revista chegou a afirmar que o nu estava obsoleto. Dois anos depois, porém, voltou atrás.
Já na terceira idade, o empresário defendeu com entusiasmo uma outra revolução sexual, aquela provocada pelos remédios contra a impotência. “O Viagra é como a pílula anticoncepcional, uma conquista para a sexualidade. A pílula liberou a mulher para o sexo e o Viagra liberou o homem. No meu caso, com seis namoradas, é um recurso bem valioso”, afirmou a VEJA em 2004, quando tinha 77 anos e meia dúzia de companheiras.