Preocupados com a imagem da presidente Dilma Rousseff e buscando agradar a centrais sindicais e movimentos sociais, ministros petistas próximos ao Planalto vão pressionar a equipe de Nelson Barbosa (Fazenda) a evitar medidas impopulares.
Entre elas estão a decisão de não corrigir a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física e a de aumentar as prestações do programa Minha Casa, Minha Vida.
Diante do deficit nas contas públicas, não há previsão de reajuste da tabela do IR no Orçamento de 2016. É a primeira vez que isso acontece sob a gestão de Dilma.
Assessores presidenciais defendem que a presidente adote medidas para beneficiar sua base política, para tentar afastar de vez a ameaça de abertura de um processo de impeachment.
Segundo eles, deixar de corrigir a tabela do IR, depois de a inflação ter sido 10,67% no ano passado, é na prática uma redução de renda.
Já a equipe da Receita é contra a correção da tabela do IR sob o argumento de que ela estimula mecanismos de indexação da economia, alimentando a cultura inflacionária no país, que acaba prejudicando os mais pobres.
Em 2015, Dilma quis manter a correção da tabela do IR em 4,5%, mas foi obrigada a ceder diante das pressões das centrais sindicais. A correção variou de 4,5% a 6,5% e, na média foi de 5,6%.
Segundo técnicos da Fazenda, para outra correção da tabela, será preciso elevar algum outro tributo. Ainda não foi feito um cálculo do custo da medida, porque ela não está prevista. Em 2015, o custo foi de R$ 3,975 bilhões.
Presidente do PT, Rui Falcão disse que seu partido defende uma nova política tributária, que inclua além do reajuste da tabela do IR a reforma do ICMS e a taxação de grandes fortunas.
O PT defende, por exemplo, uma alíquota de 40% para quem ganha acima de R$ 100 mil. A Receita diz que a proposta é inócua, porque poucas pessoas têm esse rendimento registrado.