Todo o país se mobiliza para colocar em prática o Programa de Fomento à Implementação da Escola em Tempo Integral do Ministério da Educação (MEC). Foram selecionadas 523 instituições de ensino para desenvolveram esta iniciativa no período de 2017 a 2020. Em Rondônia, 10 escolas executam o programa e recentemente a proposta foi fortalecida no Estado com a publicação da Lei Complementar n. 940 que institui o Programa Escola do Novo Tempo.
‘‘O governo Federal, por meio da portaria n°1.145, regulamenta o Ensino Médio em tempo integral, porém era necessário implantar no Estado o programa em forma de lei para que ele não seja um programa qualquer, mas sim política pública do Estado. É uma iniciativa que faz diferença na vida dos alunos e esperamos que com isso tenhamos um melhor resultado no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]’’, afirma a gerente de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação de Rondônia (Seduc) Eucilene Ribas.
A lei também regulamenta a carga horária dos professores nas escolas de Ensino Médio em tempo integral. Determinando que os mesmos dediquem 40 horas semanais ao ambiente escolar. E ainda cria a Comissão de Coordenadoria do Programa Escola do Novo Tempo, dotada de autonomia técnica e financeira, a qual compete planejar, coordenar e executar as ações do programa.
De acordo com a coordenadora pedagógica da equipe de implantação das escolas do Programa Escola do Novo Tempo, Jandernoura Araújo, no Estado o programa vai atender inicialmente 4.160 alunos e envolve 490 servidores entre técnicos e professores. ‘‘Essa Lei complementar vem regulamentando todos os passos dessa implantação e isso é feito pela Seduc, em parceria com o Instituto Sonho Grande, Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE) e Instituto Natura’’, destaca.
As 10 escolas de Ensino Médio em tempo integral – A Escola do Novo Tempo são: Brasília (Porto Velho), Marechal de Farias Cordeiro (Pimenta Bueno), Alejando Yague Mayoir (Ji-Paraná), Josino Brito (Cacoal), Juscelino Kubistchek (Alta Floresta), Cândido Portinari (Rolim de Moura), Capitão Silvio de Farias (Jaru), Simon Bolivar (Guajará-Mirim) e 7 de Setembro (Espigão).
“O programa trabalha em cima das primícias do protagonismo juvenil e da corresponsabilidade social com base na pedagogia da presença”. Jandernoura Araújo, coordenadora pedagógica.
A coordenadora pedagógica explica que nas escolas que fazem parte do Programa Escola Novo Tempo os alunos permanecem 9h30 minutos na unidade de ensino, sendo que 7h30 são de efetivo trabalho pedagógico e as outras 2 horas estão divididas entre horário de almoço e intervalos programados no período da manhã (10h) e da tarde (15h30).
De acordo Jandenoura, o currículo de Educação Integral da Escola do Novo Tempo segue a base curricular nacional comum com reforço escolar em Língua Portuguesa e Matemática. Inclui ainda disciplinas de conhecimento regional: Geografia e História de Rondônia. Além de ser integradora que é parte diversificada. ‘‘O programa trabalha em cima das primícias do protagonismo juvenil e da corresponsabilidade social com base na pedagogia da presença’’.
A parte diversificada do programa contempla disciplinas como:
Projeto de Vida – O aluno, com apoio de um professor orientador, constrói o projeto de vida e desta forma compreende a importância dos estudos para alcançar objetivos.
Estudo Orientado – Nesta disciplina, o estudante recebe reforço em determinado conteúdo que apresente dificuldade ou que queira ampliar os conhecimentos.
Avaliação Semanal – São provas preparatórias para servir como testes para o Enem, concursos e outros processos avaliativos.
Práticas Experimentais – São as disciplinas realizadas em laboratórios com ênfase em química, física e biologia.
Disciplinas Eletivas – Onde os alunos escolhem o tema que querem estudar de acordo com a área de interesse profissional. São disciplinas que mudam a cada semestre.
Pós- Médio – Disciplina que os alunos vão identificar seus objetivos após o Ensino Médio e serão orientados a como se preparar para o Ensino Superior e/ou para o mercado de trabalho.
Segundo o MEC, a carga horária curricular do ensino integral do ensino médio deverá contar com, no mínimo, 2.250 minutos semanais, sendo 300 minutos de língua portuguesa, outros 300 de matemática e 500 para atividades de componente curricular flexível.
ACOMPANHAMENTO
A educação integral é uma resposta, segundo a coordenadora, a um Ensino Médio que vem registrando em vários estados brasileiros, principalmente nas capitais, um baixo índice no Ideb. Professores, gestores, alunos, Seduc, parceiros, todos estão mobilizados para elevar o desempenho dos estudantes. Para isso, uma das primícias do programa é a capacitação dos profissionais.
‘‘Todos os profissionais que participam do programa foram capacitados. A formação acontece durante todo o ano. Nós já tivemos três formações: Formação inicial para professores, Rotina pedagógica para coordenadores pedagógicos e a Rotina pedagógica para os diretores escolares’’, afirma a coordenadora.
Atualmente, a equipe de implantação das escolas do Programa Novo Tempo com o juntamente com o Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE) realizam o primeiro ciclo de acompanhamento para verificar se de fato todas as orientações sobre o Ensino Médio Integral estão sendo executadas. ‘‘É um programa que não tem como não dar certo, ele vai dar certo, pois estamos acompanhando a todo o momento’’, disse Jandernoura.
O acompanhamento começou pela escola Simon Bolívar, em Guajará-Mirim na segunda-feira (17) e deve ser finalizado até o dia 28 percorrendo todas as 10 escolas inseridas no programa. ‘‘Duas semanas depois da última visita o Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação irá enviar relatório com as orientações geradas a partir das visitas in loco e a equipe da Seduc irá novamente às escolas cobrar o que ficou orientado’’, explica a coordenadora.
ESCOLA BRASÍLIA
Nos dias 18 e 19, as atividades se concentraram na escola Brasília, em Porto Velho, onde 425 estudantes participam do Programa Escola do Novo Tempo. As aulas neste novo formato começaram a pouco mais de um mês, mas apesar do curto período, os alunos já demostram entender que o programa será um diferencial para o futuro deles. É assim com o estudante Gabriel Muniz, 17 anos, do 1° ano do Ensino Médio.
‘‘Muitos pensam que estudo integral é cansativo, mas não é. É uma forma de nos prepararmos melhor para o nosso futuro. Algo bem interessante do Programa Escola do Novo Tempo é a disciplina Projeto de Vida, onde nos definimos exatamente o que queremos para nossas vidas. A gente tem que lutar por aquilo que a gente quer na vida e nunca desistir’’, conta ele, revelando que tem o sonho de ser policial rodoviário federal.
Já a estudante Thaís Carolina Céspedes, 17 anos, do 2° ano do Ensino Médio planeja ser polícia federal ou se dedicar a psicologia. ‘‘A escola tem uma estrutura muito boa, os professores são muito dedicados, está sendo uma experiência ótima. Com mais tempo na escola, aprendemos tudo mais detalhado. Por exemplo, antes na escola regular tínhamos quatro aulas de matemática por semana, agora temos sete. E não são aulas chatas, são bem dinâmicas’’, garante.
Professora responsável pelas disciplinas de Artes e Projeto de Vida, Telma Cristina Viamonte, acredita que o programa vem para preencher as lacunas que faltavam para os jovens do Ensino Médio. ‘‘Acredito que o Projeto de Vida é mais que uma disciplina, é a espinha dorsal do programa. Vem parar nortear os objetivos que os estudantes têm para a vida deles. São nessas aulas que começamos a instiga-los a descobrir seus valores, o papel que ocupam na sociedade e como eles podem contribuir. É um chacoalhada nesses jovens, que muitas vezes estão acomodados’’, avalia ela, contando também o que os jovens são levados a refletir sobre o que estão fazendo para alcançar seus sonhos.
Há mais de 20 anos dedicando a vida a educação, a gestora da escola Brasília Clarina Carneiro recebe o Programa Escola do Novo Tempo como um desafio gratificante. ‘‘É algo fantástico, desde que conheci o programa me encantei. Eu acredito nesses jovens e esse programa veio para fazer a diferença e a gente já percebe pela motivação dos estudantes a aceitação a esse modelo de ensino integral. Nós tornamos uma grande família’’, avalia.
A Escola Brasília conta com 16 salas temáticas para o programa em uma estrutura ampla com laboratórios, refeitório, quadra esportiva, auditório e biblioteca, entre outras estruturas de apoio pedagógico. A instituição passa por finalização da reforma. ‘‘Nós estamos nos dedicando muito para esse programa seja um sucesso. Temos uma equipe muito comprometida. É uma responsabilidade grande, mas não é um peso e sim um compromisso de fazer dar certo porque isso nos traz uma satisfação muito grande’’, afirma a vice-diretora e coordenadora administrativa financeira Izis Mendes.
‘‘Esperamos que o projeto alcance o que se propôs que é formar jovens solidários, competentes, que de verdade contribuam com a sociedade. Que todos adquiram mais que conhecimento, que sejam bons cidadãos e que façam boas escolhas. Esperamos que esse programa dê muitos frutos bons’’, disse a professora Telma.
Fonte: Secom