Índios de Rondônia discutem desenvolvimento sustentável em suas terras

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Em pé, de olhos fechados, representantes de 54 etnias indígenas de Rondônia acataram o apelo do coordenador estadual Elinton Gavião, para que lembrassem os antepassados. Um minuto depois, às 9h50, ele discursou: “Se antes, nossos povos recebiam mais recursos, eram reconhecidos, hoje nos resta praticar nossa cultura e nossa religião”. Assim foi aberto, nesta semana o 2º Seminário de Desenvolvimento Sustentável em Terras Indígenas.

O secretário estadual adjunto do desenvolvimento ambiental, Francisco de Sales, reiterou o compromisso do governador Confúcio Moura com minorias étnicas no estado. “Eu sei que essas políticas públicas requerem determinado tempo de execução, e isso atropela um pouco a expectativa de vocês, mas reafirmo o compromisso do governo com gestões ambientais, e elas serão cumpridas à risca, podem confiar”, disse.

Os participantes do seminário debateram o Plano de Desenvolvimento Sustentável e Direito Indígena, com o apoio do Ministério Público Federal, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e do Desenvolvimento Ambiental e da Associação Etnoambiental Kanindé.

O procurador da República  Reginaldo Trindade lamentou que, 12 anos atrás, a invasão da terra Uru-eu-au-au [por madeireiros e agricultores] “era grave e exigia solução urgente, e assim continua”.

Ele estimulou líderes indígenas a terem determinação e lutarem para superar dificuldades. “Sabemos que o preconceito da sociedade contra minorias ainda é grande, mas vocês não devem esmorecer, por isso, reivindiquem permanentemente”, disse.

Segundo Trindade, “a sensibilidade e a boa vontade do governo e da Assembleia Legislativa de Rondônia devem ser bem aproveitadas”. Lembrou que 17 faculdades no estado concederam bolsas para minorias étnicas, entretanto, ponderou: “Elas ainda não foram totalmente preenchidas, e não adianta só a bolsa, é preciso cobrar mais e profissionalmente, para que sejam obtidas ações concretas e objetivas em benefício de todos”.

Para o procurador, a aprovação de lei estadual de amparo aos povos indígenas “pode não resolver plenamente os problemas graves que tendem a existir [invasões, desmatamento, roubo de madeira, atentados culturais, entre outros], mas é o pontapé inicial”.

O vereador Roberto Oro Win, de Guajará-Mirim [a 362 quilômetros de Porto Velho, na fronteira Brasil-Bolívia] pediu permissão para entoar dois cantos na língua de seu povo: um deles fala de jovens guerreiros que enfrentam a onça, outro é a “música do papagaio”.

Um representante Amondawa, da região de Jaru, também entoou um canto falando do “povo que não desiste diante da dura batalha”.

“O 19 de abril é o dia em que parentes pedem melhorias para filhos e netos, e eu quero aqui dizer que em nossa região acontece uma grande festa em três lugares: ao longo dos rios Guaporé e Mamoré, na Terra Pakaa-nova e na linha terrestre”.

Levantamento feito pela Kanindé aponta algum avanço obtido pela organização: desde o início dos anos 2000, dez terras indígenas já conseguiram concluí-lo em aproximadamente 10 milhões de hectares nas Amazonias Ocidental e Oriental brasileiras, nos estados do Amazonas (sudoeste), Rondônia, Mato Grosso e Pará. Outras organizações apoiam indígenas nesse mesmo objetivo.

Fonte: Decom / RO

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