A IBM anunciou ontem que construiu e testou com sucesso seus dois processadores quânticos mais potentes até hoje. Enquanto o antigo líder da empresa nesse quesito trabalhava com cinco qubits (unidades de processamento quânticas), as novas criações usam 16 e 17 qubits, respectivamente.
Os processadores quânticos poderão ser acessados por empresas, pesquisadores e curiosos do mundo todo pela plataforma de nuvem da IBM como parte do programa IBM Q. Esse programa tem o objetivo de tornar os benefícios da computação quântica acessíveis por meio da IBM Cloud; assim, qualquer pessoa interessada pode usar o computador quântico da empresa (que pode ser visto neste vídeo). Com essa plataforma, a empresa pretende complementar os recursos de inteligência artificial que oferece na nuvem por meio do Watson.
Segundo o Phys.org, enquanto a inteligência artificial pode ajudar a encontrar padrões em quantidades enormes de dados, os processadores físicos podem ajudar a resolver problemas nos quais padrões não podem ser encontrados, seja porque não há dados suficientes, seja porque a quantidade de dados necessária seria grande demais para ser processada até pelos mais potentes supercomputadores tradicionais.
Volume quântico
De acordo com o vice-presidente sênior e diretor de pesquisa da IBM, Arvind Krishna, os processadores recém-anunciados “permitirão que a IBM aumente os processadores do futuro para incluir 50 ou mais qubits e mostrar capacidades computacionais além do que os sistemas de hoje em dia são capazes”.
Qubits são as unidades de processamento dos computadores quânticos. Enquanto cada unidade de processamento de um processador tradicional pode assumir os valores 1 ou 0, cada qubit pode assumir os valores 1, 0 ou os dois ao mesmo tempo. Com isso, eles conseguem resolver problemas que nossos computadores levariam centenas de milhares de anos para calcular.
Mas, segundo a IBM, o número de qubits não é o único indicador da performance de um processador quântico (assim como o número de núcleos de um processador tradicional não é o único indicador de sua potência). Outros fatores importantes são a qualidade desses qubits, a conectividade do circuito e a taxa de erro das operações – o próprio processo de aferição de erros em processadores quânticos é extremamente complexo.
Então, para dar uma ideia melhor da capacidade dos processadores quânticos, a IBM criou o conceito de “volume quântico”, que engloba todos esses fatores. A empresa produziu até mesmo um documento explicando esse conceito e esclarecendo que a redução da taxa de erros é muito mais importante para melhorar os processadores quânticos do que o acréscimo de mais qubits. Há também um estudo mais aprofundado sobre o assunto.
Quer dar uma volta quântica?
Já é possível testar os processadores quânticos da IBM desde maio do ano passado. Os testes são feitos por meio da plataforma IBM Q, que permite a realização de experimentos com as máquinas. Segundo a empresa, desde que a plataforma foi disponibilizada, mais de 300 mil pesquisas já foram realizadas com seus processadores.
Naturalmente, não se trata de um assunto simples ou intuitivo. Por isso, a IBM também oferece um guia para iniciantes e uma série de outras documentações, incluindo um guia para desenvolvedores interessados em mexer no processador quântico. Quem quiser fuçar mesmo sem entender nada (o que já é divertidinho) pode dar uma olhada neste link. Pessoas interessadas em trabalhar de maneira mais aprofundada com os processadores mais potentes, no entanto, podem acessar a página da versão beta do projeto por meio do GitHub.
Fonte: OlharDigital