O primeiro dia de greve da categoria bancária em todo o Brasil é considerado o maior da história. Em resposta a proposta rebaixada da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), 7359 agências, centros administrativos, Central de Atendimento (CABB) e Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) tiveram as atividades paralisadas. No final do dia, a Fenaban chamou a categoria para nova rodada de negociações que acontece nesta sexta-feira (9), às 11h, em São Paulo. Os números deste ano são 17,7% maiores que do ano passado.
Para José Pinheiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), o chamamento da Fenaban para uma nova rodada de negociação já no primeiro dia de uma greve comprova que a unidade dos trabalhadores em greve é a fórmula ideal para o sucesso de uma mobilização nacional, e que os números de bancários de braços cruzados, registrado nos grandes centros, também refletiram na greve em Rondônia, com um número de trabalhadores em greve muito superior ao do ano passado.
“Já no primeiro dia mostramos, em Rondônia e em todo o país, que os bancários estão realmente unidos e dispostos a fazer uma luta forte e que mostre aos bancos que eles terão que recuar na postura de intransigência e apresentar uma proposta com índices econômicos e cláusulas sociais mais decentes e contemplem as reivindicações dos Trabalhadores. Este é, certamente, um momento histórico, pois nunca se viu os banqueiros chamando, tão rapidamente, a categoria para uma nova rodada de negociação logo após o primeiro dia de uma greve iniciada”, avalia o dirigente, que viajou nesta quinta-feira (8), para participar das negociações, em São Paulo.
ENTENDA
Desde a data da entrega da minuta de reivindicações dos bancários à Fenaban, no dia 9 de agosto, já ocorreram cinco rodadas de negociações e os banqueiros não apresentaram proposta decente aos trabalhadores. A proposta que a Fenaban apresentou no dia 29 de agosto foi de reajuste de 6,5% no salário, na PLR e nos auxílios refeição, alimentação, creche, e abono de R$ 3 mil. A oferta não cobre, sequer, a inflação do período, projetada em 9,57% para agosto deste ano e representa perdas de 2,8% para os bancários.
Entre as reivindicações dos bancários estão: reposição da inflação do período mais 5% de aumento real, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate às metas abusivas, ao assédio moral e sexual, fim da terceirização, mais segurança, melhores condições de trabalho. A defesa do emprego também é prioridade, assim como a proteção das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora.
LUCROS EXORBITANTES
Com os lucros nas alturas, os cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) lucraram R$ 29,7 bilhões no primeiro semestre de 2016, mas, por outro lado, houve corte de 7.897 postos de trabalho nos primeiros sete meses do ano. Entre 2012 e 2015, o setor já reduziu mais de 34 mil empregos.
DESEMPREGO
Bancários e bancárias convivem com um ambiente de trabalho adoecedor, desgastando a sua saúde física e mental ao longo de jornadas de trabalho extenuantes, sem pausas para descanso, com metas de produção inalcançáveis e cada vez mais crescentes, convivendo com riscos de assaltos e de sequestros e tendo de dar conta de inúmeras tarefas. A última estatística divulgada pelo INSS, entre janeiro e março do ano passado, revelou que 4.423 bancários foram afastados do trabalho, sendo 25,3% por lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteo musculares e 26,1% por doenças como depressão, estresse e síndrome do pânico.
Fonte: SEEB/RO com informações da Contraf-CUT