Lula comandava esquema de corrupção na Petrobras e Dilma sabia, diz Delcídio a revista VEJA

DELCIDIO-190316.jpg

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é apontado pelo senador Delcídio do Amaral (MS) como comandante do esquema de corrupção bilionário envolvendo a Petrobras investigado pela operação Lava Jato, que também afirmou que a presidente Dilma Rousseff sabia de tudo, conforme entrevista do ex-líder do governo no Senado à revista Veja.

“O Lula negociou diretamente com as bancadas as indicações para as diretorias da Petrobras e tinha pleno conhecimento do uso que os partidos faziam das diretorias, principalmente no que diz respeito ao financiamento de campanhas. O Lula comandava o esquema”, disse Delcídio.

Procurado pela Reuters, o Instituto Lula disse em e-mail que “não comenta falatórios, ainda mais de réus confessos que negociam ilações em troca de benefícios penais”.

Na edição deste sábado da revista VEJA, Delcídio afirmou ainda que Lula e a presidente Dilma Rousseff tentam “de forma sistemática obstruir os trabalhos da Justiça”.

Questionado qual o grau de envolvimento da presidente, Delcídio disse que “Dilma herdou e se beneficiou diretamente do esquema” que financiou as campanhas eleitorais dela. “A Dilma também sabia de tudo. A diferença é que ela fingia não ter nada a ver com o caso.”

Dilma enfrenta um processo de impeachment na Câmara dos Deputados e Lula teve sua posse como chefe da Casa Civil suspensa pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Delcídio foi preso em novembro acusado de tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato. Ele foi flagrado em um áudio oferecendo dinheiro, influência junto ao Judiciário e até uma rota de fuga para beneficiar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró em troca do silêncio dele.

Fonte: Reuters

Atos contra ‘golpe’ mostram força de Lula nas ruas. Mas e na Esplanada?

lULA-190316.jpg

Sexta-feira, 18 de março de 2016. Uma resposta ao 13 de Março, dia da maior manifestação política do País.

O ato organizado por movimentos sociais, CUT e militantes do PT proclamava ser em defesa da democracia e contrário ao “golpe” contra o governo Dilma Rousseff.

Os números não foram grandiosos como os do último domingo.

Em todo o País, as polícias militares estaduais calcularam 275 mil pessoas em pelo menos 55 cidades.

Nos protestos contra Dilma, foram 3,5 milhões de manifestantes em mais de 200 cidades.

(Para os organizadores, 1,3 milhão aderiram aos atos para preservar o mandato de Dilma. Quase 1/5 do que a organização do 13 de Março apurou: 6,4 milhões.)

Ainda assim, os atos foram robustos, reunindo milhares de simpatizantes do PT, do governo ou defensores da democracia.

Mostram o vigor da militância petista e dos que se declaram afiliados à esquerda que discorda do impeachment como rito democrático.

As ruas falaram novamente; a voz saiu encorpada, com menos amplitude que no domingo passado, mas seguramente com a convicção de que ainda há esperança para o Brasil com Dilma.

Artistas, intelectuais, universitários, professores, sindicalistas, sem-teto: as diversas categorias se uniram por acreditar que o governo legitimamente eleito em 2014 não perdeu sua legitimidade, a despeito da tese de crime de responsabilidade fiscal que é imputado à presidente Dilma, na execução das pedaladas fiscais, e dos respingos da Operação Lava Jato, que investiga o escândalo de corrupção na Petrobras, no Palácio do Planalto.

Nas ruas de sexta, gostem ou não as de domingo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda é bastante aclamado. E, sob os gritos de “não vai ter golpe”, ele promete adotar novamente a receita “Lulinha paz e amor”, que o elegeu em 2002.

Com esse apoio, ele poderia dar uma guinada no governo Dilma como ministro-chefe da Casa Civil.

Entretanto, o enfrentamento real para viabilizar a bala de prata do PT será na Justiça.

Pouco mais de 24 horas após a posse, Lula já foi “destituído” do cargo três vezes — por duas decisões liminares da Justiça Federal, derrubadas por tribunais regionais, e agora por uma decisão no STF (Supremo Tribunal Federal).

 O ministro Gilmar Mendes suspendeu a nomeação do ministro Lula e remeteu as investigações contra ele, relativas a Lava Jato, de volta ao juiz Sérgio Moro.
Para Mendes, o petista tenta fraudar as investigações sobre ele.
Na prática, o ministro do STF suspendeu o foro privilegiado do ex-presidente.

E melou, mais uma vez, o objetivo de Lula de ser o homem forte do segundo mandato de Dilma, o único capaz de preservá-lo.

O governo, é claro, vai recorrer da decisão.

E agora só uma decisão da Corte poderá fazer Lula ministro.

Indisposto com a Justiça, após a divulgação de áudios que indicam tentativa de influenciar decisão da ministra Rosa Weber em investigação sobre ele e que mostram a opinião dele sobre o STF, o ex-presidente terá pela frente a semana mais difícil de sua trajetória política.

Lula dependerá do próprio Supremo, alvo de suas críticas, para que ele e Dilma sobrevivam.

Conseguirão?

Fonte: Diego Iraheta – HuffPost

OAB declara apoio ao impeachment de Dilma e repudia abusos do MP

OAB-PRESID.-190316.jpg

Na foto, o presidente da OAB, Claudio Lamachia, durante coletiva de imprensa | Valter Campanato/ Agência Brasil

O Conselho Federal da OAB decidiu nesta sexta (18) apoiar o pedido de impeachment de Dilma Rousseff por 26 votos a 2.

Todas as bancadas estaduais apoiaram o afastamento da presidente. Os votos contrários vieram do estado do Pará e do ex-presidente da OAB Marcelo Lavenère, que é membro honorário vitalício.

Lavenère foi o autor do pedido formal de impeachment por crime de responsabilidade que tirou Fernando Collor do poder em 29 de setembro de 1992.

Após a decisão, cabe à OAB decidir se deve apoiar o pedido de impeachment em análise na Câmara dos Deputados ou apresentar um novo pedido de impeachment ao Congresso.

No relatório que motivou a decisão, o advogado Erick Venâncio aponta que Dilma teria cometido crimes de responsabilidade ao interferir na Operação Lava Jato, de acordo com delação de Delcídio do Amaral, e ao executar as pedaladas fiscais.

Grampos

O conselho da OAB também se manifestou a respeito de grampos em ligações de advogados de defesa da Lava Jato.

“A OAB considera absolutamente ilegais as interceptações telefônicas de advogados com clientes. Nós vamos apurar isso também. Porque nós entendemos que temos que combater o crime, mas para isso não podemos cometer outro crime. A OAB vai apurar todas as interceptações que envolvam escritórios da advocacia ou advogados que tenham tido as suas conversas com seus clientes em algum momento interceptadas”, disse o presidente da instituição, Claudio Lamachia.

A Ordem também reforçou o repúdio a atitudes do Ministério Público e do juiz Sérgio Moro que violem o direito de defesa dos investigados da Operação Lava Jato.

Eles criaram uma comissão que irá analisar cada caso e definir sobre as medidas judiciais cabíveis, inclusive com a possibilidade de representações no Conselho Nacional de Justiça e no Conselho Nacional do Ministério Público.

Fonte: Agência Brasil

O superjuiz brasileiro que quer apanhar Dilma e Lula inspirado pelo Watergate

Moro-juiz-180316.jpg

O escândalo Watergate, que derrubou Richard Nixon, serve de exemplo ao homem que fez e faz tremer a classe política brasileira. Sergio Moro, o juiz candidato a “mocinho” ou a vilão anti-PT?

“Eu, sinceramente, tô assustado com a ‘República de Curitiba’. Porque a partir de um juiz de primeira instância, tudo pode acontecer nesse país“.

Lula da Silva disse-o, letra por letra, numa das muitas conversas escutadas (e entretanto divulgadas) entre o ex-Presidente do Brasil e Dilma Rousseff. O histórico líder petista referia-se, assim, a Sergio Moro, juiz federal da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba e o principal responsável pela Operação Lava Jato.

 As palavras de Lula da Silva mostram bem a influência (e o poder) de que goza Sergio Moro. Mas, afinal, quem é o homem que está a abalar o regime brasileiro? O quadro vai sendo pincelado com a ajuda de alguns testemunhos de quem mais de perto convive ou conviveu com Sergio Moro. Regra geral, as fontes preferem o anonimato – o superjuiz brasileiro que quer tramar Dilma e Lula da Silva pediu aos amigos e colegas que não falassem sobre ele. É uma regra de segurança que prefere não quebrar.

Moro juiz2 180316

A edição brasileira do El País, no entanto, chegou a traçar-lhe um perfil. “Teimoso, reservado, técnico, frio (embora educado), extremamente competente, razoavelmente distante dos olhares da imprensa e sem medo de enfrentar figurões

O Gazeta do Povo, o principal jornal do estado do Paraná, onde está concentrada grande parte da investigação, acrescentava outros traços: “Um sujeito pacato que até há pouco tempo ia de bicicleta trabalhar”; o “professor que não se atrasa”; um “osso duro de roer”; “o são-paulino que gosta de vinho e charutos“; o “filho que saiu de casa cedo.”

Os brasileiros dividem-se. Para uns quantos milhões, Sergio Moro é a única esperança para pôr termo à corrupção. Um candidato a herói, o “mocinho” da telenovela que acaba sempre por salvar a donzela, sendo que a donzela, neste caso, é a corrupta e corruptível política brasileira. Para outros tantos milhões, Moro é um lobo em pele de cordeiro, um vilão ao serviço do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que quer destruir o Partido dos Trabalhadores (PT) de Dilma e de Lula.

É nesta complexa dicotomia que Sergio Moro mergulhou. O mesmo Lula, na mesmíssima escuta em que foi apanhado a denunciar a “República de Curitiba”, acusa o juiz de querer fazer um “espetáculo de pirotecnia” à custa da Operação Lava Jato. Ainda esta quinta-feira, na tomada de posse do seu novo chefe da Casa Civil, a Presidente Dilma Rousseff não só condenou as escutas – autorizadas e divulgadas por Moro -, como falou em “agressão à Constituição”. “Os golpes começam assim”, mas “a gritaria dos golpistas não me vai tirar do rumo”, prometeu Dilma.

Os ataques são cerrados. Nascido em 1972, na cidade paranaense de Maringá, onde estudou Direito, ainda antes de se mudar para Cambridge, onde completou a formação na prestigiada Universidade de Harvard, Sergio Moro é casado e pai de dois filhos. Filho de uma professora de português e de um professor de geografia, começou a carreira de juiz em 1996, mantendo em paralelo o cargo de professor universitário.

Já em março deste ano, em entrevista à Folha de São Paulo, Odete Starke Moro, a mãe de Sergio Moro, reagia assim depois de ter sido vaiada por manifestantes pró-Lula, num evento público: “As pessoas querem ligar o Sergio ao PSDB. Só que isso não existe. Eles não se conformam e procuram todas as formas de ligar ele ao PSDB.”

Especializado em crimes de colarinho branco, inspirado pela operação italiana Mãos Limpas, Moro começou a dar nas vistas no caso Banestado – um processo judicial que levou à condenação de 97 pessoas por branqueamento de capitais públicos. Começava aí o caminho do juiz “justiceiro”, como escrevia a edição brasileira do El País.

O escândalo Banestado foi, de resto, o começo de tudo o que aconteceu a seguir – o “Mensalão”, o início do “Petrolão” e, agora, a “Operação Lava Jato”. Uma rede híper complexa, mas com três denominadores comuns: dinheiro, política e corrupção. Um cocktail explosivo.

Chegados aqui, há um nome a reter: Alberto Youssef, o “doleiro” – ou intermediador de contratos – e a peça central de todo o processo. Quando o caso rebentou, Youssef disse uma frase que se viria a revelar um prenúncio. “Caras, se eu falar, a República vai desmoronar”. E o “doleiro” falou.

Albert Yousseff acabaria por ser condenado no âmbito do caso “Mensalão”, depois de ter ajudado vários deputados, muitos do Partido dos Trabalhadores (PT), a lavar os subornos (pagos com dinheiro público) que recebiam a troco de votos favoráveis às intenções do Governo.

Lula da Silva escapou incólume ao processo – pelo menos politicamente. E defendeu-se, contra-atacando. “O tempo vai-se encarregar de provar que, no Mensalão, houve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica. Acho que não houve Mensalão. Essa história vai ser recontada, é uma questão de tempo, para se saber o que, na verdade, aconteceu. Esse processo foi um massacre para destruir o PT. E não conseguiram”,

Albert Youssef acabaria condenado por lavagem de dinheiro, não apenas no “Mensalão”, mas também no âmbito da “Operação Lava Jato”. Youssef não se limitou a assumir a culpa: ajudou a Justiça brasileira e denunciou vários prevaricadores. E como ele, outras peixes pequenos apanhados na malha da justiça foram fazendo o mesmo para escapar a penas mais pesadas. Esta é a impressão digital de Sergio Moro: o juiz incentiva a delação premiada, a infiltração de agentes nos esquemas de corrupção e as quebras de sigilos. Tudo bem à maneira americana.

De resto, o superjuiz fez uma referência ao caso que derrubou Richard Nixon – o Watergate – para justificar o recurso às escutas que apanharam Lula e Dilma em conversas, alegadamente, comprometedoras: “Nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações”, lembrou Sergio Moro.

A verdade é que a Operação Lava Jato – a maior investigação de corrupção da história do país e que envolve o poder político, troca de favores, luvas, lavagem de dinheiro, vários empresários e algumas das maiores construtoras do país – tem várias gargantas fundas.

LULA 180316

Uma das personagens centrais da investigação, no entanto, é o senador petista Delcídio do Amaral, que depois de se ver envolvido no esquema de corrupção da Petrobras, decidiu colaborar com a Justiça e implicou Lula da Silva, Dilma Rousseff e José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça brasileira, entre outros. Tudo em troca de uma possível redução de pena.

É muito provável que as denúncias de Delcídio do Amaral tenham estado na origem da decisão do juiz Sergio Moro: a 4 de março, ao abrigo de um mandado assinado pelo superjuiz, a Polícia Federal brasileira realizou buscas na casa do ex-Presidente e levou Lula para depor.

Os acontecimentos precipitar-se-iam. Os brasileiros saiam à rua e as manifestações sucediam-se. A 13 de março, com o “povo brasileiro” na rua, Sergio Moro reagia assim: “Entre os diversos motivos, para protestar contra a corrupção que se entranhou em parte de nossas instituições e do mercado, fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lava-jato. Não há futuro com a corrupção sistémica que destrói nossa democracia, nosso bem-estar econômico e a nossa dignidade como país”.

Um homem com uma missão, que faz tremer a classe política do Brasil. Os outros jogadores no xadrez político-judiciário brasileiro parecem em choque e desorientados. Lula da Silva, na tal conversa que manteve com Dilma Rousseff, resumiria assim:

“Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado (…) um Presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quantos parlamentares ameaçados, e fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que vai todo mundo se salvar“.

Os próximos tempos dirão se o superjuiz vai ou não tramar os dois líderes políticos brasileiros mais amados dos últimos tempos.

scroll to top