PMDB entregará 7 pastas e 600 cargos no rompimento com Dilma

debandadaa.jpg

Num raro movimento de união partidária na história do partido, o PMDB vai aprovar na tarde desta terça-feira (29) o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff. A decisão, que deve ser tomada por aclamação em convenção partidária e levará à entrega de sete ministérios e outros 600 cargos na máquina pública federal, tem por objetivo fortalecer o vice-presidente e presidente do partido, Michel Temer, beneficiário direto de um eventual impeachment de Dilma.

A iniciativa do PMDB, maior partido da Câmara e do Senado e que preside as duas Casas Legislativas, reforça também o isolamento da presidente às vésperas da votação do pedido de abertura de processo de afastamento dela pelos deputados.

Na conversa que teve em São Paulo no domingo (27), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou em vão dissuadir o presidente do partido de comandar um afastamento do partido em relação ao governo. Na ocasião, o vice deixou claro que o partido trabalhará pelo impeachment de Dilma.

Na eleição de 2002, o PMDB seguiu rachado na eleição de Lula — naquela disputa, o partido participou com a ex-deputada Rita Camata (ES) como vice do então candidato tucano, José Serra. Em seguida, aproximaram-se aos poucos da gestão do petista, ganhando ministérios, compuseram a chapa à reeleição de Lula em 2006 e, nas eleições de 2010 e 2014, Temer foi vice na chapa de Dilma. Atualmente, só perde para o PT em participação no governo.

Ontem, logo após uma reunião em que o vice e o presidente do Senado e um dos principais aliados da petista no Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), fecharam um acordo do desembarque do partido, um aliado de Temer, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, antecipou-se à decisão da convenção e pediu exoneração do cargo.

Os outros seis ministros do partido terão até o dia 12 de abril para deixar os postos. São eles: Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Eduardo Braga (Minas e Energia), Mauro Lopes (Secretaria de Aviação Civil), Kátia Abreu (Agricultura) e Helder Barbalho (Secretaria de Portos). Nos bastidores, Castro e Braga são os que mais resistiam a entregar os cargos. Kátia Abreu, por sua vez, poderia até deixar a legenda.

A decisão do PMDB de romper com o governo deve se dar por aclamação, em que não haverá o registro de voto nominal dos 119 integrantes do Diretório Nacional da legenda aptos a votar. Para não ser acusado da pecha de que patrocina uma eventual derrubada de Dilma, Temer não comparecerá ao ato partidário que será realizado em uma das comissões da Câmara, previsto para começar as 15 horas. Deverá caber ao 1º vice-presidente do partido, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), a condução dos trabalhos.

O desembarque oficial do maior partido do Congresso da Esplanada dos Ministérios poderá levar à saída de outras legendas da base aliada de Dilma. Partidos de centro do espectro político têm sido instados a abandonar a petista e a liberar as bancadas a votarem como quiser em relação ao impeachment da presidente, mesmo tendo participação no governo: o PP (com o Ministério da Integração Nacional), o PR (com os Transportes) e o PSD (com as Cidades).

Esse grupo deve reforçar a articulação dos principais partidos de oposição em favor da queda de Dilma, uma vez que eles abandonaram uma saída para a crise política pela cassação da chapa Dilma e Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com a consequente novas eleições, se ocorresse ainda este ano. A demora pela via do TSE, que não tem prazo para apreciar as ações da campanha da presidente, pesou contra.

Diante do fortalecimento de Temer, que tende a aglutinar o PMDB e atrair partidos hoje na base de Dilma, o Palácio do Planalto decidiu lançar mão de duas estratégias principais para impedir que haja pelo menos 342 votos de deputados federais no plenário a favor da abertura do processo.

Fonte: R7

Brasileira cria bebê simulador ultrarrealista de cirurgia e ganha prêmio internacional

bebe.jpg

Quando a neurocirurgiã pediátrica Giselle Coelho estava no quarto ano de residência, constatou que havia uma grande limitação em estratégias de treinamento para as cirurgias. A dificuldade a levou a desenvolver um simulador ultrarrealista para neurocirurgia em bebês. Tão realista que, em viagem aos Estados Unidos para apresentar o protótipo a seus orientadores, foi chamada a prestar esclarecimentos no aeroporto sobre por que levava em sua mala o que os funcionários acreditaram ser um crânio de bebê de verdade.

O projeto lhe rendeu um prêmio internacional concedido pela Federação Mundial de Sociedades de Neurocirurgia (WFNS, na sigla em inglês), na categoria “Jovem Neurocirurgião” em 2015 e deve contribuir para a formação de novos neurocirurgiões, que poderão praticar os procedimentos sem nenhum risco para os pacientes.

“Quando estava na residência, gostava de treinar mais os procedimentos neuroendoscópicos, de forma que pudesse ter mais habilidade e confiança antes de treinar em pacientes”, conta. Na época, ela entrou em contato com o professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) Samuel Zymberg, que trabalhava no desenvolvimento de um simulador adulto, e ele a convidou para participar do estudo.

Depois, Giselle apresentou seu projeto de bebê simulador a várias universidades, mas ele sempre era recusado. O primeiro “sim” ela ouviu na Universidade Harvard, onde fazia um fellowship na área de planejamento cirúrgico que nada tinha a ver com a proposta do simulador.

Lá ela conseguiu uma reunião com o professor de neurocirurgia pediátrica Benjamin Warf. Responsável por um grande projeto para treinar neurocirurgiões na Uganda, Warf viu a proposta de Giselle com grande entusiasmo e disse que esperava um simulador como esse havia 20 anos.

Com o apoio de Warf, Giselle começou a trabalhar no desenvolvimento do bebê simulador, que passou a ser seu projeto de doutorado desenvolvido na Faculdade de Medicina da USP com período sanduíche na Escola de Medicina de Harvard.

Como um bebê de verdade
O bebê simulador – apelidado pela pesquisadora de Gigi – tem o mesmo peso de um bebê de verdade e é feito de materiais que têm texturas e resistências muito similares aos tecidos humanos.

O crânio tem densidade próxima ao osso humano, o que faz com que uma radiografia do “boneco” seja equivalente a uma radiografia humana – daí a confusão no aeroporto e a dificuldade de convencer a segurança de que aquilo era só um simulador.

O uso de um corante proporciona até um “sangramento” no momento da cirurgia simulada (veja o vídeo). “Foi um cuidado que tomei, pois nessa cirurgia o bebê perde muito sangue, então aquelas gotinhas são preciosas. É preciso prestar atenção, pois não pode sangrar”

Para colocar o projeto em prática, Giselle fez parceria com uma empresa de Olinda (PE), especializada nesse tipo de instrumento.

Ela criou duas versões do simulador: uma para procedimentos de neuroendoscopia – usados em casos de tumores intracerebrais, por exemplo – e outra para cirurgia de cranioestenose – procedimento de correção utilizado quando a cabeça do bebê tem uma alteração no formato.

Antes mesmo de o simulador ser validado na prática, um artigo descrevendo o novo instrumento já foi capa na revista científica “Child’s Nervous System”, publicação da Sociedade Internacional para Neurocirurgia Pediátrica.

giselle1

Giselle Coelho recebeu Prêmio Jovem Neurocirurgião da World Federation for Neurosurgical Societies (WFNS) por simulador de cirurgia (Foto: Giselle Coelho/Arquivo pessoal)

Primeiros testes foram bem-sucedidos
A primeira validação do simulador, feita com neurocirurgiões experientes, foi considerada um sucesso. A próxima etapa vai ser validá-lo com médicos não-experientes, que serão os usuários finais do instrumento durante o processo de aprendizado das técnicas cirúrgicas.

Além do “boneco” simulador, Giselle desenvolveu também um vídeo 3D mostrando o passo a passo da cirurgia, com todos os detalhes das estruturas anatômicas envolvida. Quando o projeto estava em progresso, surgiu a oportunidade de se inscrever no prêmio da WFNS.

Fonte: G1

Janot defende que Lula vire ministro, mas seja investigado por Moro

RodrigoJanot.jpg

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que “há elementos suficientes para afirmar a ocorrência de desvio de finalidade” na nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil e defendeu que as investigações da Lava Jato contra o petista sigam com o juiz Sérgio Moro.

Apesar disso, a Procuradoria avalia que Lula deve assumir o cargo. A manifestação de Janot aponta que existem indícios de que a posse de Lula, que está suspensa por decisão provisória (liminar) do STF, ocorreu também com o objetivo de tirar as investigações sobre o ex-presidente da Justiça do Paraná e levar o caso para o Supremo.

Segundo a Procuradoria, a Presidência teve uma “atuação inusual em torno da nomeação”, enviando termo de posse para o petista.

Janot não cita diretamente as gravações feitas pela força-tarefa da Lava Jato do Paraná que alcançaram um telefonema entre Lula e a presidente Dilma Rousseff, no qual ela fala que está encaminhando o termo de posse.

A Procuradoria avalia se o gesto de Dilma pode representar obstrução da Justiça e se vai pedir ao STF que ela seja investigada.

“A Presidência da República reconheceu, em nota à imprensa e em pronunciamento por ocasião da posse do senhor Luiz Inácio Lula da Silva no cargo sob exame, que lhe encaminhou um termo de posse para que o firmasse e devolvesse, caso não pudesse fazer-se presente à cerimônia de posse”, disse o procurador.

“Os predicados do nomeado, todavia, não justificam as circunstâncias anormais da antecipação da posse e da entrega de um termo para que fosse assinado, caso não pudesse comparecer à cerimônia. Se havia óbice à posse, por qualquer motivo, naturalmente existiria também à entrada em exercício, o que afastaria a urgência da remessa do termo à pessoa do nomeado, já que ele estaria impossibilitado de colaborar na qualidade de ministro, como almejava a nomeação”, completou.

Janot disse que é preciso “evitar ao menos parte dos efeitos do ato praticado pela presidente da República” e, portanto, as investigações contra Lula até sua posse devem ser mantidas com Moro.

O procurador-geral opina que o STF libere a nomeação do ex-presidente porque a presidente Dilma Rousseff tem a prerrogativa de nomear ministros e, em meio a “crise política instaurada no país” impedir Lula se assumir o cargo poderá causar “graves danos”.

O ex-presidente foi alvo da 24ª fase da Lava Jato, que envolveu familiares, pessoas próximas, além de imóveis.

“A partir do acervo probatório dos autos e de elementos que se tornaram notórios desde a nomeação e posse do ex-Presidente, é lícito concluir que a nomeação foi praticada com a intenção, sem prejuízo de outras legítimas, de afetar a competência do juízo de primeiro grau [Moro]. Diante desse quadro, não se deve deslocar a competência para o Supremo Tribunal Federal, pelos fundamentos já expostos”, afirmou.

No texto, Janot faz elogios a Lula e diz que o fato dele ser investigado, do ponto de vista estritamente jurídico, não o impede de tomar posse.

“Não se nega que o nomeado tenha condições de emprestar relevante reforço político em tratativas necessárias ao funcionamento da Presidência da República, dada sua experiência como ex-Presidente da República e sua qualidade de habilidoso negociador, segundo se divulga, disse.

TEORI ZAVASCKI

O parecer de Janot foi enviado ao ministro Teori Zavascki, relator de duas ações, do PSDB e PSB, que questionam a legalidade da nomeação de Lula.

Na semana passada, Teori determinou que Moro envie todas as investigações envolvendo Lula ao STF. Isso porque as apurações alcançaram pessoas com foro privilegiado, que só podem ser investigados com aval do Supremo, como o telefonema para a presidente Dilma.

Sem tratar da posse de Lula, Teori quer avaliar se as investigações contra o petista seguirão no Paraná ou ficarão a cargo do STF. O ministro considerou ilegal a divulgação do grampo.

Alvo de grupos pró-impeachment e críticos de Lula, Teori decidiu levar sua decisão para análise do plenário do STF na quinta. A expectativa é que a liminar seja confirmada e os ministros saiam em defesa da decisão de Teori.

O presidente do STF, Ricardo Lewnadowksi, divulgou nesta segunda um comunicado dizendo que os protestos e ameaças contra ministros do STF ocorridos recentemente “ganham contornos de crimes” e estão sendo investigadas.

“[Protestos] passam ao largo do direito de expressão constitucionalmente assegurado aos cidadãos, ganhando contornos de crimes para os quais a legislação penal prevê sanções de elevado rigor”, afirma o comunicado.
A posse de Lula está suspensa por outra decisão liminar, mas do ministro Gilmar Mendes. A expectativa é que esse julgamento pode ocorrer na próxima semana.

Fonte: FOLHA

Temer avisa Lula que PMDB aprovará saída do governo nesta terça

DILMA_TEMER-290316.jpeg
Em fotografia de março, presidente Dilma Rousseff conversa com o vice, Michel Temer

Esta foi a primeira vez que Lula conseguiu se reunir com Temer desde que o partido decidiu pela saída oficial do governo. Na semana passada, o ex-presidente, que tem atuado como articulador informal do governo, tentou se encontrar com o vice-presidente em duas ocasiões, mas Temer não o recebeu.

Na conversa, o peemedebista também avisou a Lula que não havia possibilidade de a reunião ser adiada. Inicialmente, integrantes da legenda ainda aliados do governo tentavam pressionar o peemedebista pelo adiamento para que o processo de impeachment, em tramitação no Congresso, avançasse mais e a sigla não ficasse tanto sob os holofotes.

No encontro, Temer reclamou a Lula do isolamento que tem sofrido pelo Palácio do Planalto. Em conversas reservadas, ele tem dito que Dilma não o recebe nos últimos dois meses.

Ele se queixou ainda das intervenções da presidente em decisões do comando nacional do partido, como a nomeação do deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG) para a Secretaria de Aviação Civil.

Ela ocorreu após decisão do partido para que nenhum filiado aceitasse cargos até a decisão oficial da sigla de desembarque da Esplanada dos Ministérios.

REUNIÃO DO PMDB

Com a avaliação de que a saída do PMDB do governo federal tornou-se “irreversível”, o Palácio do Planalto tenta agora esvaziar a reunião do diretório nacional do partido que definirá o desembarque oficial.

A estratégia, que foi discutida nesta segunda-feira (28) entre a presidente Dilma Rousseff e ministros da sigla, tem como objetivo tentar deslegitimar o encontro com a ausência de caciques de peso, como o ex-presidente José Sarney e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (AL).

Além disso, o propósito é tentar passar a mensagem pública que, apesar da decisão de saída, o governo federal ainda conta com respaldo de uma ala importante do partido.

Na reunião com a petista, os ministros reconheceram, contudo, que o grupo governista conta apenas com o apoio de cerca de 10 de um total de 127 membros do diretório nacional do partido, o que dificultaria um esvaziamento.

VOTAÇÃO SIMBÓLICA

Temer retornou a Brasília nesta segunda-feira com o objetivo de tentar chegar a um acordo sobre as condições para o desembarque.

Em reunião com a cúpula do partido no Senado, o vice-presidente tenta chegar a um acordo para que a votação seja simbólica e para que a decisão seja feita por aclamação. O objetivo é não mostrar a divisão interna no partido.

Os ministros peemedebistas estão ainda tentando convencer o vice-presidente a estender de abril para junho o prazo para a saída deles da Esplanada dos Ministérios.

Com o argumento de que ainda têm projetos e iniciativas para concluir nas pastas, a estratégia é ganhar tempo na tentativa de reverter a decisão de desembarque caso o plenário da Câmara dos Deputados arquive o processo de impeachment.

Com a avaliação de que a “batalha desta terça-feira está perdida”, o foco do Palácio do Planalto é tentar agora segurar a maior parcela possível do partido no movimento contrário ao impeachment. Nas palavras de um assessor da presidente, “amanhã é uma batalha perdida dentro de uma guerra maior”.

Fonte: FOLHA

scroll to top