O registro da temporada reprodutiva dos quelônios na praia chamada “Furado do Couro”, no médio Vale do Guaporé, a 115 km do município de Costa Marques, foi realizado pelo fotógrafo da Superintendência Estadual de Turismo (Setur), Rosinaldo Machado, em outubro de 2016. O acesso de Porto Velho até Costa Marques é de 764 km; de Costa Marques ao Vale do Guaporé o acesso é fluvial, porém a entrada nas praias só é permitida com autorização da ONG Ecovale.
O espetáculo da natureza foi registrado durante a madrugada quando milhares de tartarugas começavam a aparecer na praia para o processo de desova. Para desovar, as fêmeas procuram praias desertas e normalmente esperam o anoitecer, uma vez que o calor da areia, durante o dia, dificulta a postura e a escuridão protege-as de vários perigos.
Segundo Machado, os animais são dóceis e calmos e chegam a pesar até 140 quilos, as fêmeas desovam em média de 120 a 130 ovos por postura. Na praia do “Furado do Couro” desovaram aproximadamente 4 mil tartarugas e a previsão é de que nesta temporada em todas as praias protegidas pela Ecovale ocorra a desova de 35 mil quelônios.
A postura foi acompanhada por técnicos da Associação Comunitária Quilombola e Ecológica do Vale do Guaporé – Ecovale que atua em defesa do meio ambiente e da sobrevivência de animais, alguns até com risco de extinção. O projeto que vem sendo realizado às margens do Rio Guaporé na cidade de Costa Marques, já conquistou o recorde de maior soltura de filhotes de tartarugas na natureza. No dia 21 de dezembro de 2013, foram devolvidas ao meio ambiente 1 milhão e 830 mil tartarugas da Amazônia.
A desova das tartarugas nas praias do rio Guaporé começa no início da noite e só termina por volta das 10 horas, da manhã seguinte. Quarenta mil tartarugas depositam seus ovos também em outras praias do Rio Guaporé, todas monitoradas pela Ecovale que estima que cerca de 3,5 milhões de tartarugas estarão nascendo em dezembro.
Vale do Guaporé – o paraíso histórico e ecológico de Rondônia
O Vale do Guaporé faz parte do corredor ecológico binacional (Brasil e Bolivia), é o local ideal para a prática da pesca esportiva, ecoturismo e turismo cultural, ao longo do leito há uma boa infraestrutura receptiva, com pousadas, barcos-hotéis, vila de pescadores, embarcação com piloteiros e guias de pesca.
Às margens do Guaporé há grandes áreas de preservação, como o Parque Estadual de Corumbiara, com 427 hectares, e o Parque Nacional Noel Kempff Mercado, na Bolívia, uma das maiores unidades de conservação das Américas, com 1,6 milhões de hectares. A fauna e a flora são das mais diversificadas do planeta.
Além da pesca, o Vale do Guaporé é rico em arqueologia – inclusive, reporta à passagem dos incas pela região de Alta Floresta do Oeste (RO), oferecendo ainda áreas adequadas às práticas de rapel, parapente, rally, trilhas, camping e muito mais. Tudo isso permeado por histórias como as do Forte Príncipe da Beira, lendas indígenas e ribeirinhas e manifestação populares como a centenária procissão fluvial do Divino Espírito Santo.
Fotos: R. Machado