Falta de concentração e hiperatividade podem não ser o que parece

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Falta de concentração, desinteresse, hiperatividade, baixo rendimento escolar e isolamento social são comportamentos verificados em muitas crianças e que podem levar a diagnósticos de Dislexia ou de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O que muitas pessoas desconhecem é que esses sintomas podem também ser consequência de um outro tipo de distúrbio, ainda não muito divulgado e que pode estar afetando milhares de brasileiros sem que eles ao menos saibam.

Trata-se da Desordem do Processamento Auditivo Central, ou DPAC, um problema auditivo reconhecido pela medicina há apenas 15 anos e por isso ainda pouco diagnosticado pelos médicos. O transtorno afeta a capacidade de compreensão dos sons e pode prejudicar o desenvolvimento intelectual desde a infância. A criança ouve normalmente, mas não consegue interpretar o que ouve. É como se as palavras e demais sons fossem apenas ruídos.

“A criança ou adolescente com DPAC não consegue discriminar os sons quanto à sua localização e amplitude e não reconhece ou não compreende o significado de cada ruído presente no ambiente. Com isso, o mundo se transforma em uma incômoda confusão de barulhos desconexos e embaralhados”, explica Marcela Vidal, fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas.

De acordo com neurologistas, todo o esforço de quem tem o distúrbio para entender o que acontece ao redor é demasiado para o cérebro. Chega uma hora que ele não resiste e “desliga”. Por isso, as pessoas com do DPAC são sempre muito distraídas e perdem o foco de atenção muito rápido sobre o que está acontecendo no ambiente. A fala e a leitura também são prejudicadas, uma vez que o processo de linguagem se desenvolve ao mesmo tempo em que o da audição. Com isso, a criança pode não aprender a falar nem a ler bem, uma vez que é necessário associar as palavras ao som que elas têm.

“Em condições normais, localizar o som é entender a sua origem, direção e distância; é perceber o que é o badalar do sino da igreja, a buzina de um carro. Logo, ter uma boa audição e ouvir bem nem sempre é o suficiente para compreender os sons e como esses sons são processados no cérebro”, explica a fonoaudióloga da Telex.

O diagnóstico é dado geralmente na fase de alfabetização da criança, uma vez que o aluno começa a apresentar dificuldade de memória de curto prazo; falta de entendimento; pouca concentração e incapacidade de leitura e escrita. Muitos são diagnosticados de forma incorreta. Porém, o que acontece é que eles ouvem claramente a voz do professor, mas têm dificuldade em entender o que ele fala ou mesmo interpretar textos e compreender o enunciado de problemas, atropelando as palavras, fazendo com que a alfabetização não seja bem-sucedida. A boa notícia é que o problema pode ser contornado.

“É de extrema importância que o diagnóstico seja efetuado o quanto antes para que as dificuldades no aprendizado sejam superadas mais facilmente. O cérebro humano tem, principalmente durante a infância, uma grande flexibilidade. Com o tratamento fonoaudiológico e o apoio de uma equipe pedagógica adequada desde cedo, a criança tem grandes chances de obter um ótimo desempenho escolar, pois seu cérebro estará sendo treinado a desenvolver mecanismos diferentes e rotas alternativas para driblar o distúrbio”, diz a fonoaudióloga, que é especialista na área de Audiologia infantil.

Não se sabe ao certo como a DPAC surge, mas acredita-se que a falta de estímulos sonoros durante a infância seja uma das causas. As estruturas do cérebro que interpretam e hierarquizam os sons se desenvolvem até os 13 anos. Até essa idade, as notas musicais, as palavras e os barulhos do dia a dia vão lentamente ensinando o cérebro a lidar com a audição. Alguns pesquisadores destacam que crianças com lesões ou inflamações frequentes no ouvido médio podem desenvolver o transtorno, uma vez que tais enfermidades impedem o cérebro de receber adequadamente estímulos sonoros. Doenças neurodegenerativas, rubéola, sífilis e toxoplasmose ou mesmo alcoolismo e dependência química materna também podem causar o distúrbio. Porém, nada ainda foi comprovado cientificamente.

O diagnóstico da Desordem do Processamento Auditivo Central é consolidado por um fonoaudiólogo por meio de testes especiais que descartam outros problemas. “Na maior parte dos casos, o sistema auditivo periférico (tímpano, ossículos, cóclea e nervo auditivo) está totalmente preservado. Por isso são realizados procedimentos um pouco mais elaborados do que as análises audiométricas comuns. É preciso avaliar o desenvolvimento linguístico e o comportamento auditivo, por exemplo. A idade mínima adequada para efetuar tal estudo é a partir dos sete anos de idade. Os exames apontarão em quais habilidades auditivas a criança tem maior dificuldade e isso servirá de orientação para a escolha do plano de tratamento no que diz respeito ao treinamento auditivo que o fonoaudiólogo conduzirá com a criança, em um trabalho terapêutico de médio a longo prazo” explica Marcella Vidal.

A tecnologia também vem ajudando a criança com Desordem de Processamento Auditivo. O Sistema de Frequência Modulada (FM), conhecido como FM Amigo, permite a comunicação direta de pais e professores com crianças e jovens que apresentam dificuldades auditivas, mesmo aqueles sem perda auditiva periférica, que é o caso da DPAC. Para esses casos, o Kit FM disponível nas lojas da Telex Soluções Auditivas é composto pelo transmissor Amigo T31 e o exclusivo receptor Amigo Star. O sistema funciona fazendo com que a voz da pessoa que está com o transmissor (microfone) seja amplificada e transmitida diretamente para receptor Amigo Star que está na orelha da criança, sem reverberação ou ruído de fundo, mantendo o sinal da fala original, alto e claro. Isso faz com que a criança volte sua atenção mais facilmente para o que está sendo explicado em sala de aula, sem esforço de escuta.

Dicas para pais e professores de crianças com DPAC:

– Ambientes barulhentos prejudicam ainda mais a concentração das crianças com DPAC; por isso é preciso manter o silêncio na hora do estudo, tanto na escola quanto em casa;
– É aconselhável que na escola a criança se sente o mais perto possível do professor e fique afastada de portas e janelas, a fim de ficar mais protegida de ruídos;
– Deve-se procurar falar de forma clara e pausada, de frente para a criança e, sempre que possível, fornecer as instruções e atividades bem próximo a ela;
– A criança deve ser incentivada pelos pais e professores no esforço de aprendizagem, para melhorar nos estudos e aumentar a sua autoestima;
– Muitas vezes tecnologias como o uso do FM Amigo é uma das soluções que irá dar suporte para a criança em sala de aula.

Fonte: TH

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