Morreu nesta quarta-feira (14) o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo. Ele estava internado no Hospital Santa Catarina em decorrência de uma broncopneumonia. D. Paulo tinha 95 anos.
O religioso foi internado no dia 28 de novembro para tratar de problemas pulmonares. Com o passar do dia o estado de saúde piorou, e ele teve de ir para a UTI por causa de dificuldades na função renal. Segundo o hospital, Arns morreu às 11h45 por falência múltipla dos orgãos.
Homenagem de Dom Paulo a Herzog foi o maior ato contra a ditadura
Em 31 de outubro de 1975, o arcebispo emérito de São Paulo, cardeal dom Paulo Evaristo Arns realizou um culto ecumênico em memória do jornalista Vladimir Herzog, na Praça da Sé, região central de São Paulo.
O culto, que reuniu 8.000 pessoas, se transformou na maior manifestação pública de repúdio à ditadura militar, desde 1964. Ao lado do arcebispo estavam o rabino Henry Sobel e o reverendo evangélico Jayme Wright.
Herzog foi preso pelos militares no dia 25 de outubro daquele ano, nas instalações do DOI-CODI (órgão repressor criado durante a ditadura militar), onde foi torturado e morto. A versão contada pelos agentes, contudo, era de que ele tinha se suicidado, por enforcamento.
D. Paulo não se convenceu com a teoria do suicídio. Em seu discurso no dia da missa, ele foi direto: “Não matarás. Quem matar, se entrega a si próprio nas mãos do Senhor da História e não será apenas maldito na memória dos homens, mas também no julgamento de Deus!”, disse D. Paulo, em trecho publicado no livro Dossiê Herzog – Prisão, Tortura e Morte no Brasil, de Fernando Jordão.
Para reprimir a movimentação, cerca de 500 policias estavam no evento e “metralhariam a população se houvesse protestos”, conforme relatou o arcebispo ao jornalista Celso Miranda. “A estratégia dos manifestantes era chegar à praça em pequenos grupos, evitando aglomerações”, contou.
Fonte: Veja