O general Eduardo Villas Bôas, durante entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo
Apesar de negar que general que aventou intervenção militar será punido, Eduardo Villas Bôas afirmou que instituição se pauta pela estabilidade e legalidade.
Comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas rechaçou a hipótese de uma intervenção militar no Brasil, aventada por outro general, Antonio Hamilton Mourão, em uma palestra na última sexta-feira. Apesar alegar que as frases do colega foram retiradas de contexto, o comandante deixou claro, em entrevista ao programa Conversa com Bial (TV Globo) que “sem dúvida” a continuidade da democracia é o caminho ideal para o Brasil e vaticinou que “ditadura nunca é melhor”.
O general Villas Bôas afirmou que a atuação do Exército desde o início da crise política tem sido o de dar garantias para a estabilidade das instituições e que é assim que a instituição continuará agindo. “As nossas diretrizes têm sido, desde o início das crises, promover a estabilidade, jamais causar instabilidade. Se pautar sempre pela legalidade e depois preservar sempre a legitimidade que o Exército tem”, disse. Questionado, ele apontou que Mourão não será punido, uma vez que também disse seguir as diretrizes do comandando e por ter feito as declarações em um evento privado e fechado, em Brasília.
Na avaliação do militar, as eleições de 2018 serão um momento-chave no “processo de depuração” que vê em atividade hoje no Brasil. “No próximo ano, a sociedade brasileira terá a responsabilidade de dar resposta a isso tudo”, defendeu, apesar de reconhecer que está com expectativas baixas para o cenário político no próximo pleito, porque não viu “surgir nenhuma base ou conjunto de pensamento que sirva de alternativa, que rompa com os modelos e esquemas já ultrapassados”.
“Por enquanto, eu não vejo líderes capazes de estimular esse tipo de renovação”, fazendo coro ao apresentador Pedro Bial, que falou sobre o risco do “populismo”, que o general definiu como “a desgraça da América do Sul”. Eduardo Villas Bôas ressaltou, no entanto, que acredita que existem saídas para a crise brasileira: “Um país com o potencial do nosso, com os recursos naturais e humanos, a energia e a criatividade da população brasileira é claro que tem jeito”, concluiu.