Novas pesquisas descobrem que a alteração da flora intestinal de camundongos muda seu funcionamento cerebral.
Os trilhões de bactérias que vivem no intestino humano influenciam o funcionamento do nosso cérebro, nosso estado de ânimo e nosso comportamento.
Cientistas vincularam desequilíbrios nessa comunidade microbial a várias condições psiquiátricas, incluindo depressão, transtornos de ansiedade, autismo, esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade social, neurose… e a lista continua.
Novas pesquisas feitas por cientistas da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova York, publicadas no periódico e Life, sugerem que a alteração das bactérias intestinais de pessoas doentes pode ajudar a aliviar condições psiquiátricas, além de determinadas transtornos que atacam a mielina no corpo humano.
A mielina forma uma camada protetora em volta dos axônios dos neurônios, aumentando a velocidade com que estes transmitem impulsos elétricos. Quando uma bainha de mielina é danificada, a comunicação entre neurônios é prejudicada, resultando nos marcadores neurológicos e comportamentais de transtornos mentais.
O estudo demonstrou que, quando bactérias intestinais de camundongos deprimidos foram transferidas para camundongos saudáveis, houve mudanças na bainha de mielina do cérebro dos camundongos saudáveis. E eles começaram a praticar os comportamentos de isolamento social que são característicos da depressão.
Os pesquisadores destacaram o potencial de suas descobertas, em especial para o tratamento da esclerose múltipla. A EM é uma doença autoimune caracterizada por danos à bainha de mielina, e a depressão é comum entre as pessoas que apresentam a doença. Os pesquisadores destacaram que, alterando as bactérias intestinais dos pacientes, os médicos talvez possam melhorar o funcionamento da bainha de mielina e reduzir esses sintomas depressivos.
“O estudo traz a prova do princípio de que metabólitos intestinais têm a capacidade de afetar o conteúdo mielínico, independentemente da composição genética dos camundongos”, disse em comunicado a Dra. Patrizia Casaccia, professora de neurociências, genética, genômica e neurologia na escola de medicina e autora principal do estudo. “Temos a esperança de que esses metabólitos possam ser visados para potenciais tratamentos futuros.”
O momento atual é instigante para as pesquisas sobre o microbioma. Cientistas do MIT estão “pirateando” bactérias intestinais para criar “biótica sintética” – micróbios programados para realizar ações específicas no intestino, como detectar inflamações e criar moléculas anti-inflamatórias. Como os probióticos, essas bactérias vivas poderiam ser tomadas na forma de comprimidos.
“Somos uma espécie de recipiente ambulante dessas bactérias”, disse recentemente ao Huffington Post o Dr. Timothy Lu, engenheiro biológico no MIT que lidera a pesquisa sobre biótica sintética. “Existe uma relação simbiótica entre os dois lados, humano e bacteriano.
Fonte: Brasil Post