Atingidos pela construção das usinas, produtores rurais às margens do rio Madeira denunciam que estão sem ter como pagar os financiamentos bancários que contraíram, para investimentos na atividade agropecuária.
Com as áreas produtivas prejudicadas com a cheia do rio, as famílias que retiravam o seu sustento da pesca, pequenas plantações e criação de gado, estão impedidas de manter as suas de atividades.
E nesta quarta-feira (6), lideranças do Baixo Madeira e de outras áreas se reuniram com o presidente da Assembleia Legislativa, Maurão de Carvalho (PMDB), e relataram as dificuldades que estão passando.
“Quem retirava da terra o seu sustento está prejudicado. Mas sobrou a conta para pagar, pelos financiamentos que fizeram. Isso precisa ser revisto, para que não sejam penalizados mais uma vez”, ponderou Maurão.
“Com a cheia e a afetação das áreas de cultivo e criação de gado, a nossa produção praticamente se acabou. Sem produzir, famílias que contraíram empréstimos para investir na propriedade não têm como pagar o financiamento”, informou Ruslan Abreu, do Conselho de Agricultura.
Os deputados estaduais Laerte Gomes (PSDB) e Ezequiel Junior (PSDC), o superintendente regional do Banco da Amazônia (Basa), Wilson Evaristo, e o gerente geral do Basa, Éden Sávio, também participaram da reunião. Um levantamento preliminar aponta que cerca de 140 famílias estariam inadimplentes com o banco.
“Vamos fazer um relatório detalhado deste caso. Os valores dos créditos são variáveis, começando em R$ 2 mil. O Basa entende esta situação e estamos buscando o diálogo como uma forma de solucionar este impasse”, completou Evaristo.
“Onde estamos hoje, não se produz nada. Precisamos ser reassentados. Mas, se formos para um novo lugar, como vamos retomar a nossa vida, sem podermos acessar linhas de crédito, por estarmos inadimplentes?”, questionou Nielsen Junior, da Associação do Joana D’Arc III.
Cobrança às usinas
As lideranças cobram que os consórcios construtores das usinas de Jirau e Santo Antônio sejam responsabilizados pelas perdas na produção e a consequente inadimplência das famílias.
“Não pagamos, pois foi impossível produzir. A terra não dá mais nada e tivemos a alagação. Quem causou isso tudo foram as usinas e elas têm que ser responsabilizadas por isso”, desabafou o presidente da Associação dos Pescadores do Lago Cujubim Grande, Cabo Moura.
Também participaram da audiência a presidente da Associação dos Agentes Ecoturismo, Najila Maria, a presidente da Associação Amojamari, Josileia Ribeiro e João Pantoja, do Baixo Madeira.
Fonte: ALE/RO – DECOM