A ex-presidente Dilma Rousseff acompanhada por manifestantes na saída do Palácio da Alvorada
A ex-presidente Dilma Rousseff deixou o Palácio da Alvorada às 15h30 desta terça-feira (6) e, em frente à residência oficial, desceu do carro que a levava para a base aérea de Brasília para abraçar militantes do PT e integrantes de movimentos sociais que fizeram um pequeno ato em homenagem à sua despedida.
Sob gritos de “Dilma guerreira do povo brasileiro”, Dilma voltou ao carro e deixou a capital seis dias após seu impeachment ser aprovado pelo Senado. Ela embarca nesta tarde para Porto Alegre em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira).
Alguns ex-ministros, como Jaques Wagner (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), acompanharam a petista até a base área. Não devem, no entanto, viajar com ela à capital gaúcha.
Dilma segue no que deve ser seu último voo em avião oficial junto com assessores e com o ex-ministro Miguel Rossetto (Trabalho), que organizou uma recepção com militantes e dirigentes do PT em Porto Alegre.
Em Porto Alegre, vivem o ex-marido de Dilma, Carlos Araújo, a filha do casal, Paula, e os netos da petista, Gabriel e Guilherme.
A ex-presidente disse a amigos que pode passar algumas temporadas no Rio de Janeiro, onde sua mãe, Dilma Jane, de 93 anos, tem um apartamento em Ipanema. “Ela quer descansar”, afirma um aliado.
NINGUÉM CHORA
Em vídeo divulgado nas redes sociais de Lindbergh, Dilma, já na base aérea, brinca com assessores e ex-ministros sobre ninguém estar chorando no momento de seu embarque.
“Ô, Bê, chora Bê. Ninguém chora nessa coisa. Esse não chora [e aponta para Cardozo], e esse, que é chorão, não chora”, diz, aos risos, em referência a seu assessor Jorge Messias, que ficou conhecido como “Bessias” por ter seu nome divulgados dessa maneira em áudio vazado pela Polícia Federal.
Antes de entrar no avião da FAB, Dilma faz foto e cumprimenta sua equipe de segurança. A última a ganhar o abraço da ex-presidente é a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), bastante amiga da petista.
ÚLTIMO DIA
Em seu último dia no Alvorada, Dilma mudou a rotina. Não saiu para pedalar por cerca de 50 minutos, como costumava fazer quase todas as manhãs, para ter tempo de encaixotar seus livros e objetos pessoais.
Desde a semana passada, ela se dedicou a embalar e catalogar seus pertences, e solicitou ao governo do presidente Michel Temer quatro caminhões-baú para transportar sua mudança de Brasília a Porto Alegre.
Segundo integrantes do Planalto, a contratação de cada veículo, com capacidade de cerca de 20 toneladas, custou R$ 15 mil.
Parte dos objetos e eletrodomésticos ficarão no apartamento de dois quartos em que Dilma ficará na capital gaúcha, enquanto o restante será levado para um depósito que a petista alugou na cidade.
A ex-presidente ainda concedeu nesta terça uma última entrevista para um jornal europeu.
Depois, almoçou com os ex-ministros Jaques Wagner, Miguel Rossetto e Ricardo Berzoini, alguns assessores, e os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Lindbergh Farias (PT-RJ). “Embora seja um momento triste, ela não se abateu. Estava falante e não havia clima de velório”, afirmou Lindbergh ao sair do Alvorada.
Ainda segundo o senador, Dilma estava interessada nas manifestações e deve passar rapidamente em um ato de seus apoiadores no centro de Porto Alegre antes de ir para o seu apartamento.