Após fratura no fêmur há pouco mais de um ano, brasileiro tem recuperação impressionante e conquista vice-campeonato paralímpico no salto em distância T37
O Engenhão assistiu, na manhã desta terça-feira (13) a uma das mais impressionantes conquistas do atletismo brasileiro nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Com direito a quebra de recorde mundial no segundo salto, com 6.53m – marca que foi batida logo em seguida pelo chinês Guangxu Shang, campeão da prova com 6.75m –, o brasileiro rondoniense Mateus Evangelista ficou com a prata no salto em distância classe T37 (dos atletas com paralisia cerebral). O rondoniense, que há pouco mais de um ano fraturou o fêmur em um treinamento e teve que ser submetido a uma cirurgia, chegou a colocar em dúvida a possibilidade de seguir no esporte.
“Eu pensei que a minha carreira como atleta tinha acabado. Foi um trabalho espetacular junto aos meus fisioterapeutas, meus amigos e minha família. Eles me ajudaram em tudo. Hoje eu estou aqui com a prata, mas é a medalha de prata mais dourada que eu já recebi na minha vida”, comemora.
Para o atleta, de apenas 22 anos, o caminho até o pódio passou em grande parte pela convivência com o seu maior ídolo no esporte, o velocista Yohansson Nascimento, campeão e multimedalhista paralímpico. “Eu me espelho muito mesmo nele. Todo mundo aqui o conhece, ele é um atleta excepcional e um amigo, não tenho nem o que falar dele. Eu divido quarto com ele e em nenhum momento ele me deixou desanimar, me deu várias palavras de incentivo e essa medalha de hoje aqui é de todos nós”.
Campeão da mesma prova no Parapan de Toronto 2015, Mateus não se surpreendeu com as duas quebras de recorde seguidas. “Isso aqui é uma Paralimpíada, aqui estão os melhores do mundo. Eu fiz a minha melhor marca, cheguei até a bater o recorde mundial, mas o chinês também fez uma boa prova e acabou pegando o primeiro lugar”, lembra. “Eu gostaria que a bandeira do Brasil estivesse no lugar mais alto do pódio, hoje ela estava em segundo, mas na hora eu cantei o hino do meu Brasil. Enquanto a bandeira chinesa subia eu cantava o hino brasileiro porque eu fiz o meu melhor e saio daqui bem satisfeito”.
Escolhido pelo atletismo
Por falta de oxigênio na hora do nascimento, Mateus teve uma paralisia cerebral que prejudicou os movimentos do lado direito do seu corpo. Com a mão e a perna direita sem movimentação total, entrou no esporte aos 13 anos. Experimentou diversas modalidades, como o tiro com arco e o futebol de sete, mas encontrou na modalidade que lhe rendeu sua primeira medalha paralímpica a sua verdadeira vocação. “Passei por vários esportes, mas foi o atletismo que me apaixonou. O que eu gosto de fazer é correr, é saltar. Não fui eu que escolhi o atletismo, foi o atletismo que me escolheu”, afirma.
Satisfeito com a medalha no peito e ansioso por uma pausa após a conquista, Mateus já projeta novos confrontos contra o seu algoz na competição. “Tenho certeza que, se eu treinar mais, ainda vou bater o recorde mundial desse chinês aí. Ele que me aguarde, ano que vem tem mundial. Agora vou descansar, vou curtir a família, mas ano que vem vou voltar com mais foco e vou buscar essa medalha de ouro”.