Maracanã sediará a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio
A participação do presidente interino Michel Temer na cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio, no estádio do Maracanã, vai se restringir a só uma frase.
“Declaro aberto os Jogos do Rio, celebrando a 31ª Olimpíada da era moderna”, dirá ele no evento em 5 de agosto.
A fala não deve durar mais que dez segundos. A aparição breve do chefe de Estado é uma tradição das cerimônias de abertura. Na mesma ocasião em Londres, há quatro anos, a rainha Elizabeth 2ª foi quem se incumbiu do rápido anúncio ao microfone.
A abertura de grandes eventos esportivos no país tem sido um momento traumático para os presidentes brasileiros.
No Pan-07, o ex-presidente Lula foi vaiado no Maracanã lotado. Na época, ele estava com a popularidade em alta, e aliados do petista acusaram o então prefeito do Rio César Maia de orquestrar a vaia no estádio.
Na Copa das Confederações de 2013, foi a vez de Dilma Rousseff, que foi vaiada no estádio Mané Garrincha pelos torcedores. Na ocasião, Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, chegou a pedir educação ao público, mas não adiantou.
No ano seguinte, Dilma assistiu ao jogo de abertura da Copa do Mundo no Itaquerão, mas não fez discurso. Ela apenas assistiu ao jogo da seleção na tribuna. Mesmo assim, Dilma foi hostilizada por parte do público quando sua imagem aparecia no telão do estádio.
TRIBUNA
Temer ficará na tribuna de honra presidencial, ao lado do presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), o alemão Thomas Bach. Ele deve estar acompanhado da primeira-dama, Marcela.
Haverá outras duas tribunas: uma destinada a chefes de Estado e outra a membros do COI e demais autoridades, o que inclui os ex-presidentes do Brasil.
O protocolo do COI reserva o direito a discursos só ao seu presidente e ao chefe do comitê organizador dos Jogos, no caso Carlos Arthur Nuzman. Ambos falarão de um púlpito dentro do campo.
Depois desses discursos, que devem consumir cerca de 12 minutos, Temer vai declarar o início dos Jogos.
Em seguida, ocorrerá o desfile da bandeira olímpica (com oito carregadores), a execução do hino olímpico e o hasteamento da bandeira, ao lado da do Brasil.
Também ao pé da bandeira olímpica, um atleta, um árbitro e um técnico farão os respectivos juramentos de “fair play” esportivo.
Na sequência, ocorre o ápice da noite, que é o acendimento da pira olímpica.
O nome de quem vai acendê-la é guardado a sete chaves, mas a reportagem apurou que Pelé terá uma participação especial e relevante neste momento da cerimônia.
Outros atletas, na maioria campeões ou bicampeões olímpicos, como Joaquim Cruz, participarão do revezamento antes do gran finale.
O comitê organizador não divulga a sequência completa dos eventos, mas a tendência é que siga o mesmo molde de Londres-2012.
Tanto na Olimpíada londrina quanto na de Pequim-2008, a primeira hora foi dedicada a apresentações artísticas sobre a formação da cultura nacional, o que vai se repetir no Maracanã.
Após essa etapa, aconteceram os desfiles das delegações, que duraram entre uma hora e 40 minutos (Londres) e duas horas e dez (Pequim).
Só então a solenidade foi retomada, com discursos e o acendimento da tocha.
Os portões do Maracanã serão abertos às 16h30. Às 19h15, haverá show prévio e, enfim, às 20h terá início a cerimônia de fato, que deve durar pouco mais de três horas.
ANTECESSORES
Com o aval de Michel Temer, o COI decidiu no início de junho deste ano convidar para a cerimônia a presidente afastada Dilma Rousseff e os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva.
A assessoria de Dilma não soube informar se ela já foi convidada. Ela já disse que gostaria de estar na abertura, mas tem sido aconselhada por assessores a não ir.
Como deve ficar na área dos ex-presidentes, o receio é que ela passe a imagem de resignação com o afastamento definitivo do cargo.
As assessorias de Lula e FHC disseram que os ex-mandatários ainda não foram convidados. As equipes de Sarney e Collor não souberam dizer se eles já receberam convite para a cerimônia.