A Secretaria Municipal de Projetos Especiais e Defesa Civil (Sempodec) realizou vistorias à Usina de Santo Antônio, em dezembro de 2015, e na Usina de Jirau, na última semana. O objetivo das vistorias é conhecer o sistema de segurança das usinas, saber sobre seus planejamentos em relação à cheia que está por vir e os planos de ações para casos de emergências. “Saímos dessas vistorias impressionados com o monitoramento constante que elas possuem de suas barragens e de suas capacidades de previsão com relação ao comportamento do clima, monitoramentos de chuvas e do nível e densidade dos rios da região. Cada usina possui diversos equipamentos com grande precisão de medição. Caso as barragens se movam cerca de dois milímetros eles já detectam em tempo real. Em cada trecho existem sismógrafos ligados diretamente com a UNB, em Brasília. As detecções são monitoradas não apenas pelas próprias usinas. Além disso, equipes são continuamente preparadas para agir em qualquer momento do dia ou da noite, caso seja necessário”, disse Vicente Bessa, secretário da Sempedec.
Com o estreitamento de relações entre a Defesa Civil Municipal e as usinas, o acesso às informações permitirá ao Município de Porto Velho maior capacidade de monitoramentos e melhor capacitação na deflagração de ações imediatas. “Precisamos compor um sistema global de segurança municipal para acidentes com o rio Madeira. A Usina de Jirau realiza simulações de casos de galgamentos, em que ocorrem transbordamentos por cima de barragens, e de piping, que são rompimentos no meio das barragens. À Defesa Civil interessa acompanhar essas simulações para que saibamos de que forma esses casos poderiam atingir as comunidades e em que grau as afetaria. Assim, poderemos traçar os planos de alerta e de retirada das pessoas”, explicou Bessa.
A Usina de Jirau já concluiu seu plano de segurança e a Usina de Santo Antônio ainda está em fase de conclusão. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) divulgou no dia 26 de dezembro que quer brevemente unir os dois planos para apresentar um plano unificado de segurança. “Aguardamos que isso ocorra logo mesmo, pois já faz dois anos que cobramos isso. O rio Madeira está subindo rapidamente e a cor muito marrom da água indica que muitos detritos estão se deslocando dos Andes. Também constatamos que o rio Abunã está subindo aceleradamente. A Defesa Civil trabalha com a ideia de uma cheia entre as dimensões de 2015 e de 1997, duas grandes enchentes ocorridas em Porto Velho. Não estamos afirmando que isso vá realmente acontecer assim, mas precisamos trabalhar com essas previsões. A previsão mais realista é a de que o rio deverá transbordar umas duas ou três vezes, permanecendo por alguns dias com grande volume e depois abaixar, mas nós precisamos trabalhar numa folga de segurança para não sermos surpreendidos. E também precisamos logo formar um plano unificado de segurança, que inclua também a questão das barragens”, observou o secretário.
Bessa disse ainda não ser possível comparar os acontecimentos em Minas Gerais, com a transposição de barragens da mineradora Samarco, e o que poderia acontecer com as usinas do Madeira. As barragens de mineradoras são feitas de detritos retirados dos locais de extração, enquanto que as barragens das usinas do Madeira possuem mais de um metro e meio de espessura de puro concreto. Mas apesar da grande segurança que elas inspiram e dos mecanismos precisos de monitoramento que possuem, o plano de segurança precisa ser logo apresentado para que a Defesa Civil monte plano de fuga e o sistema de alerta. É isso que esperamos fazer ainda neste ano, afirmou o secretário.
Fonte:Comdecom/Renato
Fotos: Sempedec