“Dilma Rousseff e o desastroso ano que vem pela frente”, diz a nova edição da revista britânica The Economist. Uma foto da presidente em pose cabisbaixa, sob a frase “A Queda do Brasil”, ocupa a capa do primeiro número da publicação em 2016.
Repleto de críticas, o texto destaca o risco de impeachment, a redução da nota de crédito do país por duas agências de classificação de risco e a demissão de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda após menos de um ano à frente da pasta.
A revista também classifica a corrupção na Petrobras como um “escândalo gigante de propinas” e ironiza as previsões de crescimento negativo da economia do país em 2016 (“até a Rússia, cheia de sanções e dependente do petróleo, deve fazer melhor”).
Ao citar os Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), diz que o país poderia estar na “vanguarda das economias” emergentes. “Ao contrário disso, enfrenta disfunções políticas e talvez um retorno da inflação disparada”, afirma.
“Apenas decisões difíceis podem trazer o Brasil de volta a seu caminho”, continua a Economist, defendendo reformas na Previdência e na legislação trabalhista que “torna muito caro para as empresas demitirem até os empregados incompetentes”.
Na visão da Economist, no entanto, reformas do tipo dificilmente devem ser colocadas em prática. “Neste momento, Dilma Rousseff não parece ter estômago para elas.”
‘Extravagâncias’
A reportagem, com data de 2 de janeiro de 2016, afirma que as políticas de Dilma e do PT teriam aprofundado os efeitos econômicos da queda global nos preços das commodities. A publicação diz que o ajuste fiscal “não tem sido suficiente” e aponta “gastos extravagantes e imprudentes com aposentadorias e reduções de impostos improdutivas para indústrias favorecidas”.
A publicação ainda critica a situação da Previdência no Brasil. Segundo aEconomist, o país gasta 12% do PIB com aposentados e pensionistas, “fatia maior do que a praticada no Japão, um país mais rico e mais velho”.
A Economist, no entanto, parece ter algum otimismo com o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Embora diga que Barbosa “participou do primeiro governo desastroso da presidente”, a publicação afirma que ele pode atuar melhor no comando das finanças. “(Ele) tem poder de barganha e suporte político no PT.”
A revista cita os jogos Olímpicos já no primeiro parágrafo: “O Brasil deveria começar 2016 de forma exuberante. (…)O Rio de Janeiro será sede da Olimpíada em agosto, dando aos brasileiros a chance de embarcar no que fazem de melhor: uma festa realmente espetacular. Mas, apesar disso, o Brasil encara um desastre político e econômico”
“E se Dilma não conseguir implementar mudanças?”, indaga a revista. A resposta, segundo a publicação, seria o crescimento da dívida pública e perdas nos ganhos sociais.
“A conquista do Brasil foi tirar dezenas de milhões de pessoas da pobreza. A recessão poderá paralisar ou mesmo reverter este processo.”