Próteses de silicone nas mamas podem atrapalhar exames? De acordo com um novo estudo, apresentado em congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, na Áustria, a resposta é sim. Os implantes tornariam a realização de eletrocardiogramas (ECG), que ajudam a detectar anormalidades, causas de dores no peito e possíveis ataques cardíacos, mais complicados.
No exame, os eletrodos, pequenos adesivos conectados por fios a um eletrocardiógrafo digital, são colocados sobre os braços, pernas e peito do paciente. Os sinais elétricos captados são registrados em gráficos e impressos em um papel, avaliando a saúde dos músculos e nervos do coração. Mas, segundo Sok-Sithikun Bun, cardiologista e autor da pesquisa, muitas vezes, os testes feitos em mulheres com próteses não eram confiáveis devido à interferência dos implantes na medição.
Dificuldade na leitura
Para os testes de eletrocardiograma, 48 mulheres saudáveis e sem problemas cardíacos, com idade entre 30 e 49 anos foram examinadas. Entre elas, 28 tinham implantes e 20 não tinham. Em seguida, os resultados foram interpretados por dois cardiologistas sem envolvimento no estudo, sem conhecimento sobre as próteses de silicone ou qualquer relacionamento com as participantes.
Mais de um terço dos exames das mulheres com silicone foi interpretado como “anormal” pelos especialistas. No entanto, essas mulheres não tinham nenhum problema, levando em consideração outros testes realizados. “Acreditamos que os registros de ECG foram falsos por causa dos implantes. Temos duas hipóteses para isso: ou a composição do implante se mostra como uma barreira para os sinais elétricos do coração ou pode ser a posição dos eletrodos que dificultam a leitura devido a localidade dos implantes.”, disse Bun.
Diagnóstico precoce
Segundo o cardiologista, o real perigo é que essas leituras erradas podem confundir os médicos e levá-los a um diagnostico precoce de doenças cardíacas ou complicações que não existem de fato. Para fugir disso, outros exames precisam ser feitos, além do ECG, para confirmar ou descartar as possibilidades. “Eles poderiam concluir erroneamente que um paciente com implantes mamários tem a doença arterial coronariana, por exemplo.”
Para Mike Knapton, da Fundação Cardíaca Britânica, os achados podem se aplicar a um número significante de mulheres que têm próteses de silicone, seja a partir de tratamento contra o câncer de mama ou procedimento cosmético. “Essas descobertas ajudarão a evitar o risco de um diagnóstico falso e tratamentos desnecessários.”
Ainda não é claro se o tamanho das próteses é algo relevante para o erro de leitura dos exames.