Agentes da Polícia Civil cumpriram mandado de busca e apreensão na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental em Vilhena (RO), distante 700 quilômetros de Porto Velho, na manhã desta sexta-feira (17). A ação faz parte da Operação Floresta Nativa, que investiga fraude em autorizações concedidas pelo órgão para proprietários de terras.
Os policiais também cumpriram mandado na casa do engenheiro florestal José Trindade Lobato, e do ex-chefe regional da secretaria, Pedrinho Muller. Durante as investigações realizadas pela Polícia Civil, em conjunto com a Polícia Ambiental e Ministério Público (MP), foram constatados seis casos em que os dois suspeitos concederam autorizações para limpeza de áreas de pastos ou capoeiras à fazendeiros, quando na realidade se tratavam de áreas com vegetação nativa.
“Temos indícios de que esses dois servidores não faziam isso de graça. Com o tempo, todos serão investigados, inclusive os proprietários das terras desmatadas”, explicou o delegado Fábio Campos.
Após as buscas e apreensões, o engenheiro e o ex-servidor foram levados para a Colônia Penal para colocarem tornozeleira eletrônica. Eles passarão a ser monitorados, pois estão proibidos de se aproximarem de qualquer unidade da Sedam em todo o estado.
Procurada, a Sedam declarou que não compactua com as supostas fraudes e que está dando todo o suporte para que a polícia possa apurar as suspeitas. Afirmou ainda que o engenheiro florestal foi afastado da função e que, se comprovada as irregularidades, ele poderá sofrer um processo administrativo.
A defesa de Lobato disse que não teve conhecimento ainda das denúncias. Em contato com Muller, ele negou por telefone todas as acusações e disse que “tudo que fez foi dentro da lei”.
Origem das investigações
Conforme a Polícia Civil, as suspeitas de que havia irregularidades em concessões emitidas pela Sedam iniciaram entre os anos de 2015 e 2016 em inspeções realizadas pela Polícia Ambiental na região. Nessas fiscalizações, quando os policias chegavam as propriedades rurais, confirmavam o desmatamento de mata nativa constatadas por imagens do satélite, porém, quando iam autuar os proprietários, eles apresentavam a polícia uma autorização especial cedida pela Sedam.
Os policiais ambientais, depois de multarem os fazendeiros, passaram o caso para o MP e para a Polícia Civil, que instaurou inquérito civil. “Vimos que as informações não estavam em acordo com a realidade. Como contamos com apenas 14 agentes, analisamos no local cerca de dez concessões apenas, sendo que temos mais 100. Ou seja, provavelmente os danos ambientais causados com o apoio do órgão, que deveria proteger o meio ambiente ao invés de colaborar com o desmatamento, são bem maiores”, disse sargento Vardelei Alves Trindade.
Fonte: G1Vilhena