Em apenas 5 minutos, um médico faz pessoas cegas voltarem a ver com cirurgia de 25 dólares

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Ver esse médico trabalhar é como observar milagres. Sanduk Ruit devolveu a visão a mais de 100 mil pessoas, talvez mais do que qualquer médico na história, e os pacientes não param de chegar. Eles vêm de vilarejos remotos, através de trilhas nas montanhas, cambaleando e tateando, esperando passar pelo bisturi para voltar a ver seus familiares.

Eficiência. 

Um dia depois da cirurgia para remover a catarata, ele retira as ataduras, e que era cego passa a enxergar claramente. Primeiro com hesitação, depois com júbilo, eles olham em volta. Poucas horas depois, voltam andando para casa, irradiando uma felicidade indescritível. O médico oftalmologista nepalês  talvez seja o campeão mundial na guerra contra a cegueira. Cerca de 39 milhões de pessoas em todo o mundo são cegas – cerca de metade por causa da catarata – e outros 246 milhões têm a visão deficiente, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).

Se você é uma pessoa cega em um  país pobre, então normalmente não tem esperança. Mas Ruit é pioneiro em uma técnica de microcirurgia de catarata simples que custa apenas  25 dólares (cerca de 90 reais) por paciente e é, quase sempre, bem-sucedida. Na verdade, seu “método Nepal” agora é ensinado nas faculdades de medicina dos Estados Unidos.

Retirada de catarata. 

Uma das pacientes de Ruit, Thuli Maya Thing,  uma mulher 50 anos, disse tinha dificuldades para cuidar dos filhos desde que perdeu a visão devido à catarata nos últimos anos. Por causa da cegueira e da incapacidade de trabalhar, a família às vezes passava fome. “Não posso ir buscar lenha nem água”, Thuli Maya me disse. “Não posso fazer comida. Eu vivo caindo. Já me queimei no fogo.”
Então Thuli Maya estava esperando fora do hospital de olhos que Ruit montou, nervosa, mas também ansiosa pelo resultado. “Vou conseguir ver meus filhos e meu marido de novo, é isso que eu mais quero”, programava ela.

Ela foi levada à sala de operação, e um anestésico local foi injetado em seus olhos. Depois de abrir o olho esquerdo com um espéculo de pálpebras, Ruit observou através de um microscópio enquanto fazia uma pequena incisão no globo ocular e, em seguida, puxou a catarata – e colocou-o na palma da mão.  Ela era dura e amarelada, com cerca de 8 milímetros de diâmetro, um pequeno disco opaco que devastou a vida de Thuli Maya. Ruit inseriu uma lente minúscula no olho dela e concluiu a cirurgia. O processo levou apenas 5 minutos. Em seguida, ele repetiu o procedimento no olho direito da mulher, confiante de que ela voltaria a enxergar.

Resultados positivos. 

“Aqui os resultados são muito claros”, disse Ruit enquanto fazia um curativo no olho da paciente. “É diferente de qualquer outra intervenção médica.” Nos Estados Unidos, a cirurgia da catarata normalmente é realizada com máquinas complexas. Mas elas são inacessíveis nos países pobres, de modo que Ruit aperfeiçoou o trabalho de outros (entre eles do Aravind Eye Care System na Índia, uma instituição excepcional que realizou 280 mil cirurgias de catarata no ano passado)  para inovar e refinar a microcirurgia de pequena incisão para remoção de catarata sem sutura.

No início, os céticos denunciaram e ridicularizaram suas inovações. Mas então o American Journal of Ophthalmology publicou um estudo sobre um ensaio clínico aleatório revelando que a técnica de Ruit tinha exatamente o mesmo resultado (98% de sucesso em um prazo de seis meses de acompanhamento)  do que as máquinas ocidentais. A diferença era que o método de Ruit era muito mais barato e rápido. “Os resultados são fantásticos”, afirmou o oftalmologista Geoffrey Tabin. O americano aprendeu a técnica de Ruit e também esteve em Hetauda, removendo cataratas ao lado do nepalês, e garante que os resultados obtidos utilizando a técnica  são tão bons quanto os de seus pacientes em Salt Lake City (EUA), que pagam por serviços de primeira classe e desfrutam de quase  1 milhão de reais em equipamentos médicos de última geração.

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