Tecnologias para o cultivo da mandioca chamaram a atenção de produtores familiares da região de Porto Velho (RO). “Pra gente é valioso poder saber mais sobre a produção da mandioca, é uma questão de sobrevivência”, comentou o agricultor Marcelino Blasius. Ele e dezenas de produtores compareceram ao Dia de Campo de Mandioca, realizado pela Embrapa Rondônia e parceiros, nesta quinta-feira, 24, próximo ao distrito de Nova Mutum Paraná, a cerca de 100 quilômetros da capital.
Durante o evento, os participantes puderam ver de perto as seis cultivares de mandioca que estão sendo avaliadas nas condições da região, sendo três de mesa (regionalmente chamada de macaxeira) e três para produção de farinha (mandioca brava). Também conheceram as técnicas de propagação da cultura, controle de plantas daninhas e de pragas, assim como o beneficiamento e a comercialização da produção. Por fim, ainda experimentaram as três variedades de mandioca de mesa. “Estes conhecimentos são fundamentais para que os agricultores possam adotar no campo e melhorar a produção e, consequentemente, a renda da família”, destacou o engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia, Davi Oliveira, complementando que a mandioca é a segunda cultura de maior importância econômica para a agricultura familiar rondoniense, ficando atrás apenas do café.
Mas, para melhorar a renda, além de maior produção, os produtores têm que se organizar. “É preciso que vocês se unam, em associações e cooperativas, para que possam ter competitividade no mercado”, alertou o analista da Embrapa Rondônia, Calixto Neto, durante a apresentação de dados econômicos da produção de mandioca. E isso já está começando a acontecer. A presidente da Cooperativa de Produtores Rurais do Observatório Ambiental Jirau (COOPPROJIRAU), Sandra Vicentini, afirmou que a estrutura para abrigar a agroindústria de farinha está quase pronta, na área da Associação do Reassentamento Rural Coletivo Vida Nova. A capacidade de processamento será de 1.800 quilos de farinha por dia, garantindo aos mais de 170 cooperados a compra de, aproximadamente, mil toneladas por ano de mandioca. “Nosso maior orgulho vai ser ver nosso produto final no mercado, com a nossa marca”, disparou Sandra.
O Dia de Campo de Mandioca é uma das ações do Projeto Piloto de Uso da Faixa Deplecionável do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Jirau e das Áreas de Terra Firme de seu Entorno, uma parceria entre Embrapa Rondônia e a Energia Sustentável do Brasil (ESBR). “A parceria com a Embrapa proporciona aos pequenos produtores da região o acesso às informações e tecnologias para que possam ter produção em escala, acesso ao mercado com melhores preços, proporcionando melhoria na qualidade de vida”, disse o gerente de Meio Ambiente da ESBR, Veríssimo Neto.
O evento contou com a parceria da ESBR – concessionária da Usina Hidrelétrica (UHE) Jirau –, e o apoio da Associação do Reassentamento Rural Coletivo Vida Nova, Ampliari Serviços em Meio Ambiente LTDA, Cooperativa de Produtores Rurais do Observatório Ambiental Jirau (COOPPROJIRAU), Secretaria Estadual de Agricultura, Emater-RO e Secretaria Municipal de Agricultura de Porto Velho.
Produção de mandioca no Brasil e em Rondônia
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rondônia ocupa a 11ª posição na produção de mandioca, com 574 mil toneladas produzidas. No âmbito estadual, destaque para o município de Machadinho d’Oeste, com a produção em torno de 120 mil toneladas, seguido de Porto Velho, com 66 mil toneladas. A cultura da mandioca ocupa uma área aproximada de 1,5 milhão de hectares no Brasil, dos quais a região Norte responde por aproximadamente 480 mil hectares, ficando atrás apenas da região Nordeste. Contudo, em termos de produção, a região Norte ocupa a primeira posição com 7,8 milhões de toneladas, de uma produção nacional em torno de 23 milhões de toneladas. A região Sul é a que apresenta a maior produtividade média, cerca de 24 toneladas por hectare, em virtude, principalmente, pelo elevado nível tecnológico empregado nas lavouras do estado do Paraná. O estado com a maior produção é o Pará, com 4,7 milhões de toneladas.