Fidel Castro, o líder revolucionário cubano que construiu um estado comunista na porta dos Estados unidos e por cinco décadas desafiou os esforços norte-americanos para derrubá-lo, morreu na sexta-feira (25) aos 90 anos.
Figura imponente da segunda metade do século 20, Castro se manteve preso à sua ideologia após o colapso do comunismo soviético e seguiu amplamente respeitado em partes do mundo que tinham lutado contra o domínio colonial.
Conhecido como “Comandante” pelos cubanos, Fidel era personagem de várias histórias e boatos. “Ele não dorme”, “ele não esquece de nada”, “é capaz de te penetrar com o olhar e descobrir quem você é”. Fidel sempre teve uma saúde de ferro, até quando enfrentou uma hemorragia intestinal durante uma viagem à Argentina aos 80 anos de idade.
Em 31 de julho de 2006, os problemas de saúde provocados pelo avanço da idade o fizeram delegar temporariamente o poder a seu irmão Raúl. Em fevereiro de 2008, Fidel renunciou oficialmente ao cargo de presidente cubano e, desde então, era o principal conselheiro do Partido Comunista e do novo governo.
Vestindo um uniforme militar verde, um sombrio Raúl Castro, 85, apareceu na televisão estatal na noite de sexta-feira para anunciar a morte de seu irmão.
“Às 10:29 da noite, o comandante chefe da revolução de Cuba, Fidel Castro Ruz, morreu”, ele disse sem dar a causa da morte. “Sempre para a frente, para a vitória”, disse, usando o slogan da revolução cubana.
“Em cumprimento da expressa vontade do companheiro Fidel, seus restos mortais serão cremados neste sábado, dia 26”, afirmou Raúl, demonstrando emoção ao ler o breve comunicado.
Neste sábado (26), de acordo com a imprensa cubana, foram divulgadas informações detalhadas sobre homenagens póstumas a Fidel. O jornal britânico Guardian reportaque as cinzas do líder serão enterradas no cemitério Santa Efigênia, em Santiago de Cuba, no dia 4 de dezembro. No mesmo cemitério está enterrado o herói cubano José Martí.
Também foram marcados eventos para os dias 28 e 29 de novembro no memorial José Martí, em Havana, e uma missa será celebrada na capital no dia 29.
O governo cubano declarou nove dias de luto nacional.
“Durante o período de luto, todos os eventos públicos e atividades serão suspensos, a bandeira nacional será hasteada a meio mastro em edifícios públicos e instalações militares, e a televisão e o rádio vão transmitir programas informativos, patrióticos e históricos”.
Aliados fizeram tributos, incluindo o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o presidente socialista da Venezuela, Nicolas Maduro, que declarou que “os revolucionários do mundo devem seguir seu legado.”
Embora Raul Castro sempre tenha glorificado seu irmão mais velho, ele mudou Cuba desde que assumiu, introduzindo reformas econômicas e fechando acordo com os Estados Unidos, em dezembro de 2014, para restabelecer laços diplomáticos e pôr fim a décadas de hostilidade.
Fidel Castro ofereceu morno apoio para o acordo, levantando dúvidas sobre se ele de fato aprovaria o fim das hostilidades com seu inimigo de longa data.
Ele não conheceu Barack Obama quando ele visitou Havana no início deste ano, a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos tinha pisado o pé em solo cubano desde 1928.Fidel assistia a tudo isso de longe, mas não deixava de fazer suas análises em artigos publicados no jornal oficial cubano “Granma”. A fragilidade da sua saúde já tinha provocado boatos sobre sua morte várias vezes nas redes sociais.