PRIMEIRO, O MEU!

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Discute-se a austeridade, que, pode-se pensar, por decisões aparentemente unilaterais de um Poder, queiram aplica-la com medidas extremas, sob o objetivo de salvar a pátria da escuridão e dos graves atropelos, efeitos de gestões incompetentes e até mesmo destrambelhadas, cujo legado está aí, no bolso da população: que paga os juros mais absurdos do mundo, beneficiando apenas instituições financeiras; na falta de saúde pública compatível com as necessidades populares; na educação com fundamentos ideológicos que têm gerados sentimentos de lutas de classe, e com um sistema de segurança pública que se parece quase incontrolável.
A medida vem pra valer o quanto antes, enquanto a sociedade está sedada pela crise que atinge a todos. Falta crescente de vagas em trabalhos, desempregos em ascensão, e uma enorme vontade de mostrar serviço o quanto antes para obtenção de crédito popular.
Talvez as únicas empresas que ainda estão satisfeitas são os Bancos, pelo altos juros que cobram e que fica difícil de entender. Ninguém cobra isso. O Ministro Meirelles não dá um “piu” sobre essa questão. Os Bancos respondem sua participação na economia, através da divulgação dos seus lucros trimestrais ou semestrais, cujos resultados só alimentam seus patrimônios. Bancos correm riscos também e se defendem dessa maneira. Na verdade, estudiosos do sistema financeiro sempre dizem que entre dois grandes negócios do mundo estão, em primeiro, um Banco bem administrado e em segundo, um Banco mal administrado.
E tudo é o mercado que domina. Como já disse Affonso Romano de Sant’Anna, em um belíssimo trabalho sobre o Mercado das Artes, a Arte dispunha de belas obras, hoje o que se dispõem são as obras mais caras. Nem sempre tão belas, mas que geram rendas para quem as negocia.
Voltando ao assunto principal, em razão de questionamentos sobre a PEC do Teto, que hoje se divulga por aí.
Entende-se que o auxílio-moradia do judiciário seja um valor absurdo e inadequado, mas não se deve esquecer os privilégios do parlamento (estes sim, absurdos), onde um deputado ou senador gasta 57 mil reais em consumo de combustíveis em poucos meses; goza de previdência própria, aposenta-se com salário integral, embora exerça por pouco tempo o mandato, as vezes, na condição de suplente; tem uma polpuda verba de gabinete; usa, supostamente, notas frias para justificar despesas; tem um dos melhores planos de assistência médica particular; passagens aéreas que também lhes dão milhagens para usar com seus apaniguados; alguns (fortes líderes com acesso ao executivo) que fazem lobbys em causa própria com ganhos ilícitos, como tem sido comprovado por investigações oficiais; criam ou aprovam leis para atender pleitos do executivo e não da sociedade, desrespeitando a própria Constituição Federal…
…e além disso tudo, seus partidos políticos são abonados com generosos valores pela rubrica de Fundos Partidários, que ninguém sabe como são gastos (ou sabe?), e ufffa,.. Para-se por aqui porque parece não adiantar escrever sobre o que a sociedade é informada frequentemente pela mídia impressa, eletrônica e redes sociais…
Se o objetivo é a austeridade, que seja plural para a todos os poderes, mas respeitando a equanimidade no esforço de recuperar a economia e o produtivo exercício de políticas públicas tão mal aplicadas nos últimos tempos. Gasta-se dinheiro com propaganda em volumes injustificáveis. Não se fala nos cartões corporativos que também têm se destacado, notadamente, no âmbito do Executivo.  Troque-se as ocupações dos principais cargos do Poder, exercidas em alguns casos por políticos de visão politiqueira (alguns sendo investigados), ou por amizade, por técnicos de reconhecida qualificação e experiência.
Lembro uma anedota em que dois cidadãos mostrando fina educação, sentam-se a uma mesa, em um daqueles restaurantes da Avenida Atlântica, na cidade maravilhosa (com administrações não tão maravilhosas atualmente), com mesas na calçada, e pedem ao garçom dois filés om fritas. Por ali passam sempre abelhudos e famintos cães vira-latas etc,. O filé é servido e os dois comensais viram-se um para o outro educadamente:
-Sirva-se
Você primeiro.
Não, sirva-se você…
E ficam nessa competição de gestos. Mas um daqueles cães, passa rapidamente por aquela mesa e abocanha um dos filés, no que o mais educado, na hora, diz ao amigo:
Levou o teu, hein?
Essa tem sido a postura dos que conduzem o país.
Primeiro o meu!

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