Banco de Leite do Hospital de Base faz manejo clínico para diminuir dor de mães impossibilitadas de amamentar

Hospital-de-Base_Banco-de-leite_12.09.16_Foto_Daiane-Mendonça-5-768x512.jpg
Dia das Mães_Emili Freitas Teixeira_Foto_Daiane Mendonça (4)

A amamentação é importante para a saúde do bebê e fortalece o vínculo com a mãe

A sala cheia de mães amamentando ou cuidando dos recém-nascidos em repouso não significa que elas estejam ali apenas para doar ou receber leite humano. O Banco do Leite Santa Ágata, do Hospital de Base Ary Pinheiro, intensificou o socorro a mães com mamilas fissuradas, lesões mamárias e dores diversas.

Naglia Natasha Monteiro, 25 anos, levou a primeira filha Sofia, nascida sábado (10) com 3,741 Kg e que ainda não completara 72 horas de vida. A bebê precisava do leite materno, mas a mãe não o tinha.

“Ela e muitas outras que estão aqui, necessitam do manejo clínico, que fazemos nas mães, vindas em sua maioria da zona leste de Porto Velho”, relatou enfermeira Edilene Macedo Cordeiro.

O tratamento preventivo das mães com dificuldades para amamentar é meta contínua no banco. Segundo a enfermeira, recentemente a equipe atendeu a uma mãe com abscesso [acúmulo de pus que se forma no interior dos tecidos do corpo] num dos seios.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a amamentação comece ainda na primeira meia hora após o parto. No entanto, apenas metade de todos os recém-nascidos no mundo colhe os benefícios da amamentação imediata.

Naglia, moradora no Bairro Novo Horizonte (zona Sul), foi ao banco de leite acompanhada do pai, João Batista de Souza, cobrador de ônibus, morador no Bairro Cascalheira (zona leste).

Leia da Silva Camila, 21, outra mãe pela primeira vez, amamentava Laís, nascida 14 dias atrás, com 3,200 Kg, e também buscava tratamento. “Depois eu vou doar”, prometeu.

Naglia levou a primeira filha Sofia para receber leite materno

Naglia levou a primeira filha Sofia para receber leite materno

Segundo a enfermeira, mães da zona leste são as melhores doadoras, informou Edilene Cordeiro. Uma vez por semana, profissionais de saúde do banco coletam o leite das 7h30 às 18h e o colocam no congelador. “O trabalho na zona leste dura sempre dois dias”, ela disse.

A enfermeira disse que o objetivo é atender o berçário, onde ficam diariamente 40 bebês.

Aproximadamente 77 milhões de recém-nascidos não são amamentados na primeira hora de vida, deixam de receber nutrientes e anticorpos e são privados do contato corporal com suas mães, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Este primeiro contato corpo a corpo é essencial para protegê-los de doenças e para contribuir com o sucesso da amamentação.

Segundo France Bégin, assessora sênior de Nutrição do Unicef, se todos os bebês fossem alimentados apenas com leite materno desde o momento do seu nascimento até os seis meses de idade, mais de 800 mil vidas seriam salvas a cada ano.

Quanto mais se atrasa o início da amamentação, maior é o risco de morte no primeiro mês de vida. Atrasar o aleitamento materno entre duas e 23 horas após o nascimento aumenta em 40% o risco de morte nos primeiros 28 dias de vida. Atrasá-la por 24 horas ou mais aumenta esse risco em 80%.

O leite fornecido atualmente por 40 mães da periferia porto-velhense atende apenas à UTI neonatal, onde nesta segunda-feira (12) estavam 24 bebês. Em agosto o banco coletou 112 litros. Algumas mães doam excedentes para garantir a amamentação dos próprios filhos.

O banco também têm a colaboração do Posto de Coleta de Leite Ernandes Índio (zona leste), da Prefeitura de Porto Velho.

Segundo Edilene, o leite cru pode ser armazenado durante 15 dias, enquanto o pasteurizado dura até seis meses.

REFERÊNCIA

“Nossa campanha vem desde a Semana Mundial da Amamentação [comemorada este ano de 1º a 7 de agosto] e se intensifica pelo motivo da aproximação de dezembro e das férias, quando ocorrem desistências e o estoque deixa de atender à demanda”, disse.

Apesar das dificuldades, o momento vivido pela equipe do banco é motivo de alegria: a Rede Brasileira de Bancos de Leite, vinculada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) o reconhece como referência estadual. Pelos critérios de atendimento, em 2014 e 2015 essa unidade do HB recebeu a classificação padrão ouro em bancos de leite. As demais classificações são prata e bronze.

No primeiro semestre do ano, o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde concedeu ao banco o certificado de proficiência, pelo cumprimento de critérios da qualidade do leite humano pasteurizado.

Ainda conforme Edilene, a cada quatro meses é feita uma avaliação desse trabalho, e os resultados apurados pela rede brasileira de bancos de leite. “O Brasil é referência mundial no setor e está próximo de se integrar à rede global, por isso, fazer parte de tudo isso é comovente e motivo de honra para nós”, assinalou.

RECOMENDAÇÕES E SITUAÇÃO MUNDIAL

O leite materno previne infecções gastrointestinais, respiratórias e urinárias, além de ter efeito protetor sobre as alergias, informa o manual de aleitamento materno do Comitê Português para o Unicef.

Para doar ao Banco de Leite Santa Ágata, a mãe precisa ter excedente de leite e se submeter a avaliação do pré-natal. Todas têm que ser negativadas, depois são atendidas por nutricionistas para constatar vida saudável, e na sequência recebem kits com frascos coletores de vidro e tampa de plástico, gase estéreo, touca e máscaras.

A mãe que amamenta ajuda o útero a voltar ao seu tamanho normal e reduz as probabilidades de câncer de mama.

A OMS recomenda que o aleitamento materno seja exclusivo até o sexto mês e se estenda até os dois anos ou mais, aí já com a introdução de outros alimentos: frutas, legumes, verduras e carnes.

A Unicef alerta: apesar dos esforços, os avanços na amamentação na primeira hora de vida têm sido lentos. Na África Subsaariana, por exemplo, onde as taxas de mortalidade de menores de cinco anos são as mais altas do mundo, o aleitamento materno precoce cresceu apenas 10 pontos percentuais desde o ano 2000.

Na Ásia Meridional, onde as taxas de iniciação precoce de aleitamento materno triplicaram, passando de 16% em 2000 para 45% em 2015, o aumento está longe de ser suficiente: 21 milhões de recém-nascidos ainda têm de esperar tempo demais para serem amamentados.

Fonte: Secom – Governo de Rondônia

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

verificação *

scroll to top