Debater e esclarecer sobre as questões que envolvem o turismo no Estado de Rondônia foi o tema da audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira (16) no Plenário da Assembleia Legislativa. O evento foi proposto pelos deputados Dr. Neidson (PMN) e Lazinho da Fetagro (PT).
Lazinho avaliou a audiência como uma reunião de trabalho para que se possa dentro da Assembleia e do governo, fortalecer as ações e possibilitar suporte na elaboração de programas, ações, estratégias e investimentos para incrementar a economia e tornar Rondônia num grande potencial turístico do país. “Turismo não é gasto, é investimento”, salientou.
O deputado Dr. Neidson disse que a primeira estância turística criada no Estado foi em Guajará-Mirim, em 1985. Para incentivar o turismo é preciso capacitar pessoas, começando pelos taxistas, pessoal da rede hoteleira entre outras.
Trabalho deve ser tripartite (Estado, municípios e União). Neidson disse ser necessário investir nos vários tipos de turismo (religioso, de negócios, de compras, esportivo entre outros), afirmou.
Os debatedores colocaram as questões inerentes ao setor, como a de gestores públicos, com o desenvolvimento de políticas permanentes, entidades como Sebrae e Fecomércio devem trabalhar efetivamente na formação, capacitação e incentivo aos empreendedores.
Ao final dos debates foi lavrada e assinada a ata com os encaminhamentos que ficaram definidos como a promoção de reunião de trabalho com representantes do Poder Executivo Estadual, empresários do ramo da aviação visando melhorias do terminal aeroviário.
Também foi reivindicado que a Petrobras retorne com o abastecimento das aeronaves em Cacoal e Vilhena; reunião com os setores produtivos dos serviços de turismo; possibilidade de criação dos Conselhos Municipais de Turismo com a criação da “Taxa de Turismo” no Estado e do Mapa Turístico de Rondônia, bem como o calendário cultural.
Debatedores
A representante da Fecomércio, Cileide Macedo apresentou um vídeo em que são exaltadas as belezas naturais de Rondônia e que a mensagem da federação e do Conselho criado em sua estrutura que é o de colaborar para o desenvolvimento do Estado, iniciando com um projeto piloto em Ouro Preto do Oeste.
Cileide relatou também ações que em parceria com governo e Sebrae estão sendo realizadas, como o alfandegamento do aeroporto de Porto Velho, melhorias em outros aeroportos, pontes e outras demandas que dariam suporte de infraestrutura, bem como a redução do ICMS para a área. Propôs encontros permanentes para alinhar demandas e necessidades.
Representando o Sebrae Rondônia, Cléris Jean Kussler, disse que tem atuado na área com pequenas empresas com formação, capacitação e orientação aos empreendedores. Citou projetos em Porto Velho e a parceria desenvolvida em conjunto com a Fecomércio em Ouro Preto (Vale das Cachoeiras), Cacoal (Festival gastronômico) e Pimenta Bueno (Vale do Encantado).
Cléris pediu políticas públicas afinadas com a iniciativa privada, pois é mais rápida, está alinhada e sempre ouvindo o que o público quer quais suas necessidades. Em se tratando de turismo, afirmou, detalhes fazem a diferença e ninguém se importa de pagar um pouco mais por algo que irá satisfazê-lo, sendo bem atendida.
O presidente do Sindicato das Empresas de Turismo do Estado (Sindestur), Paulo Haddad, afirmou que o turismo não anda e não vai andar se não respeitar a Lei de Turismo no Estado. “Precisamos valorizar mais o amor a nossa terra. Turismo é qualidade de vida”. Pediu políticas públicas e orçamento. Afirmou faltar vontade política por parte do município.
Meio ambiente e turismo. Parques Nacionais recebem 300 milhões de visitantes anualmente. E com tantas potencialidades, nossos parques estão abandonados, sem estrutura alguma. Não há planejamento. As poucas iniciativas que acontecem é porque a iniciativa privada atua.
“Temos um potencial histórico em Rondônia não explorado e que se encontra abandonado”, disse Haddad. O turismo é feito basicamente pelas micro e pequenas empresas e precisam de apoio, concluiu.
O superintendente do Banco da Amazônia, Wilson Evaristo disse que não faltam recursos para a iniciativa privada e que em média o banco tem financiado anualmente em torno de R$ 10 milhões o que é muito pouco perante as potencialidades turísticas do Estado. Questões legais afastam a instituição de alguns financiamentos e se colocou à disposição.
O superintendente de Turismo de Rondônia, Júlio Olivar salientou a iniciativa dos parlamentares em discutir o tema. Salientou as ações necessárias para o desenvolvimento do setor e criticou Iphan e prefeitura por nada fazer na Estrada de Ferro e entorno da Igreja de Santo Antônio. “Precisamos brigar pelas compensações das usinas para destinar recursos ao setor”, afirmou.
Olivar disse que ao Estado cabe também, além do planejamento e incentivo, institucionalizar eventos e divulgá-los, como por exemplo, os festejos do Vale do Guaporé. “Rondônia precisa se conhecer e valorizar”, argumentou.
O museólogo Antônio Ocampo Fernandes disse ser muito crítico e afirmou que Rondônia, e especialmente Porto Velho é uma cidade do “já teve” (já teve Carnaval, Flor do Maracujá, entre outros). Este debate é antigo, e que o desmanche cultural se dá no momento da criação do Estado, a partir de Jorge Teixeira.
O Decreto nº 1 é a criação da Secretaria de Cultura e Turismo, mas ao mesmo tempo foi este governo que iniciou o desmanche da estrada de ferro e outros patrimônios culturais. As áreas de comando são tocadas por pessoas que não nasceram aqui e que para desenvolver é preciso amor por esta terra, afirmou Ocampo.
Flammareon Cruz, diretor de arte e cultura da Fundação de Cultura de Porto Velho (Funcultural) afirmou que falta legislação que permita a criação de um fundo para o setor de turismo, o que permitiria criar mecanismos de incentivo juntamente com a iniciativa privada.
O empreendedor na área de turismo, Saulo Giordane, disse que sua característica é fazer as coisas acontecerem, pois é um inconformado e pediu maior aproximação entre os poderes e empresários, para atuar com planejamento e metas de curto, médio e longo prazo.
Aline Maia, arqueóloga da Sejucel disse que a secretaria participa de projetos em áreas específicas e que é preciso valorizar e cultivar a memória e a identidade de comunidades tradicionais. “Turismo sem cultura não se cria identidade cultural”.
A turismóloga Mara Valverde pediu maior apoio em leis e financeiro para as empresas que investem. Sérgio Saraiva, da região do Vale do Guaporé onde trabalha com pesca esportiva, disse que é difícil para o empresário trabalhar e gerar emprego e pediu maior respeito por parte do governo. Reclamou dos valores das passagens aéreas, dificultando a vinda de mais turistas.
O economista e pesquisador Anísio Gorayeb disse que é preciso focar nas vocações de cada cidade para potencializar o turismo e respeitar as tradições. Pediu que Porto Velho, para iniciar a melhorar, conclua as obras dos viadutos, pois “ninguém quer visitar uma cidade feia”.
Fonte: ALE/RO – DECOM