O problema dos preços

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Estão nos supermercado os problemas dos preços dos seus produtos. Mas há dúvidas se os fornecedores contribuem para tanto. Deixemos de lado os ensinamentos monetaristas que explicam o funcionamento da lei da oferta e da procura, através do controle da moeda, com um baixo grau de intervenção do Estado. Também os keynesianos que exigiam a intervenção plena do Estado na vida econômica para assegurar pleno emprego, como se isso fosse perene. E sobre os fiscalistas que se amparam nas políticas fiscais para controlar a inflação, assunto muito em voga hoje. E muito menos marxistas, institucionalistas, ou pós-Keynesianos. Sempre a intervenção do Estado em discussão.

Escrever sobre economia é um debate que envolve inúmeras correntes de pensadores e estudiosos. Li certa vez, que num evento público em que se reúna quatrocentos economistas, há elevada possibilidade de que nenhum pensará igual. Pode ser um exagero, mas sempre uma possiblidade. Discutir aqui Teoria Econômica, em tese, serão propostas, mas com muitas dúvidas. Os pensadores são muitos, mas até agora ainda não se encontrou o melhor caminho para as economias enfrentarem e se afastarem da inflação. Uns conseguem se aproximar da perenidade, durante algum tempo, mas, teimosa, ela continuará a existir.

E exatamente por ser uma praga que apareceu a partir da criação da moeda em papel, principalmente, retirando lastros ou vínculos em preciosos metais, ela, a inflação, persiste no enfrentamento aos Ministros de Economia, notadamente. Já deu certo, inclusive na Europa a teoria keynesiana, após a segunda guerra mundial, e continua a influenciar governos. Porém a verdade é que hoje se usa tudo o que for possível, juntos e misturados, para se alcançar algum resultado. E não será o mais novo economista, o francês Thomas Piketty, com o seu pensamento constante de sua obra “O Capital no século XXI”, que se me parece, embora pretendido, talvez, não conseguirá inventar novos caminhos. Isto porque, sempre haverá uma argumentação ideológica nos salvadores do mundo. Pode ser certo isso, pode ser errado. Mas defende algo bastante concreto: a taxação das grandes fortunas seria o ideal? É possível, mas, como ficariam os paraísos fiscais, os grandes bancos com suas representações, as ofshores da vida, etc? Explicação simplista? Grandes fortunas, na maioria, são donos dos grandes bancos. As finanças dominam o mundo, em qualquer regime.

Então vamos para o trivial, para um relax, no dia-a-dia, porque minhas teses não salvarão o Brasil. Deixo isso para os PHD,s de Harvard, Princeton, Oxford, Yale, Cambridge. King’s College, Universidade de París, USP, UNB, entre outras não menos relevantes.

Visito sempre os mercados tradicionais para cotar preços de carnes, peixes e verduras; e também os modernos supermercados e atacadões. Tempos cada vez maiores de regulação do bolso. Os preços se contrapõem, com base na demanda e na oferta.

Mas nos supermercados, abastecidos quase que diariamente pelos enormes caminhões trem, os aumentos dos preços têm sido uma constante perigosa, para o aumento inflacionário e, lógico, para os nossos bolsos.  A cada estoque novo de leite, um preço; a cada olhar para as belas picanhas produzidas pelos, no caso, frigoríficos de grandes empresas na região, um novo preço. Uma picanha inteira, 87 reais. Devo ter visto errado; um filé, já vi de 117 reais, talvez porque estava sem óculos. No caso da Picanha, por exemplo, enormes, certamente com parte agregada que não é a picanha em si. Perguntei a um açougueiro de supermercado dia desses: Os preços aumentaram muito, hein? Resposta: Senhor, depois que os grandes frigoríficos exportadores regionais pararam de produzir para a região e preferiram a exportação para o sul, ou sabe-se lá para onde, o preço é esse mesmo. Obrigado, então veja um da terra. Preços mais baixos, porém acompanhando os aumentos. O pão acompanha.

Aos supermercados você tem que levar óculos. Tudo aumenta com rapidez, yorgut, manteiga, principalmente, derivados de leite em geral. O feijão nem se fala, e o arroz está seguindo o caminho. Os supérfluos nem tanto. Mas a sexta básica começa a não atender assim as necessidades do cidadão, pelo preço.

Observando consumidores como eu, uns com tablets, outros com celulares e alguns com a indefectível e mais comum, pranchinha: A reclamação é a mesma: Poxa, tudo aumenta aqui, não aguento mais! E no caixa, na hora de pagar, a dona de casa: –  vá colocando aí devagar que eu quero ver se consigo pagar. No final – a senhora não vai levar o que ainda está no carrinho? – não minha filha, a grana não dá, nem no cartão. Eu como todos dias, ainda, não posso gastar tudo de uma vez. O mês já está na metade.

O rondoniense, e a população da Amazônia ocidental estão mais do que certos quando criticam e assumem posições contra os frigoríficos. Os fretes são caros, e quem paga é o cliente. Qual o motivo desse aumento constante? O preço do diesel não aumenta todo tempo, há muito tempo. O frete, composição importante na formação dos preços, talvez não seja justificativa razoável.

Voltando aos supermercados, as maquininhas, iniciativa, penso, bem brasileira, não estão sendo utilizadas (por enquanto). Mas a criatividade empresarial inventou a redução do tamanho das embalagens. O preço não cresce e as vezes nem diminui, mas já é uma forma de atender o consumidor. Vendo embalagens de alguns yorguts diminuírem cada vez mais, eu imagino que qualquer dia perguntarei ao expositor: vocês agora estão vendendo tampinhas de yorgut? – sim, senhor, só para uma lambidinha porque não tem mais o que reduzir. Inflação controlada? No final de cada semana pergunto aos caixas: o seu salário é semanal ou mensal? Mesmo se for mensal você tem aumento todo mês? Alguns ingênuos perguntam por que? O economês dirá que isso alimentará a inflação, produzirá aumento de demanda e redução da oferta. No entanto os preços continuam subindo. O bolso ficando frouxo, e as embalagens diminuindo. Venda-me 10 gramas de coxão duro, rins ou fígado. Tem filé? – só pelo cartão de crédito, mas parcelado em dez vezes. E o camarão fresco? Esse o senhor consegue financiamento na mesa da frente, pelo Banco tal. O limite do seu cartão pode ser muito baixo. Mas como? Dez mil reais? Sem resposta senhor, não devo invadir sua   privacidade. Tente seu cartão, pode dar alguns gramas.***

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