O ENEM e os grandes temas da História: REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

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Industria_textil

Indústria têxtil século XVIII. Imagem D.P.

Tenho trabalhado com preparação para o ENEM há mais de quinze anos e passarei a utilizar este importante meio para fazer uma análise dos temas que mais são cobrados na prova, desde 1998. De todas as temáticas possíveis em HISTÓRIA, a Revolução Industrial é a mais recorrente. Sua importância é explicada devido as transformações sociais, políticas e econômicas advindas como consequências do processo de mecanização dos meios de produção. A Revolução industrial foi o conjunto de transformações socioeconômicas vividas a partir do século XVIII que alterou a antiga economia agrária e consolidou o capitalismo. Iniciada na Inglaterra, a Revolução Industrial alastrou-se para o resto do mundo nos século seguinte, provocando profundas mudanças sociais.

A Revolução Industrial mudou completamente o modo de produção de mercadorias, a forma de organização a força de trabalho, a relação entre capital e trabalho, e marca na história o domínio do homem sobre novas formas de energia aplicadas à produção industrial.  Inicialmente a máquina a vapor foi a tônica de fonte de energia para mover as máquinas. Depois o processo se intensificou com o domínio da eletricidade e dos motores a combustão interna movidos a derivados do petróleo, como a gasolina e o óleo diesel.

Revolução Industrial é cobrada para que os candidatos reflitam sobre o modelo de produção e a maneira pela qual o mundo se organizou. É a partir da Revolução Industrial que surge o capitalismo e consequentemente o mundo contemporâneo que conhecemos hoje. A Revolução Industrial promoveu uma série de mudanças tecnológicas que tiveram grande impacto na economia e também na vida humana. A instalação de fábricas nas cidades gerou um movimento de migração em massa para os núcleos urbanos – chamado de êxodo rural – cujo impacto é sentido até hoje.

A partir da intensificação dos processos fabris a Revolução Industrial contribuiu para a consolidação do que entendemos como o capitalismo moderno. Formaram-se ali de maneira clara dois novos grupos sociais: a burguesia industrial e o operariado. A burguesia industrial é a classe dos proprietários dos meios de produção, também denominados capitalistas. Dos donos das matérias-primas, das fábricas, das máquinas, dos bancos, das terras e de outros bens. Ela se apropria dos lucros gerados pelo aumento da produtividade proporcionado pelas novas máquinas, como define bem Marx,

A Burguesia, durante seu domínio de classes, apenas secular, criou forças produtivas  mais numerosas   e mas colossais que todas as gerações passadas em conjuntos. A subjugação  das  forças da natureza, as maquinas, a aplicação de química à indústria a à agricultura, a navegação a vapor, as estradas de ferro, o telégrafo elétrico, a exploração de continentes inteiros,  a canalização dos rios, populações inteiras brotando na terra como por encanto que século anterior teria suspeitado que semelhantes forcas produtivas estivessem  adormecidas  no seio do trabalho social. (Max, 1998, p15)

A Revolução Industrial acabou gerando uma série de problemas de ordem social, em especial a exploração dos trabalhadores operários nas fábricas. Estes trabalhadores, também chamados de proletários tinham que trabalhar muitas horas por dia, ganhavam salários baixos e viviam sob más condições. Este cenário fez surgir uma série de movimentos sociais contra a exploração do trabalho, além de doutrinas criadas como opção ao sistema capitalista explorador: o anarquismo, o socialismo científico, entre outros.

Os operários eram tratados com violência pelos chefes ou capatazes, sendo muitas vezes punidos com castigos físicos. A disciplina exigida nas fábricas era garantida pela vigilância de supervisores. Os patrões também instituíram prêmios para os operários mais disciplinados e multas para os descumpridores de horários e de outras normas.

Esta disciplina rígida foi possível através do uso dos relógios mecânicos. Os operários eram impedidos de entrar com relógios nas fábricas. Apenas o supervisor poderia avisar a hora de terminar o trabalho. Assim, o horário de entrada e de saída, o horário de almoço e o tempo gasto para realizar as tarefas produtivas eram controlados pelo relógio.

As consequências da revolução industrial foram múltiplas, pontuamos algumas. A primeira e, talvez a mais drástica, foi a concentração da mão de obra. Em outras palavras, as grandes indústrias atraíram e empregaram pessoas que se tiveram que deslocar para junto delas. Daí o surgimento das megalópoles, com todos os problemas de habitação e de tráfego, pela necessidade de locomoção em massa.

A segunda consequência foi o esfacelamento da família. Até aí a família constituía o local de trabalho. Todos os seus membros atuavam juntos, quer no artesanato, quer na agricultura. A era industrial os dispersou por muitos lugares de trabalho. Seus membros se encontram cada vez menos, muitos desses aspectos são objetos de análises no ENEM através e caricaturas e textos.

A terceira consequência foi a criação de uma nova classe social, conhecida com o nome de proletariado. Foi a época em que Karl Marx lançou seu Manifesto Comunista, sob a égide da foice e do martelo, ou seja, considerando o trabalho humano exclusivamente na perspectiva da produção material: da extração e da transformação de bens materiais, respectivamente, na agropecuária e na indústria, reconhecidas como setor primário e secundário da produção. Tira-lhe a espiritualidade.

A quarta consequência foi a nova visão do homem, não mais como membro de uma família, mas como indivíduo diante do Estado. Daí as duas grandes ideologias a se digladiarem: a primeira enfatiza o indivíduo, com sua liberdade. Recebeu o nome de liberalismo. A segunda privilegia o Estado. Concebe o homem como peça no todo, sob o nome de socialismo.

A quinta consequência é o artificialismo da vida. O homem perde o contato com a natureza. Sente-se obrigado a seguir o ritmo da máquina, que ele mesmo inventou. É escravo da máquina e do tempo. Tudo se mecaniza, mercantiliza e artificializa, cronometra, inclusive o trabalho. Bons estudos!

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